Cena Política

Sobre o poder das cadeiras, os cargos e as alianças no Recife e em Brasília

Confira a coluna Cena Política deste sábado (29)

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 28/07/2023 às 21:00
Diogo Zacarias / Ministério da Fazenda
Ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad - FOTO: Diogo Zacarias / Ministério da Fazenda

O PT de Pernambuco está em um movimento claro de reavaliação de seu tamanho e de sua importância no cenário político regional. As falas recentes de Humberto Costa (PT), que se entendeu serem direcionadas ao PSB, são exemplos disso.

O senador tem dado frequentes declarações de empoderamento da sigla que nos últimos anos tinha se resignado ao papel de satélite do PSB estadual. Ele não afasta a possibilidade de entendimento, mas deixa claro que não vai se contentar em ser coadjuvante.

Oportunidade 1

O Partido dos Trabalhadores em Pernambuco perdeu uma oportunidade grande depois que Lula foi presidente em seus dois primeiros mandatos.

Após governar o Recife por 12 anos, acreditando que poderiam se dar ao luxo de brigar internamente, o partido se desorganizou e esqueceu de olhar para fora de seus muros. Eduardo Campos aproveitou o vácuo e lançou Geraldo Julio (PSB).

Oportunidade 2

Daí em diante, os petistas sempre tinham candidato à prefeitura, mas nunca alcançavam êxito. As candidaturas petistas na capital serviram mais como “bloqueio” à direita e ao centro, beneficiando o partido de Eduardo, do que ameaça ao PSB. Tanto que depois da eleição, sempre voltavam ao guarda-chuva socialista nas gestões.

A ideia, ao que parece, é aproveitar Lula no poder outra vez para mudar isso.

Potencial

A conjuntura é diferente, com o governo do estado comandado por Raquel Lyra (PSDB), adversária do PSB, e com Lula na presidência outra vez.

A negociação entre os petistas e João Campos tende a ser completamente diferente do que já foi em outros anos.

Isso se o PT, dentro de suas peculiaridades e dificuldades de entendimento interno, conseguir perceber o próprio potencial.

Mau sinal

Quando Simone Tebet (MDB) engole sua relutância e declara que não tem problema nenhum em aceitar o novo presidente do IBGE, imposto pela ala mais radical do PT, com o aval de Lula (PT).

Começa a fazer o que fez Paulo Guedes, ex-ministro da Fazenda, quando Bolsonaro pegou todas as ideias liberais que ele defendia e jogou na lata do lixo. No fim, ambos acreditam que é melhor se manter na cadeira para controlar os danos do que pedir demissão, chutar o balde e espalhar a sujeira.

É compreensível, mas preocupa.

Expectativa

Preocupa porque Paulo Guedes foi o fiador de um modelo de economia liberal que era repetido por Bolsonaro (PL) durante a campanha de 2018, como se fosse um papagaio (mal) treinado e que baseou a confiança de vários setores da sociedade na visão de mercado que ele apresentava.

O “posto ipiranga” foi o motivo pelo qual muitos fecharam os olhos para as bisonhices do então candidato. A execução de um modelo liberal era aguardada com expectativa.

Realidade

A única coisa que Guedes não havia explicado a Bolsonaro sobre o modelo liberal na economia foi que ele reduz a influência do governo na rotina financeira e de assistência ao cidadão. Reduz o poder do governo.

E, assim que o presidente Jair entendeu isso, o ministro Paulo Guedes se tornou apenas um nome, uma história e um discurso, tão vazios quanto podem ser os nomes as histórias e os discursos de quem não tem personalidade para ser maior que o próprio cargo.

Fingindo

A imposição de um nome que Simone Tebet não queria, para comandar um órgão estratégico em relação às políticas públicas, feita por uma ala petista que trabalha diuturnamente para enfraquecer a equipe econômica com medo de que seus integrantes (Tebet e Fernando Haddad) cresçam politicamente é um mau sinal.

Mas o pior sinal é dado pela própria Tebet (e por Haddad), ao fingir que está tudo acertado e tudo bem. Quando nos bastidores se sabe que não está.

Pequeno passo

Pode ser uma pequena concessão ainda, dentro de um objetivo bem maior. Mas é um sinal ruim. Com Guedes também começou aos poucos, com pequenas concessões.

E, em pouco tempo, um ministro desenvolvimentista nem mais lembrava que um dia foi liberal em alguma medida.

Que não se repita.

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