Benefícios para a indústria de Pernambuco aprovados e, dessa vez, todos votaram
Confira a coluna Cena Política deste sábado (16)
Na votação do destaque que manteve os benefícios fiscais para a indústria automotiva do Nordeste, é preciso parabenizar os 25 deputados da bancada pernambucana pelos votos. Dessa vez, todos votaram em favor do setor que tanto tem beneficiado a economia do Estado e tantos empregos tem gerado.
Não se trata de ser direita ou esquerda, tanto que no texto principal da reforma houve votos favoráveis e contrários, sem prejuízo da discussão, seja ela ideológica ou fiscal, mas se trata especialmente de suprimir a visão particular de mundo em nome do fato incontestável de que as empresas desse setor contribuíram muito, nos últimos anos, para que o cortador de cana da Zona da Mata pudesse ter mais qualificação e um futuro melhor para sua família.
É preciso resgatar, na política brasileira, o temor da ausência de legado. Cada deputado precisa voltar para casa ao fim de seu mandato com a certeza de ter contribuído, ao menos uma vez, com o futuro de seus representados e não apenas com o seu próprio futuro.
Na primeira votação faltou um voto. É bom que agora se resolveu.
A lição se aprende tarde, mas é importante que se aprenda.
Duros e racionais
Importante destacar os discursos fortes, contundentes e, ao mesmo tempo, racionais, que fizeram quatro deputados em específico nesta questão, quando os parlamentares estavam encaminhando seus votos. Carlos Veras (PT), Mendonça Filho (UB), Renildo Calheiros (PCdoB) e Augusto Coutinho (Republicanos) foram essenciais na discussão.
O texto principal
Provavelmente, um dos motivos para o Congresso Nacional não ter votações depois da quinta-feira, como acontece quase sempre, é porque eles não conseguem funcionar muito bem nas sextas-feiras.
Quem assistiu por inteiro a votação da reforma tributária, do texto principal, na Câmara Federal, marcada no fim da semana pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), perdeu a paciência com a dificuldade dos deputados para decidir quando era para votar “sim” e quando era para votar “não”.
Confusão
O regimento complicado da Câmara e o cansaço dos parlamentares provocou cenas como deputados fazendo discurso sobre o voto e pedindo para que o presidente “esperasse um pouco” porque ele tinha esquecido de votar, além de líderes encaminhando voto “não” e sendo corrigidos pelos colegas: “o voto é sim para o projeto e não para o destaque”, gritavam quando alguém errava a ordem das votações, que são separadas.
Lacunas
E foi nesse contexto que se aprovou uma reforma esperada há 30 anos neste país. Talvez seja esse o clima porque a própria reforma é confusa, cheia de lacunas que ninguém sabe como serão completadas e senões imensos com a perspectiva de que tudo vai ficar ainda mais confuso pelos próximos anos, quando ela for sendo colocada em prática.
E como a discussão no governo, hoje, é sobre “gastar mais” ou “gastar mais ainda”, a única certeza é que não vamos pagar menos imposto. Sigamos.
Ex em exercício
Sergio Moro (UB) é um ex-senador no exercício do cargo. É com essa frase que o parlamentar, ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça, está sendo tratado dentro do Congresso Nacional.
Moro é um caso interessante de outsider político que conseguiu cometer quase todos os erros possíveis ao tentar se inserir no sistema partidário e eleitoral.
Lista
Ele trocou de partido num período muito curto, deixando o Podemos e ingressando no União Brasil. Fez vários inimigos nesse processo. Confiou em políticos nos quais não se confia. Desconfiou de políticos com os quais é preciso saber aprender, mesmo que mantendo distância regulamentar. Aproximou-se de quem não lhe entregava nada de efetivo para seu trabalho e se afastou, não só no público mas também no ambiente privado, de quem poderia lhe dar segurança para a construção de uma atuação segura em Brasília.
Dinheiro
Faltava apenas uma irregularidade com o uso de dinheiro do contribuinte para completar a lista de bobagens estratégicas e instrumentais possíveis cometidas por um político. Aí ele conseguiu ser questionado por causa dos gastos da pré-campanha eleitoral. E o pior, a reclamação tem fundamento.
Se fosse um bingo, Moro poderia dizer que completou a cartela.
Livro e viagens
O ex-herói da ex-heróica Lava Jato vai ser ex-senador em breve, segundo todos os especialistas em direito eleitoral que abordam o assunto. O problema dele, dessa vez, é que quando ainda nem era candidato e pensava em disputar a Presidência da República pelo Podemos, Moro conseguiu gastar com viagens, eventos e outras despesas mais de R$ 4 milhões.
Nesse período ele rodou o Brasil com o lançamento de um livro, entre outras coisas.
Bingo
A ação afirma que ele teria desequilibrado o pleito a seu favor. E o Ministério Público Eleitoral do Paraná já concordou. Acredita-se que é questão de tempo até o mandato ser cassado e uma nova eleição precisar acontecer no estado.
Moro conseguiu fazer tudo errado. Absolutamente tudo. Moro é um fenômeno.