Cena Política

Se a ponte tem as bases rachadas todo mundo atravessa de barco

Confira a coluna Cena Política desta quarta-feira (16)

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Igor Maciel

Publicado em 15/08/2023 às 20:00
Análise
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Sobre a possível concessão ou privatização da Compesa, os deputados estaduais João Paulo Lima (PT) e Izaias Regis (PSDB) protagonizaram uma sequência de falas acerca do assunto durante o Debate, na Rádio Jornal.

A parte mais curiosa foi quando o petista afirmou que nenhum representante do Palácio do Campo das Princesas havia ido à audiência pública que tratou do assunto. Até aí tudo bem, porque não havia obrigação da presença.

O problema foi o colega, que é líder do governo, dizer depois que nem ele mesmo é recebido pelos secretários (veja mais detalhes a seguir nesta edição, em reportagem de Mirella Araújo).

Calendário curto

Se depender dos deputados, vereadores e senadores nesse país, os secretários estaduais, municipais e ministros teriam que passar o dia inteiro recebendo parlamentares para tomar cafezinho e ouvir os pedidos deles.

Com 49 deputados na Alepe, por exemplo, seria preciso cada secretário receber entre dois e três deputados por dia para resolver isso de segunda a sexta. Não sobraria tempo para mais nada.

Por isso, os deputados não serem recebidos com frequência até dá pra entender. Mas até o líder do governo? 

Líder prefeito

Izaias Regis foi um bom prefeito em Garanhuns, tanto que foi reeleito em 2016 e, hoje deputado, ainda tem boa avaliação para um retorno à gestão municipal em eleições futuras. Mas a postura como líder tem sido dificultada exatamente por essa intenção de voltar a ser prefeito.

Ele já foi alvo de reclamações governistas nos bastidores e até de ironia da oposição. Um colega deputado, do PSB, já chegou a dizer que quando alguém atacava o governo Raquel, no início da gestão, Regis ia à Tribuna falar como ex-prefeito de Garanhuns e não como representante do Palácio.

Ponte frágil

Se é verdade que os secretários não estão recebendo o líder do governo, algo está errado nesse relacionamento.

Quando os secretários e a governadora precisarem aprovar projetos na Alepe, o líder do governo é a ponte mais óbvia, curta e reta para alcançar um resultado.

Se as duas bases de uma ponte não estiverem bem estabelecidas, ninguém atravessa em segurança. Sem uma ponte sólida, cada deputado compra o próprio barquinho e em pouco tempo vai faltar espaço no rio.

É Marília

Também presente ao Debate, o deputado Lula Cabral (SD) defendeu que o nome do partido dele para o Governo do Estado em 2026 e até, se for o caso, a prefeitura do Recife em 2024 é o da ex-deputada Marília Arraes (SD).

É Marília?

Falta Lula Cabral combinar com o restante da sigla em Pernambuco e com aliados importantes para o projeto. Entre estes um outro Lula, aquele que é presidente da República.

Marília foi isolada pelo PT local e isso enfraqueceu sua proximidade com o líder petista que foi seu maior cabo eleitoral nas duas últimas eleições.

Prioridades

Como a prioridade estadual do PT é Humberto Costa, a não ser que o SD invista numa dissidência federal, Marília é um nome ainda pouco provável para 2024 ou 2026. A ver.

Ainda existe?

Para cada visita internacional que a governadora Raquel Lyra (PSDB) recebe no Palácio é divulgada alguma notícia sobre ela ter discutido com os embaixadores e representantes de consulado sobre o programa “Ganhe o Mundo”. A última foi a embaixadora da Espanha no Brasil, na segunda-feira (14).

A informação suscita o questionamento: o programa ainda existe?

Suspenso

O Ganhe o Mundo foi criado nos governos do PSB, mas terminou suspenso após medida cautelar do TCE em 2019. Numa reportagem recente do Jornal do Commercio, o governo explicou: “Essa suspensão perdurou nos anos seguintes até ser realizada em 2022, pelo TCE, uma auditoria especial para apurar supostas inconsistências contidas no processo da gestão anterior".

Este ano, não

Ainda de acordo com o governo, já em 2023 o TCE emitiu um parecer determinando a anulação do processo licitatório realizado e a necessidade de uma nova licitação para o retorno das atividades do programa.

Foi aí que se resolveu: o programa Ganhe o Mundo, que leva estudantes da rede pública para intercâmbio no exterior, só volta em 2024.

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