O ministro emocionado, a lealdade reconhecida e a infertilidade na política
Confira a coluna Cena Política deste sábado (16)
O ministro Silvio Costa Filho (Republicanos) deu sua primeira entrevista após assumir o cargo para o programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, e se emocionou no momento em que agradecia ao presidente Lula (PT) pela oportunidade. Lembrou do avô, que era cortador de cana, e prometeu que iria “retribuir com muito trabalho”.
Vai voar?
Entre as maiores expectativas desse trabalho está o tal programa “Voa Brasil”, que o ex-ministro Márcio França (PSB) anunciou sem combinar com o próprio governo, depois chegou a mencionar alguns detalhes, mas nunca avançou.
Silvio lembrou que o projeto nunca foi apresentado realmente e ainda está em estudo no ministério, para ser oficializado no futuro.
Ele se comprometeu a baixar passagens aéreas no país e melhorar a estrutura de aeroportos em vários estados, inclusive os regionais de Pernambuco, como Serra Talhada e Caruaru.
Lealdade…
Silvio Filho foi quem construiu seu caminho até o ministério, isso ninguém pode tirar dele, mas é preciso lembrar que o gesto acaba fazendo um pouco de justiça ao pai do novo ministro, Silvio Costa (Republicanos).
Quando deputado federal, durante o processo de impeachment entre 2015 e 2016, ele foi um verdadeiro “cão de guarda” da presidente Dilma Rousseff no Congresso. Defendeu a petista mesmo quando ela não tinha mais qualquer chance de se manter no cargo e estava já abandonada até pelo próprio PT.
…reconhecida
Dois anos depois, em 2018, tentou o apoio do PT para ser candidato ao Senado em Pernambuco e foi praticamente ignorado, tratado como aliado não prioritário pelos petistas. Andou bastante magoado por conta disso, mas superou.
Somente depois que Lula saiu da cadeia, o reconhecimento pela lealdade começou a aparecer. Hoje Silvio Costa é o primeiro-suplente da senadora Teresa Leitão (PT) e tem andado orgulhoso com o filho ministro.
Divisão persiste
Mais da metade da população brasileira ainda está dividida na artificial dicotomia entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL). O Datafolha mostrou esta semana que 29% dos eleitores brasileiros se dizem petistas e 25% dizem que são bolsonaristas.
O simples fato de você classificar a si mesmo como parte dessa falsa bifurcação política já é indício de que as perspectivas andam limitadas no país, mas é triste que ainda sejam 54% porque é a constatação de que não há alternativas postas até hoje.
Não surge ninguém
Nos últimos 10 meses, desde que a eleição terminou, já tivemos Lula submetido às rejeições naturais do cargo e às dificuldades que ele mesmo cria para si com as bobagens que repete feito metralhadora.
Tivemos Bolsonaro apontado como envolvido em crimes das mais diversas gravidades. O ex-presidente é investigado em ações que vão de falsificação de documento até golpe de estado, passando por transporte de “muamba” em avião oficial.
Mesmo assim, não surge ninguém como algo novo para o futuro.
A impressão é que jogaram algumas toneladas de sal na política nacional. Não nasce nada que empolgue o eleitor para sair da escolha entre opções ruins no futuro.
Olhai os EUA
O risco é acabar igual aos EUA. O país escolheu Joe Biden para se livrar de Donald Trump. Biden fez um governo tão sem resultados que os eleitores sentem a necessidade de mudar outra vez.
E qual a única alternativa viável até agora? Donald Trump.