Cena Política

Verdades incontestáveis nos motivos particulares de Arthur Lira sobre Segurança

Confira a coluna Cena política desta quinta-feira (21)

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Igor Maciel

Publicado em 20/03/2024 às 20:00
Análise
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Diz-se de pessoas como o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP), que todos os motivos dele estão errados até quando fala a verdade. Não há o que dizer, então, sobre os motivos. Mas ele fala a verdade quando diz que “o debate de 2026 será pautado pela segurança pública” e diz a verdade quando critica o governo Lula por não fazer nem perto do que seria suficiente nessa área.

Lira e a verdade

“A Polícia Federal, que cumpre um papel institucional forte, muitas vezes tenta se desviar do foco. O combate ao tráfico de armas, ao tráfico de drogas, ao tráfico de seres humanos no Brasil é ineficaz. É ineficiente. Ninguém quer trocar tiro com bandido, o cara quer tocar ação que dê mídia, que não tenha resistência e que não faça força”, reclamou o parlamentar, que é um dos nomes mais fortes do centrão hoje.

Depois, Lira completou: “Às vezes é mais fácil combater quem não reage, isso é fato, o cara procura o mais fácil. Tem que ir para o mais difícil: fronteira, tráfico de droga, tráfico de armas, essas facções que estão dominando o Brasil.”

Lira e seus motivos

É fato que Arthur Lira não quer a Polícia Federal investigando políticos como ele.

É claro que Lira não quer novas operações Lava Jato pela frente.

É claro que Lira está arando um terreno para que o centrão lance um candidato à presidência em 2026 que tenha o apelo da Segurança Pública e do combate ao crime organizado baseado em tráfico de drogas (e não em emendas parlamentares).

Mas, dá para dizer que o deputado está errado sobre a ineficácia do atual governo nesse setor? Não.

Animador e vítima

A verdade é que o primeiro ministro da Justiça dessa gestão, Flávio Dino, era um animador de auditório, completamente perdido em suas funções principais e mais preocupado com o ângulo das câmeras que lhe apontavam do que com o trabalho que desempenhava.

O segundo e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Lewandowski, carrega no rosto uma expressão de “vítima permanente”. As sobrancelhas estão sempre arqueadas, olhos arregalados e boca entreaberta como a dizer: “onde é que eu vim amarrar minha burra?”

Nomes para 2026

Lira disse outra coisa importante. “Não é à toa que onde tem um tratamento mais enérgico (contra a violência) por parte dos governos estaduais, esses governos estão com a aprovação estourada”, comentou. O presidente da Câmara, outra vez, tem toda razão. Os motivos dele são mais pessoais e partidários que coletivos.

Os governadores a quem ele se refere são Tarcísio de Freitas (Republicanos), de SP, e Ronaldo Caiado (UB), de Goiás, exatamente os que o centrão trabalha para que sejam candidatos a presidente em 2026.

Mas o que ele fala é verdade. A avaliação dos dois é boa e o que destaca o trabalho deles é a Segurança Pública, gostemos ou não dos métodos que utilizam.

Ramificações

As organizações criminosas têm agido como um poder paralelo no Brasil nos últimos anos, o Rio de Janeiro é um exemplo mais vistoso disso, e o Governo Federal, salvo um breve período no qual Sergio Moro esteve no Ministério da Justiça, dá de ombros ao problema com medo da repercussão.

Ninguém quer enfrentar a situação por causa das ramificações que o crime organizado possui, inclusive com a política, independente de ideologia. Tem gente de direita e de esquerda com algum vínculo a esse poder criminoso espalhado em facções pelo Brasil.

A culpa é do BC

Mas, a eleição de 2026 será, sim, sobre Segurança Pública. É aí que os motivos de Arthur Lira e suas verdades se encontram.

O governo Lula terá condições de apresentar algum tipo de resultado nesse setor sem criar um ministério exclusivo para a área, com um ministro que entenda disso, deixando Lewandowski cuidar das leis, como está acostumado?

Ou vai chegar na eleição dizendo que a culpa, até disso, é da autonomia do Banco Central?

Fim

Luciano Bivar não é mais presidente do União Brasil. O deputado pernambucano já estava de saída marcada para o fim de maio, porque os membros do partido escolheram o advogado Antônio Rueda para substituí-lo.

O problema é que Bivar não aceitou perder o comando da terceira maior sigla do país. Fez ameaças ao eleito e aos familiares de Rueda.

Depois, um incêndio criminoso destruiu duas casas de praia do presidente eleito e da irmã dele. As suspeitas são de que o crime tenha ligação com as ameaças. A cúpula do partido decidiu, então, acelerar o trâmite e afastar Bivar imediatamente.

O parlamentar ainda pode ser expulso da sigla, num processo posterior.

Não podia dar certo

Luciano Bivar era o “dono” do PSL, um partido cartorial (quando quem possui os papéis manda em tudo). O PSL se fundiu com o DEM, que tinha uma base estatutária, baseada em votações mais democráticas. Esse choque de realidades tornou a situação insustentável.

Bivar estava na presidência do grupo, querendo mandar como se estivesse no PSL e tendo que prestar contas como se estivesse no DEM.

Não é por acaso o apelido do partido: “Desunião Brasil”.

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