A eleição antecipada da Mesa Diretora que (talvez) aconteça 13 meses mais cedo
Confira a coluna Cena Política desta terça-feira (14)
A Assembleia Legislativa vai aproveitar a semana partida, com um feriado na quarta-feira (15), para fazer nesta terça (14) a eleição da Mesa Diretora. A votação, se realmente acontecer (explico abaixo), promete ser simbólica, já que a maior parte dos cargos apenas terá sua configuração repetida. A eleição está sendo antecipada em quase um ano e meio (“apenas”).
O benefício é todo…
O pernambucano não vai economizar com a antecipação, não haverá qualquer tipo de benefício para o contribuinte, cidadão. Nenhum processo vai ser destravado mais rápido, não há qualquer vantagem legislativa, não haverá dinheiro sendo liberado mais rápido para obras, não vai chegar água onde falta e nem vai ter estrada melhor por causa dessa antecipação.
…deles
O único objetivo da correria para realizar a eleição da Mesa com antecipação de mais de um ano é aproveitar o bom momento do atual presidente, Álvaro Porto (PSDB), que teme não ser tão popular entre os colegas daqui a alguns meses. Ele quer aproveitar a força que tem agora, porque pode não ser reeleito no futuro.
Porto é o principal representante de um movimento de “independência” que tem se preocupado muito mais em afastar o Legislativo do Executivo, esquecendo a harmonia, do que para melhorar a vida da população.
Muda a lei
Numa comparação mais ampla, é como se Lula antecipasse as eleições presidenciais para um mês em que as pesquisas apontarem que ele está bem. Lula não pode fazer isso, lógico, porque a lei não permite. A lei estadual também não permitia à Alepe antecipar as eleições. Mas quando a lei não permite algo, muda-se a lei. O legislativo é pródigo nisso. É um dos motivos de ser um Poder da República tão malquisto pelos brasileiros. As regras foram modificadas por 40 deputados estaduais na semana passada.
Clima não é o mesmo
A principal bandeira do deputado Álvaro Porto junto aos colegas é a da “independência da Casa”. Mas alguns deputados, nos bastidores, começam a se incomodar com os movimentos do presidente, quase reeleito, com 13 meses de antecedência. Esses parlamentares acham que o maior beneficiado está sendo somente Porto e começam a questionar se está valendo a pena. Ninguém tem coragem, por enquanto, de reclamar publicamente.
O clima, porém, não é o de sintonia total que havia nos primeiros meses do ano.
PP e União Brasil
Como os deputados não têm coragem de reclamar em público, apelaram para os partidos. O Blog de Jamildo trouxe duas siglas que já se manifestaram ontem (13), o PP e o União Brasil. Eduardo da Fonte (PP) e Luciano Bivar (UB) assinaram nota em que questionam a antecipação da eleição. A ameaça é de que a eleição da Alepe pode ser judicializada, já que existe uma votação em curso no STF, com três votos favoráveis, e que pode impedir esse tipo de manobra.
Bom senso
Trata-se de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade e a repercussão da decisão será nacional. Quando o julgamento, iniciado por uma situação parecida no Tocantins, for concluído, é muito provável que a decisão de Pernambuco seja anulada e uma nova eleição para a Mesa Diretora precise ser feita. O desgaste será ainda maior.
Na nota, Eduardo da Fonte e Luciano Bivar falam sobre isso e apelam ao bom senso de Porto. A ver.