A honestidade intelectual não dá votos. Melhor parar de ler livros
Confira a coluna Cena Política desta quarta-feira (24)
Lula deu entrevista a jornalistas e se queixou: “o problema é que tudo no Brasil é tratado como gasto. Emprestar dinheiro para pobre é gasto, colocar dinheiro na saúde é gasto, colocar dinheiro na educação é gasto. A única coisa que não é gasto é superávit primário. A única coisa que se trata como investimento é isso”.
O presidente quer gastar dinheiro e reclama de quem critica isso, mas o faz usando uma falácia e sendo injusto.
Gasto
As despesas com Educação, Saúde ou com programas sociais não são um problema no Brasil. O problema é a corrupção, a ineficiência e o alto custo da máquina. Esta consome quase 15% apenas com salários. Além de tudo, há os juros da dívida pública, que levam mais de R$ 700 bilhões por ano dos cofres.
Se o Brasil conseguisse reduzir seu déficit, a taxa de juros cairia ainda mais, a inflação ficaria mais controlada e os pagamentos da dívida brasileira seriam reduzidos em algumas dezenas de bilhões.
Dezenas de bilhões a menos seriam gastos no fim de cada exercício fiscal com medidas de contenção de gastos.
Investimento
Todo esse dinheiro economizado poderia ser investido (aí sim, investidos) em Educação, Saúde, Segurança e até no relacionamento com o Congresso através da distribuição de emendas, que fariam a felicidade dos que reclamam da articulação política do governo. Sacrifícios de curto prazo teriam que ser feitos, mas no longo prazo o país poderia se equilibrar.
Essa lógica não é nada difícil de entender e muitos, inclusive o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central, já tentaram explicar isso ao presidente.
Livros
Mas ser falacioso e tentar criar animosidade entre a população e os “financistas”, como os petistas gostam de chamar, é muito mais rentável eleitoralmente para Lula. Pelo menos é nisso que ele acredita, do alto de uma experiência que consegue lembrar o que deu certo há 20 anos, mas não é capaz de entender que o mundo mudou de lá pra cá. Honestidade intelectual não dá voto.
Talvez, até por isso, Lula mandou Fernando Haddad "parar de ler livros".
O líder
O deputado estadual Izaias Regis (PSDB) conseguiu complementar sua atuação ao fazer, esta semana, um discurso feroz contra o governo do qual é o líder na Assembleia Legislativa. Agora está completo, porque antes ele era apenas um líder que não liderava e um representante do governo que não representava. Agora, ele ultrapassou uma fronteira e transformou-se também num oposicionista que não é oposição.
Nem pra ajudar
Na política, o destino de quem tem esse comportamento costuma ser difícil. O deputado foi designado para ser líder do governo, mas nunca exerceu a atividade com o afinco esperado, porque as condições não eram boas e o objetivo era ser candidato a prefeito em Garanhuns. O Palácio enfrentou toda sorte de dificuldades no relacionamento com a Alepe, sem poder contar com o seu líder, sem perceber algum empenho dele.
Nem pra resolver
A situação acabou mais ou menos se equilibrando, com a formação de um bloco do governo que foi articulado por outros parlamentares ligados ao Palácio. Ninguém pôde considerar isso como trabalho do deputado que deveria, como líder, ser a ponte entre o Executivo e o Legislativo.
Nem pra atrapalhar
Sem atuar no problema e sem participar da solução, o parlamentar agora faz discurso contra o governo. A fala foi comemorada pela oposição, lógico. A oposição é majoritariamente formada por deputados do PSB. O atual prefeito de Garanhuns é do PSB e será o maior adversário de Izaias na campanha pela prefeitura. Não há espaço dentro da oposição também para o deputado e o clima pode ter azedado de vez com o Palácio.
É esquisito, pra dizer o mínimo.
Qual o objetivo?
É notório que o líder do governo tenta levantar sua candidatura em Garanhuns, apelando até para a rejeição local do Palácio do qual é representante. Dá até para entender a intenção, mas o resultado não tem como ser positivo. E é incrível que alguém, apoiado em sobriedade, tenha acreditado que poderia ter sido.
Legislação
As mudanças e implicações da legislação eleitoral e as normas vigentes para o processo municipal, bem como os impactos dessas mudanças sob o ponto de vista político, serão discutidos nesta quarta-feira (24), no workshop "Eleições 2024: saiba o que está valendo".
A capacitação será ministrada pelos advogados especialistas em Direito Eleitoral Pablo Bismack e Marcelo Cumaru, juntamente com o jornalista político Edmar Lyra que irá abordar a questão do uso das ferramentas de comunicação nas campanhas.
I.A na eleição
O uso da inteligência artificial na política também será um dos destaques do evento. O curso é direcionado para candidatos, servidores públicos e agentes políticos e acontece no auditório das torres 4 e 5 do Empresarial RioMar Trade Center.