Cena Política

A ofensiva do PSB para garantir o MDB no Recife e o reflexo para outros aliados

Confira a coluna Cena Política desta quinta-feira (28)

Imagem do autor
Cadastrado por

Igor Maciel

Publicado em 27/03/2024 às 20:00
Análise
X

Para manter um partido como o MDB, que alguns socialistas já diziam “não ter tanta importância”, o PSB empreendeu um esforço impressionante. A coluna apurou que foi oferecido de tudo para evitar que os emedebistas saíssem da base de João Campos (PSB) no Recife, desde secretarias hoje ocupadas por outros aliados (que talvez ainda nem estejam sabendo) até futuras vagas em campanhas majoritárias.

Ofereceu-se até a retirada de candidaturas em outros municípios, para agradar o partido.

Vitória

Um dos municípios que podem ter entrado na lista de concessões do PSB para o MDB é Vitória de Santo Antão, segundo se comenta nos bastidores. Os socialistas prometeram impedir qualquer candidatura por lá que atrapalhasse a reeleição do atual prefeito, Paulo Roberto (MDB).

O voto dele, inclusive, era esperado em apoio à saída do grupo da base de Campos, até por ter recebido muita atenção da gestão Raquel Lyra desde 2023, mas surpreendeu decidindo a disputa em favor do prefeito do Recife.

Tempo é voto

Mas o mistério é: por que tanta preocupação em garantir o apoio de um partido que os socialistas diziam nos bastidores “não ser tão importante”?

Há dois motivos. Um deles é objetivo. O tempo de TV e Rádio do MDB ainda é muito importante para as alianças. A ofensiva de Raquel para tirar aliados da base do PSB preocupou a equipe de campanha socialista com sinceridade, porque o prefeito corria o risco de quase não ter tempo de guia eleitoral.

Sem aliados, sem tempo

Explicando: o PSB, nacionalmente, tem pouco mais de uma dúzia de deputados. O MDB tem mais de 40. Quanto menos deputados eleitos, menor o tempo de TV e Rádio e menor o número de inserções na programação dos veículos, fora a verba eleitoral.

Quanto menos aliados, maior o risco de o prefeito, candidato à reeleição, com toda a vantagem que demonstra em pesquisas, mal ter tempo para dizer o próprio nome no guia. Ficaria feio.

Imagem

O segundo motivo é de imagem. O impacto de uma nova saída, dando a impressão de “barco sendo abandonado”, é péssimo para uma campanha eleitoral que nem começou, por mais favorita que seja em pesquisas.

O PSB correu e prometeu o que podia para evitar isso também. Agora, resta saber se conseguirá entregar tudo e se os aliados que perderam espaço vão aceitar.

União no Recife

Uma novidade é que o União Brasil do Recife voltou para o comando do deputado federal Mendonça Filho (UB). Era algo já esperado, porque fez parte do pacote que elegeu Antônio Rueda e afastou Luciano Bivar da presidência nacional do partido.

Mendonça estava sendo impedido de assumir o posto por causa de uma briga com o grupo de Bivar, que não o aceitava.

Como fica?

O deputado federal, ex-governador e ex-ministro da Educação, é aliado da governadora Raquel Lyra (PSDB). O União Brasil tem o terceiro maior tempo de TV e rádio do país nas eleições e isso já é um fator importante caso venha a apoiar o candidato do Palácio no Recife.

Pela ordem, no Brasil, o maior tempo de TV é do PL, seguido pelo PT e pelo União. Depois vem o PP e, em quinto, o MDB.

Outra coisa

O prefeito João Campos foi alertado para o risco de ser um gestor conhecido por fazer praças e parques, mas deixar de lado questões sociais importantes como habitação, Saúde, Educação e Emprego. Fazer parques é importante, mas há outras prioridades.

O Mapa da Desigualdade nas capitais brasileiras, do Instituto Cidades Sustentáveis, divulgado esta semana, mostrou que o alerta estava correto e deveria ter sido ouvido.

Segundo pior

O índice mede 40 fatores diferentes como Educação, Saúde, Habitação, Saneamento Básico e Desocupação. O Recife ficou em 25º das 26 capitais. É o segundo pior resultado em todo o país.

Além da questão da moradia adequada, tida como muito grave pelo relatório, a capital Pernambucana teve um dos piores índices no desemprego, com 15% de taxa.

É quase o dobro do desemprego no Brasil, que foi de 7,8% no mesmo período.

Tags

Autor