Cena Política

Um pouco sobre engenharia de pontes para resolver a relação entre Palácio e Alepe

Confira a coluna Cena Política desta quinta-feira (19)

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Igor Maciel

Publicado em 18/10/2023 às 20:00
Análise
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A derrota do Governo Raquel Lyra na Alepe, mais uma, dessa vez na derrubada de vetos da governadora, demonstra uma dificuldade de articulação que não se via há muito tempo entre o Legislativo e o Executivo.

Conversando com uma fonte, este colunista ouviu que era difícil avaliar o trabalho da Casa Civil atualmente se fosse para comparar com o que foi feito pelo ex-secretário da pasta, José Neto.

Usar o ex-auxiliar de Paulo Câmara como exemplo de sucesso nesse ponto é justo, mas é um argumento curioso.

Exemplo

O curioso é porque José Neto, secretário da Casa Civil no governo Paulo Câmara, foi visto com desconfiança logo que assumiu. Não era político, não era da articulação institucional e sempre atuou mais na área administrativa. Pouca gente acreditava no sucesso dele.

De repente, virou o principal responsável pela relação entre Executivo e Legislativo. Chegou a ser cotado seriamente para candidato a governador. E, quem diria, é lembrado com saudade.

Margens da ponte

O governo Paulo Câmara teve tantos problemas que a rejeição do governador ao fim da gestão era algo completamente natural, mas a relação com o Legislativo funcionava bem. Qual o segredo? É que havia confiança na ponte que liga o Palácio do Campo das Princesas à Alepe.

Na margem que beira o Palácio do Governo estava José Neto e do outro lado estava Isaltino Nascimento (PSB), como líder da base entre os deputados. Funcionava.

Por mais firme que a infraestrutura, nas bases da construção, e a mesoestrutura (parte superior do complexo) sejam firmes, formando a chamada "superestrutura", uma ponte precisa ter viadutos de acesso confiáveis para cumprir seu papel. Você só entra nela se souber que vai conseguir sair do outro lado.

Ponte frágil

Isaltino, que não se reelegeu, tinha seu jeito para resolver as coisas, era popular entre os colegas e possuía a confiança de todos quando queriam reclamar algo ou fazer chegar algum recado ao Palácio. Sabiam que ele estava lá pelo governo, mas representava os deputados.

Não por acaso, sem a reeleição em 2022, assumiu a superintendência-geral da Alepe em 2023. E está lá, trabalhando até hoje.

Os deputados confiavam na ponte porque havia duas margens firmes. Hoje, eles estão preferindo atravessar de barco.

E o barco, pelo jeito, só carregou dez deputados para essa última votação. É 20% da Casa. Muito pouco.

Jogo

Quando há uma articulação bem feita entre Executivo e Legislativo, quando a ponte é completa, vetos e derrubadas de vetos são obra de consenso e não de atritos ou desconfiança.

Faz parte do jogo quando os deputados aprovam algo sabendo que será vetado ou quando derrubam um veto previamente combinado com o governo. Faz parte do discurso político.

Mas tudo precisa ser acertado previamente, priorizando o zelo pelo contribuinte e a estabilidade administrativa. No caso da derrota sofrida pelo governo, os vetos não foram combinados com os deputados e a derrubada foi combatida pelo governo. Está tudo errado.

E qualquer engenheiro vai concordar: quando uma ponte não inspira confiança em ninguém, é preciso reformá-la com urgência.

Pernambucanos

Os defensores públicos do Estado, Clodoaldo Battista, Rafael Bento, José Inaldo Cavalcanti e Fátima Meira serão agraciados, nesta quinta-feira (19), com o Título de Cidadão Pernambucano, em sessão solene na Assembleia Legislativa.

A proposição é dos ex-deputados estaduais Tony Gel, Fabíola Cabral, Alessandra Vieira, Dulci Amorim e Eriberto Medeiros (hoje deputado federal).

O evento está marcado para às 18h

Presente

A governadora Raquel Lyra (PSDB) confirmou presença na abertura da Fipagri, nesta quinta-feira (19), às 16h. A feira é realizada pelo Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), em sua sede, no Bongi.

Durante os três dias do evento, que será aberto ao público, estarão distribuídos em 200 stands mais de 500 itens feitos com produtos da agricultura familiar. Entre as iguarias, os visitantes da Fipagri irão encontrar carpaccio de polvo, geleia de mandacaru, óleo de gergelim, café de açaí, cajuína, feijão crioulo, queijos de leite de cabra, além de hortaliças, polpas de frutas, compotas, entre outros.

O funcionamento da feira, que vai até sábado (21), será das 10h às 20h.

 

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