Cena Política

Usuários do metrô não são marcianos, eles vivem nas cidades e prefeitos estão mudos

Confira a coluna Cena Política desta quarta-feira (23)

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Igor Maciel

Publicado em 22/08/2023 às 20:00
Análise
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Aconteceu na época em que prédios estavam desabando e acontece agora com o Metrô do Recife. Nessa discussão sobre o fim de mundo que é o sistema ferroviário da Região Metropolitana, alguém sabe dizer onde estão os prefeitos?

Até um marciano

Não deveria ser necessário, mas é preciso lembrar: os trilhos do metrô estão instalados no chão, não no espaço. Esse chão é responsabilidade dos municípios, como também é o transporte de seus cidadãos. Esses cidadão, inclusive, são os usuários do metrô.

Quem anda apertado dentro dos vagões é morador do Recife, de Jaboatão, de Camaragibe e do Cabo de Santo Agostinho. Mesmo que alguém fosse morador de Marte, o fato de ser marciano não tiraria dele o direito de ter um bom transporte público e não diminuiria a responsabilidade dos prefeitos.

Não se escondam

Em 2024 tem eleição municipal para todas essas cidades. O que se vê são os prefeitos fugindo do assunto metrô, preocupados com a publicidade negativa.

A questão é que as dificuldades, como foi visto pela comissão de parlamentares que passeou de trem esta semana, não dão espaço para que ninguém se esconda. Muito menos se forem gestores públicos.

Coisa de 5ª série

O baixo nível da discussão numa reunião da Executiva Nacional do Cidadania, esta semana, jogou holofotes sobre um problema sério da democracia brasileira: os partidos políticos com dono. Roberto Freire é dono do Cidadania, como Valdemar Costa Neto é dono do PL, Carlos Lupi é dono do PDT, como Eymael é dono do Democracia Cristã (DC), Marcos Pereira é dono do Republicanos, Kassab é dono do PSD e Bivar é dono do União Brasil, só para citar alguns que não fazem nenhuma questão de esconder o estilo “la democracia soy yo” bolivariano que rege suas decisões partidárias.

Um dono

Roberto Freire, alvo específico da representação vergonhosa, reprovável até para uma quinta série do ensino fundamental, que todos viram e ouviram na reunião do partido, é o dono da sigla desde os primórdios, quando ela ainda se chamava PPS.

São mais de 30 anos controlando verbas públicas através dos fundos eleitoral e partidário devidos, decidindo quem pode e quem não pode ser candidato, além de definir os rumos da sigla.

Sem ideias

O formato de propriedade dos partidos que dão suporte à democracia representativa é um dos fatores que afastam a população e fazem com que as siglas estejam nas últimas colocações quando se pesquisa o nível de confiança dos brasileiros nas instituições.

Na última pesquisa Quaest sobre os partidos políticos, só 4% dos entrevistados dizem confiar neles. Nesses grupos, a prioridade é discutir projetos de poder, nunca ideias.

Por poder

Para perceber que o único objetivo dos partidos brasileiros é dar suporte a projetos de poder, basta prestar atenção na infantil aglomeração de xingamentos que foi a reunião da Executiva Nacional.

Tenta-se tirar Roberto Freire para poder alinhar o Cidadania com o governo Lula (PT) e com Arthur Lira (PP). Não porque alguma convicção ideológica aponta neste caminho, mas pela oferta de espaços de poder e emendas aos deputados.

Constrangido

É preciso notar a postura do ex-senador Cristovam Buarque na confusão. Quem observar além dos xingamentos vai perceber o constrangimento do pernambucano que é também ex-ministro e ex-governador do DF.

Filiado ao Cidadania desde que ele se chamava PPS, Cristovam transpareceu o incômodo com o nível da discussão e acabou representando todos os cidadãos educados que acabaram assistindo aquilo.

Medalha

O prefeito da cidade de Vitória de Santo Antão, na zona da mata pernambucana, Paulo Roberto Arruda (MDB), será o primeiro pernambucano a receber a Medalha Amigo da Primeira Infância, em reconhecimento às ações em prol do desenvolvimento infantil no município.

A cerimônia de entrega da medalha será no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, na quarta-feira (23), na véspera do Dia da Infância, celebrado em 24 de agosto.

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