O que realmente deveria ser discutido no caso da Operação Lava Jato
Confira a coluna Cena Política desta quinta-feira (7)
As discussões em torno da decisão do ministro Dias Toffoli sobre a Operação Lava Jato são bem características do tempo que o brasileiro perde discutindo o que não leva a lugar nenhum enquanto ignora seus problemas reais.
Atacar ou defender a Lava Jato é comparável a lançar um fórum para discutir se o Muro de Berlim é algo bom ou ruim, assim, no presente.
O Muro e a Lava Jato não precisam ser defendidos ou atacados. As razões em torno da existências deles é que merecem reflexão.
Amplitude
O que deveria estar sendo discutido não é se a Lava Jato estava certa ou errada, mas se o sistema jurídico brasileiro está corretamente organizado para garantir o direito à ampla defesa de todos os cidadãos, independente de viés partidário, posição social, institucional ou capacidade financeira.
Todos?
O que deveria estar sendo discutido é como um sistema judiciário inteiro teceu loas, por anos, às investigações e às decisões originadas de uma operação que agora se diz ter sido toda forjada, forçada e repleta de desrespeitos às leis e baseada na subversão de provas.
Os ministros da mais alta corte do país foram enganados?
Destroços
E este texto não é para defender a Lava Jato. Com o uso político que foi feito da força tarefa, independente de ter agido corretamente ou não, ela perdeu toda a credibilidade possível e merece os destroços em que se transformou, junto com o Muro que já dividiu o mundo.
Totó
O problema é que a posição de Toffoli, representando o STF como representa, é comparável a de alguém que criou um hipopótamo em casa, chamando ele de “Totó”, e depois que o bicho atacou todo mundo dentro de casa ele declara que “a culpa é do Totó, por ter se comportado como se fosse um hipopótamo”.
Hipopótamo
Para muitos políticos que apoiavam a Lava Jato e agora a renegam, enquanto o Totó afastava os inimigos estava tudo bem ter um Hipopótamo na sala. Ele só deixou de ser o “Totó” e virou algo “inadequado” quando tentou morder as visitas. É difícil de acreditar que isso também tenha acontecido no Supremo Tribunal Federal.
Avaliação
Se a Lava Jato fez tudo o que o ministro Dias Toffoli diz que ela fez e, ainda assim, conseguiu prender um ex-presidente da República com a anuência da corte suprema do país, que votou sobre a questão na época e praticamente autorizou a prisão, a discussão precisa ser sobre a capacidade de avaliação dos ministros para perceber a consistência jurídica das matérias que eles votam, e não se você é contra ou a favor da Lava Jato.
Saindo
O ex-senador Armando Monteiro anunciou sua saída do PSDB. Ele foi um dos grandes entusiastas da candidatura da governadora Raquel Lyra (PSDB) e sempre a defendeu durante a campanha. Na reta final houve um afastamento, mas o ex-senador nunca chegou a reclamar publicamente.
Atuando
Hoje, Armando atua junto à CNI e tem trabalhado muito nas articulações referentes à Reforma Tributária. A saída dele do partido já era esperada.
Na nota, Armando fez questão de manter suas pontes com Raquel: “...manifesto a minha expectativa de que as nossas relações e compromissos políticos possam transcender aos estreitos limites partidários”