Cena Política

Presidente do PSB sobre o presidente Lula: "Só se dá conselho a quem pede"

Confira a coluna Cena Política desta quarta-feira (1°)

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Igor Maciel

Publicado em 30/04/2024 às 20:00
Análise

Na relação entre o presidente da República, Lula (PT), e o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, há dois fatos muito claros para quem conversa com ambos. O primeiro é que Siqueira não gosta de Lula. O segundo é que o petista gosta menos ainda de Siqueira.

O presidente do PSB deu uma demonstração disso esta semana durante uma entrevista. Não poupou críticas ao governo do qual seu partido é protagonista, tendo o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), entre seus filiados. Siqueira disse que Lula “não escuta ninguém” e está fazendo um governo antigo, quando o público quer algo novo.

Quem precisa é ele

A entrevista foi dura. Siqueira diz que o Conselho Político, por exemplo, nunca funcionou. “A gente só pode dar conselhos a quem pede. Ninguém pode dar conselhos a quem não quer ouvir conselhos…Na hora que o presidente achar que deve ouvir alguém, ele chama. É mais importante para ele do que para a gente”, disparou.

E o presidente do PSB completou, quando perguntado se o partido vai apoiar a reeleição de Lula em 2026: “É cedo demais”.

Dançar primeiro…

Muitas vezes, para mudar a forma como as coisas são é preciso, primeiro, aceitar como elas são. Mudar a estrutura das relações políticas no Brasil não acontecerá de uma hora para outra, em movimento brusco. É preciso dançar a música antes de tentar alterá-la.

O PL, mesmo sendo aliado do governo, com cargos na gestão, vinha facilitando mais a vida do PSB na Alepe do que a do Palácio. Apesar de ter Renato Antunes (PL) como um dos mais sensatos defensores do governo, o restante do partido sempre ia na direção contrária.

…mudar depois

A governadora teve paciência, entendeu que poderia ser algo isolado de alguns parlamentares, manteve os cargos que o partido tinha na gestão.

Até que os parlamentares apoiaram um projeto substitutivo da extinção das faixas salariais, impondo uma derrota ao governo numa comissão da Alepe no início da semana. Foi a gota d’água.

A caneta tem força

Menos de 24h depois da votação na Comissão de Justiça, a governadora assinou a exoneração de vários indicados pelo PL no governo, inclusive no Pro-Rural e no Detran, atingindo não só os parlamentares específicos, mas o partido. A caneta precisava ser usada.

A propósito, logo depois das exonerações, houve votação do projeto da oposição na Comissão de Finanças. Dessa vez, o governo venceu. Às vezes é preciso seguir os passos da política tradicional e retaliar para ser entendido.

Coloca-se ordem nas coisas, para depois ter a força de renovar o ambiente.

Serventia

A crise com o PL, provocada pelos deputados estaduais, pode acabar servindo a um propósito político também. A governadora já vinha se aproximando muito de Lula e do PT.

O PL é o partido de Bolsonaro e, com as eleições municipais chegando, afastar-se do bolsonarismo era algo que já estava no radar. Os parlamentares do PL podem ter facilitado bastante a vida da governadora.

Virou

É possível que o jogo esteja virando em relação ao senador Sergio Moro (UB-PR). O ex-juiz da Lava Jato era chamado de “ex-senador em exercício” pelos colegas da Casa. Havia uma quase certeza de que ele seria cassado pela Justiça Eleitoral. Moro já escapou do primeiro julgamento no Tribunal Regional Eleitoral.

Integrado

Agora, há muitos senadores que dizem ser mais difícil que ele perca o mandato também no Tribunal Superior Eleitoral, porque já se integrou à vida parlamentar e conseguiu quebrar resistências com interlocutores até do governo Lula.

A relação dele com o líder governista, Jaques Wagner (PT-BA), inclusive, é muito boa. Os dois, curiosamente, se dão bem nos bastidores.

Desempolgou

Também conta a saída do ministro Alexandre de Moraes do TSE. Antes de o julgamento acontecer no TSE, ele dará lugar como membro do Tribunal ao ministro Nunes Marques, que foi indicado por Jair Bolsonaro e tende a votar de forma favorável ao ex-juiz.

Petistas como Gleisi Hoffmann, que estavam animados para se candidatar numa eleição suplementar pela vaga de Moro, já não estão tão animados assim.

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