O secretário de Turismo de João Campos e o PT decidindo estratégias para 2024
Confira a coluna Cena Política desta terça-feira (26)
A volta da família Coelho de Petrolina para o ambiente do PSB era algo aguardado já há algum tempo pelos socialistas. Corria o ano de 2021, quando Fernando Bezerra Coelho (MDB) era senador e líder do governo Bolsonaro (PL) em Brasília, e um auxiliar do prefeito João Campos (PSB) comentava à coluna a possibilidade de o grupo migrar de volta com a intenção de garantir a reeleição do patriarca ao Senado.
Não aconteceu na época, mas as portas já estavam abertas desde então.
Muito capaz
O novo secretário de Turismo, que passa a integrar os quadros da prefeitura do Recife, é de uma capacidade singular.
Antônio Coelho (UB) tem perfil discreto, mas possui formação internacional e amplo conhecimento de administração pública. A tendência é que faça um grande trabalho em qualquer posição que ocupe.
Mais fatias
A ida dele para a gestão de Campos, porém, pode acentuar a desunião no União Brasil em Pernambuco. O presidente municipal do partido é Mendonça Filho, que não deve aderir a João.
O presidente nacional é Luciano Bivar, que já apoia João e tem espaços na gestão, mas não se entende com Miguel Coelho. A sigla era dividida em duas, agora pode se dividir em três.
Miguel
No anúncio, embora o nome da governadora Raquel Lyra (PSDB) não tenha sido citado, falou-se bastante nela. Miguel nunca escondeu de ninguém o descontentamento por ter sido um apoiador de primeira hora no segundo turno de 2022 e nunca ter tido oportunidade de contribuir para o novo governo.
Indireta
A relação ficou ainda mais distante depois que, no discurso da diplomação, Raquel falou do que tinha aprendido com Eduardo Campos: “...é preciso deixar os projetos pessoais de lado, não é Miguel? E focar no coletivo”.
A referência ao nome do ex-prefeito foi imediatamente entendida por todos como indireta na época.
Não é
O senador Humberto Costa (PT), que coordena o grupo de trabalho eleitoral dos petistas em Pernambuco, negou que Mozart Sales seja o nome da sigla para ocupar a vice de João Campos (PSB).
Mozart esteve presente durante uma entrevista do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, ao Passando a Limpo, na Rádio Jornal e foi citado pelo entrevistado.
Sem nomes ainda
Depois, o ex-diretor da Hemobrás e ex-coordenador do Mais Médicos esteve na visita de Gleisi Hoffmann (PT) ao Recife. O nome dele já vinha sendo mencionado por petistas da direção nacional, nos bastidores, e muitos blogs locais absorveram a sugestão. Humberto Costa garante que isso nem foi cogitado pela direção estadual e municipal e, fora isso, o PT ainda nem definiu qual será a estratégia para 2024 no Recife. “Nomes só serão discutidos na última fase do processo. Não chegamos lá ainda”, explicou.
Clima
No PT local, o nome de Mozart não é bem recebido. Pelo contrário, há quem queira distância da ideia. Um membro da direção municipal explicou à coluna que ele "não tem vivência partidária local e uma indicação dessas seria interferência indevida no trabalho do PT no Recife e geram um clima ruim".
A nova chefe de gabinete
Uma preocupação grande ronda algumas pessoas no PT e entre os ministros: a interferência de Janja na agenda de Lula (PT) durante os próximos dias.
O presidente vai passar por uma cirurgia e deve ficar em repouso para a recuperação. O temor é que a primeira-dama crie ainda mais problemas do que o habitual, controlando o acesso de quem precisar despachar com o chefe do Executivo.
Normalmente, chefes de gabinete são a barreira mais complicada para quem precisa de uma audiência. No Planalto essa barreira é a esposa do presidente.
Deixa o chuchu trabalhar
A ideia de Lula passar por uma cirurgia e continuar despachando, aliás, é uma questão que vem sendo muito debatida nos bastidores. Há quem ache desnecessário o sacrifício quando se tem um vice como Geraldo Alckmin (PSB), que poderia dinamizar as decisões e consultá-lo quando necessário.
Além da experiência, Alckmin carrega outra vantagem: não tem Janja na porta.