É preciso amar o presidente Lula. Se não for amado, ele faz bobagem

Lula (PT) quer gastar. Todo mundo já sabia disso, porque em seu terceiro mandato presidencial ninguém esperava que o presidente fosse se transformar, agora, em um gestor que privilegie a responsabilidade fiscal contra o gasto populista mais rasgado. Esqueçam, pois essa possibilidade nunca existiu.

O motivo para Lula estar ordenando que seus ministros “gastem dinheiro” (foi o que ele fez na última reunião com a equipe) é que a popularidade dele está caindo.

Então, senhoras e senhores, pelo bem do dinheiro suado do contribuinte, amem o Lula!

Populista

A única forma de convencer um populista de que ele precisa fazer a coisa certa é garantindo que ele seja idolatrado pela coisa certa. Convoquem batalhões de “respondedores” de pesquisas de opinião e, por favor, os façam dizer que “amam o Lula quando ele cuida do dinheiro do país”.

Pode ser a única saída para não nos metermos numa aventura fiscal como as que já nos metemos no passado e que fizeram o Brasil dar voos curtos de prosperidade seguidos de longas caminhadas sob o sol forte das crises.

Prisão

Nada define melhor Lula do que o motivo pelo qual ele foi preso durante a ditadura militar (a primeira prisão, nos anos 1970). Não foi por tentar fazer revolução, derrubar o governo da época ou coisa do tipo. Quem fazia isso era Dilma Rousseff.

Na verdade, Lula foi preso porque conseguiu fazer com que todas as reivindicações da greve geral que organizava no interior de São Paulo fossem atendidas e, mesmo assim, se recusou a dizer aos metalúrgicos que eles podiam se desmobilizar.

Ele continuou a greve, mesmo com todos os pedidos atendidos, para continuar sendo o centro das atenções na época.

Confissão

Lula chegou a dizer ao então amigo Fernando Henrique Cardoso, que ia encerrar o movimento porque os pedidos tinham sido atendidos, o grupo tinha sido vitorioso, mas quando viu o público do palanque apoiando ele, querendo lutar, não conseguiu mandá-los de volta ao trabalho, mesmo não tendo mais pelo que lutar.

Ser amado sempre foi a prioridade para Lula, mesmo que comprometa as contas, seja preso, quebre a economia. O importante é ser amado.

Bilhões para torrar

A solução, portanto, é fazer com que Lula seja idolatrado antes que os ministros consigam gastar os mais de R$ 20 bilhões que estavam parados nos ministérios, enquanto a equipe econômica do governo tentava organizar as contas.

A ordem para gastar o dinheiro veio depois que as pesquisas de opinião começaram a mostrar que a avaliação do governo não está se mantendo nos níveis altos que o presidente acha adequado. Os ministros que ficam mais próximos (outra vez temos Rui Costa, da Casa Civil) apontaram ao presidente que a popularidade estava em baixa porque não estão fazendo obras.

Lula concordou e mandou abrir os cofres.

Amem o Lula

As frases utilizadas pelo presidente na reunião, direcionadas aos auxiliares, inclusive Haddad, dão uma dimensão clara do objetivo presidencial: “Eu sempre digo que para quem está na Fazenda dinheiro bom é dinheiro no tesouro. Para quem está na presidência, dinheiro bom é dinheiro transformado em obras”.

E completou: “Se os ministérios forem bem, o Brasil vai bem, o governo vai bem, eu e o Alckmin vamos bem. Se vocês não fizerem direito o Brasil vai mal, eu e Alckmin vamos mal”.

É preciso amar o Lula, caso contrário, ele faz bobagem.

Votação

Será nessa próxima semana a votação da Reforma Tributária dentro da CCJ do Senado. A maior expectativa para os pernambucanos é quanto aos incentivos fiscais para a indústria automotiva.

O benefício, que ajuda na geração de empregos no estado, não foi aprovado por causa de apenas um voto na Câmara (do deputado Fernando Monteiro) e, quando foi recolocado no texto do Senado, entrou apenas para carros elétricos, deixando Pernambuco de fora.

A expectativa, agora, é grande para saber como trabalharam os senadores pernambucanos junto ao relator e à presidência da Casa para reverter isso.