Ao invés de ameaça ao meio ambiente a Escola de Sargentos pode ser esperança
Confira a coluna Cena Política deste domingo (26)
Precisamos falar sobre a Escola de Sargentos em Pernambuco. É preciso dizer que não deveria haver motivo para esperar e debater tanto um assunto que vai trazer tantos benefícios para o estado.
E não se trata de ignorar o meio ambiente em nome do desenvolvimento econômico que o empreendimento vai gerar. É exatamente porque o projeto tende a ser um modelo de preservação ambiental que precisa ser feito.
É preciso acabar com o paradoxo economia x meio ambiente. As regras internas do Exército podem ser um bom exemplo de como fazer isso. E Pernambuco pode ser modelo, se todos os agentes envolvidos conseguirem ampliar seus horizontes.
Convívio
Caso fossem todas as ocupações urbanas das últimas décadas, no planeta, feitas com os critérios adotados pelo Exército para o projeto da Escola de Sargentos em Pernambuco, talvez nem seriam necessários os grupos de preservação ambiental, porque não haveria necessidade de preocupação com o meio ambiente.
A chave para o desenvolvimento sustentável e responsável é a convivência harmônica entre homem e natureza. O projeto da Escola de Sargentos foi claramente produzido para integrar os equipamentos físicos necessários ao empreendimento com o ecossistema local.
Tudo pode conviver em harmonia.
São os números
A proposta não está baseada na vontade, no desejo, de algum militar ou de um político que acordou com a cisma de construir um complexo militar na Região Metropolitana do Recife.
Houve um estudo para isso, muitos cálculos foram feitos. Acreditem, militar não faz nada sem antes realizar todas as contas possíveis. Essas contas são feitas sob normas muito rígidas com disciplina apurada. E de 2008 para cá, essas normas, na área ambiental, ficaram ainda mais específicas e rígidas. Explico mais adiante.
Paradoxo
É importante dizer que o projeto da Escola de Sargentos não é importante apenas porque vai gerar milhares de empregos e abrigar outros milhares de alunos, todos recebendo remunerações que vão aquecer a economia da região.
Não é importante apenas porque deve gerar impacto financeiro para transformar cinco municípios nas proximidades.
Também não é importante somente por causa dos quase R$ 2 bilhões que o Exército pretende investir para colocar o projeto de pé em alguns anos, incluindo a compensação.
O mais importante deste projeto é que ele é a realização, amadurecida, de um ideal que deveria ser a regra no desenvolvimento humano e no convívio com a natureza que é esmagar o paradoxo entre desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente.
Normas
Não existiria a raça humana se não tivesse existido um desenvolvimento econômico do mundo habitado e, infelizmente, habitar o mundo e evoluir, nos últimos séculos, significou excluir a natureza da conta. Hoje, é possível fazer diferente. O projeto da Escola de Sargentos a ser tocado em Pernambuco foi construído dentro de normas atualizadas e muito específicas de preservação socioambiental.
Instruções
Basta pesquisar um pouco sobre esse compromisso da força militar terrestre, e se chega à Portaria 386, de 9 de junho de 2008, conhecida como IG 20-10.
As 24 normas desse documento são a base para os projetos que são realizados pelo Exército, incluindo a Escola de Sargentos em Pernambuco. Tratam-se das Instruções Gerais para o Sistema de Gestão Ambiental.
Preservar e educar
No texto há um conjunto de normas que obrigam qualquer empreendimento do Exército a respeitar e preservar ou compensar as atividades realizadas, além de orientar a educação ambiental como diretriz na formação dos militares brasileiros.
É por causa dessas determinações que para cada reclamação empírica sobre um suposto dano ao meio ambiente na construção da Escola de Sargentos, o Exército tem oferecido dados, números e estudos aprofundados sobre cada ponto levantado.
1,75%
Toda essa discussão, que atrasa o início do empreendimento que deve gerar benefícios bilionários para o estado e incrementar para melhor a rotina de ao menos cinco cidades com seus milhares de habitantes, acontece em torno de uma área a ser construída que corresponde a apenas 1,75% da área em discussão.
E a garantia é de replantar tudo o que for retirado do local, com um acréscimo de 50%, no mínimo. Para cada 10 árvores, por exemplo, serão plantadas 15, pelo menos.
Quem vai?
E, para fechar a questão, é difícil apontar alguma instituição que possa garantir com mais efetividade a preservação das áreas de mata na região do que o Exército.
É fácil imaginar que com a expansão desordenada das cidades, toda a natureza vai sendo degradada sem qualquer controle dos municípios, com prefeituras que já se mostraram incompetentes para fazer essa fiscalização.
Alguém, por outro lado, imagina o sujeito construindo sem autorização e derrubando árvores numa área de preservação militar? Quem arrisca?