Cena Política

No meio da mata, a sinalização de Raquel Lyra sobre a Escola de Sargentos

Confira a coluna Cena Política desta quarta-feira (29)

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Igor Maciel

Publicado em 28/11/2023 às 20:00
Análise
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Antes de viajar para Dubai, onde integrará a comitiva da Presidência da República na COP 28, a governadora Raquel Lyra (PSDB) embarcou em outra aeronave, um helicóptero do Exército, para sobrevoar a área da Escola de Sargento de Armas que será construída em Pernambuco.

Ato seguinte, um pouso programado na região e uma reunião realizada ali mesmo, no meio da mata. 

Raquel participou de uma apresentação entre as árvores do local, perto de onde será construído o equipamento, com direito a uma palestra sobre o impacto ambiental e como ele será compensado pela instituição.

Ao final, fez questão de dar uma declaração, publicada em suas redes sociais, reconhecendo a importância do empreendimento e garantindo o empenho do governo para a realização.

É um ótimo sinal e algo que a coluna vinha cobrando aqui nos últimos dias.

Bilhões e empregos

Essa sinalização é essencial e precisa ser contínua, na relação entre Pernambuco e a força terrestre, porque o investimento que o Exército vai fazer é bilionário e não é dinheiro que se possa arriscar sem que o governo local esteja integrado ao projeto.

Raquel mostrou que entende isso muito bem e sabe dos benefícios para o estado. Garantiu que está trabalhando para dar essa segurança e cumprir tudo o que é necessário para as obras.

A gestora até brincou, ao comparar o impacto econômico da Escola de Sargentos com a fábrica da Jeep, em Goiana, e os milhares de empregos gerados. Disse que uma era tão importante quanto a outra e, depois, lembrou que a Escola ainda tinha a vantagem de não correr o risco de ir embora caso não houvesse incentivo fiscal no futuro.

Empenho declarado

O mais importante da agenda da governadora, e da palavras dela, é demonstrar para o Exército, para o ministério da Defesa e para os pernambucanos ansiosos pelos benefícios que a Escola vai proporcionar à RMR, que este governo entende a importância e vai trabalhar para que o empreendimento seja uma realidade dentro do prazo planejado.

Agora é aguardar o início das contrapartidas acertadas no acordo, o quanto antes.

A única

Na esteira da escolha de Paulo Gonet para ser o próximo PGR, esta coluna se reserva ao direito de, vez por outra, lembrar que Michel Temer (MDB) fez coisas boas como Presidente da República.

O muito pouco reconhecido ex-presidente foi responsável, por exemplo, pela única indicação feminina para a Procuradoria-Geral da República em toda a história do Ministério Público Federal e do Brasil.

Se quiser, tem

É preciso admitir: Temer só teve uma oportunidade para indicar ao STF e escolheu um homem. Além disso, seu ministério era formado, quase inteiro, por homens.

Mas a indicação de Raquel Dodge para a PGR, numa função que ela exerceu bem, mostrou que é possível encontrar figuras femininas para cargos importantes no país, sem a necessidade dos discursos vazios de prática, relacionados à importância das mulheres, como os que foram proferidos na eleição de 2022 por Lula (PT).

A mais votada

Não faltaria uma opção, caso Lula estivesse disposto a indicar uma mulher agora. A primeira, a mais votada da lista tríplice do Ministério Público Federal, é mulher.

Luiza Cristina Fonseca Frischeisen seria a escolhida natural, caso o presidente quisesse respeitar a votação do órgão, como fez nos primeiros mandatos.

De direita?

Alguém pode dizer que ele não escolheu porque ela poderia não estar alinhada com as ideias da esquerda e do governo petista?

Confira, então, o que a procuradora escreveu em suas redes sociais no dia 1° de janeiro de 2022: “Na nossa Terra redonda, com o SUS, as vacinas e a ciência, com empatia pelos vulneráveis, vou seguir na defesa da Constituição, da igualdade de chances, da República e da Democracia, da urna eletrônica, das eleições! Feliz novo ano! E vamos em frente!”.

É quase um Lula falando.

O Lula preferencial

Mas, se a pessoa mais votada na lista do MPF era uma mulher e tinha um discurso tão alinhado com o do PT, porque Lula não a escolheu e cumpriu o que prometeu na campanha sobre equidade de gênero?

Sobre a natureza do atual presidente, o cientista político Adriano Oliveira resumiu muito bem durante participação no programa Passando a Limpo desta terça-feira (28): “Lula é discurso e Lula é pragmático”.

O professor tem razão. E vale um complemento: quando os “dois lulas”, o do discurso e o pragmático, conseguem conviver, é uma maravilha. Mas se for preciso escolher um dos dois, sempre vai prevalecer o segundo.

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