Cena Política

Os corruptos parecem os mesmos, só estão cada vez menos inteligentes

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Igor Maciel

Publicado em 18/08/2023 às 21:00
Análise
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A informação de que o tenente-coronel Mauro Cid resolveu confessar seus crimes e que pode apontar para Jair Bolsonaro (PL), afirmando que estava só cumprindo ordens, é apenas um caminho natural e esperado de toda essa novela de mau gosto.

Todas as descobertas nos episódios recentes provaram que havia tão pouca inteligência ocupando os corredores do poder Executivo nos últimos anos que só mesmo um centrão de interesses poderia ter mantido a República, como manteve, até o fim do mandato.

Como sempre, mas pior

Caso faça mesmo isso, Mauro Cid vai apenas confirmar o que já se percebeu, apenas com os relatos anteriores. Se ficar provado o que está quase sendo confessado, teremos a constatação de que nossos governos evoluíram estranhamente.

Antes, com mensalões e petrolões, havia os corruptos. No governo Bolsonaro, os corruptos parecem ter desenvolvido uma inovação: a burrice.

Se Lula podia, ao menos, defender-se dizendo que nunca assinou escritura de sítio em Atibaia, por exemplo. A trupe bolsonarista assinava recibos e aparecia em reflexo de fotos nos anúncios de vendas ilegais.

É quase cômico, mas não é. Resta saber se eles estão ficando mais burros porque a fiscalização ficou mais branda (o mais provável) ou se o problema é cognitivo mesmo.

Mau exemplo

Como em toda categoria, e com as Forças Armadas não é diferente, uma maioria honrada acaba sendo prejudicada por figuras ignóbeis a quem se permitiu usar as mesmas fardas e patentes.

As Forças Armadas conseguiram sair de um período de regime militar para serem admiradas no decurso do regime democrático nos anos seguintes. É um feito incrível.

E atrapalhar isso já deveria ser motivo para aumentar a punição aos envolvidos.

Compesa vai

Nas discussões sobre o governo Raquel Lyra (PSDB) privatizar ou não a Compesa, primeiro é preciso avisar ao líder do governo, o deputado Izaias Regis (PSDB), que a ideia está em planejamento, sim. Já que ele vem dizendo que isso é “boato”.

Está no BNDES, num estudo técnico, ao custo de R$ 16 milhões, como o Blog de Jamildo mostrou há alguns dias. A especificação por lá é “desestatização”. Nenhuma dúvida nisso, o plano existe e está especificado, inclusive, com o modelo “Brownfield”, que indica o tipo de negociação que seria feita.

Datas definidas

O cronograma de execução, no BDNES, tem até datas definidas para cada etapa. A previsão é de uma consulta pública logo após a finalização do projeto, no segundo trimestre de 2024.

A aprovação pelos órgãos de controle está prevista para o terceiro trimestre de 2024, o edital e o leilão no final do ano. O período esperado já para a assinatura do contrato é o primeiro trimestre de 2025.

Pode ser suspenso, pode não acontecer no prazo, tudo pode ocorrer daqui até lá. Mas o estudo está sendo feito.

Modelo de venda

O modelo Brownfield, indicado no projeto do BNDES, é quando uma empresa assume um tipo de serviço ou empreendimento aproveitando a estrutura que já existe, com a obrigação de promover melhorias especificadas no contrato.

É diferente de um modelo Greenfield, quando o serviço precisa ser implantado do zero. A especificação no estudo do BNDES, que fala em abastecimento, saneamento e aponta para o modelo Brownfield é um indício claro de que a Compesa, com toda a sua estrutura, será vendida ou arrendada de alguma maneira para a iniciativa privada.

O que é, a priori, uma ótima notícia.

Neutra

Quando acertou a ida do PSD para a base do governo, garantindo a secretaria de Cultura para Cacau de Paula (PSD), Raquel Lyra (PSDB) garantiu também uma alternativa caso precise trocar de partido num futuro próximo. A posição neutra da sigla facilita muito caso as polarizações continuem fortes no país.

Volta

Raquel também deu uma “volta” em Marília Arraes (SD) e em Miguel Coelho (UB). Houve conversa deles com o PSD para possíveis migrações, mas a negociação não evoluiu. Vale dizer que Marília, há alguns anos, já recebeu convite para sair do PT e ir para o PSD. Na época, ainda em 2019, ela não topou.

Depois, André de Paula (PSD), ministro da Pesca e que preside a sigla em Pernambuco, foi candidato ao Senado na chapa de Marília em 2022.

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