Cena Política

Datena é o novo Joaquim Barbosa na cartilha do preguiçoso operacional

Confira a coluna Cena Política desta quinta-feira (21)

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Igor Maciel

Publicado em 20/12/2023 às 20:00
Análise
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José Luiz Datena é o Joaquim Barbosa de 2024. Corria o ano de 2018, especificamente no mês de abril, quando o PSB anunciou com muita pompa a filiação do ministro aposentado do STF Joaquim Barbosa como seu grande nome para as eleições que estavam chegando. Houve protocolo de grande celebração, expectativa e comoção socialista com a grande aquisição.

Deu em nada.

O gestor preguiçoso…

Os flertes do PSB com as soluções rápidas de ocasião podem ser assemelhados aos gestores em vários segmentos da economia que, confrontados com uma dificuldade momentânea, apelam para influenciadores de redes sociais e seus seguidores. “Se ele tem seguidores nessa tal de rede social, deve ser bom pra resolver qualquer coisa”.

É a ideia do preguiçoso operacional comum.

…operacional

Nada contra o sujeito habituado aos atalhos como cultura de vida, mas é que a busca pelo caminho mais curto leva ao sedentarismo e a falta de exercício atrofia os músculos.

Em resumo, é mais fácil buscar um Datena ou um Joaquim Barbosa do que formar uma nova liderança política, mas o comprometimento dessas figuras, que não têm qualquer vivência com o meio, acaba sendo tão fugaz quanto a audiência de um programa policial, de uma rede social ou de uma modinha cultural como a dos que acreditavam em um Brasil sem corrupção lá em 2005, quando Barbosa estava julgando o Mensalão.

Eles não são políticos e quando a situação aperta, tendem a evaporar do palanque.

Nem foi

Na disputa de 2018, Joaquim Barbosa teve exatos “nenhum voto”.

Após a festa, as fotos e todas as apostas eufóricas sobre ele ser eleito no primeiro ou no segundo turno, Barbosa disse que conversou com a família e preferiu seguir com sua vida tranquila de ex-STF, escrevendo pareceres jurídicos, no conforto de um ambiente sem cobranças públicas.

Audiência e oportunismo

Datena, que agora se filia ao PSB com festa e fotos parecidas as de seu antecessor no posto de “grande aquisição”, costuma decidir lançar uma candidatura sempre que sua audiência na TV está num marasmo. “O Ibope caiu. Vou ser presidente”.

No fim, ele sempre desiste e faz a “escolha pela profissão”, com declaração apaixonada à “emissora em que trabalha e ao público que o acompanha” diariamente, de segunda a sexta e etc.

Uso mútuo

A esperança é que, dessa vez, o PSB saiba exatamente com quem está se metendo, já que muitos comentam o interesse de lançar a candidatura de Tabata Amaral (PSB) à prefeitura de São Paulo, não com Datena na vice, como foi dito sobre a filiação do apresentador, mas com alguém do PSDB.

Datena está usando o PSB e o PSB está usando Datena?

Escorados

Se ninguém está sendo enganado, entre Datena e os socialistas, tudo bem. Então os bobos somos nós. E não há novidade nisso.

Mas é preciso pontuar a contribuição negativa que os partidos dão à democracia quando se escoram na busca por soluções rápidas ao invés de formar novas lideranças.

Não há renovação na política brasileira há muitos e muitos anos. O que há é um caldeirão de caricaturas esquisitas, com seguidores como patrimônio, aproveitadores eleitorais, partidos acomodados e lideranças preguiçosas.

Outro atalho

Em 2020, o grande drama do PDT nacional era tentar fazer com que Carlos Lupi, presidente do partido, entendesse que seguidor no Instagram não garantia voto majoritário. Ele ainda insistia na tese de que Túlio Gadêlha era um forte candidato à prefeitura do Recife, porque tinha um milhão de seguidores na plataforma de fotos e vídeos.

Quando as pesquisas começaram a sair e o pré-candidato só chegou a 8% num levantamento encomendado pelo próprio partido, a ficha caiu.

Gadêlha foi excluído do processo eleitoral, usado como moeda de troca num apoio ao PSB e terminou saindo do partido em 2022.

Foi reeleito deputado com ótima votação, condizente com a popularidade que adquiriu mais por sua projeção em colunas sociais e nas redes. Mas os excelentes 135 mil votos para o Legislativo não são nem 10% do que ele possui em seguidores no Instagram. E disputa majoritária é outra coisa.

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