A chapa de vereadores do PL no Recife e as voltas que o mundo dá
Confira a coluna Cena Política deste sábado (8)
Há uma crise se avizinhando na chapa do PL no Recife. A informação é que o pré-candidato à prefeitura Gilson Machado (PL) está irredutível e quer colocar o próprio filho como candidato a vereador. A notícia está deixando os outros candidatos apreensivos.
A preocupação é que haja um desequilíbrio na campanha para beneficiar o filho do ex-ministro bolsonarista e isso tire vagas que eram dadas como certas por alguns para a Câmara Municipal.
Tamanho
Há uma grande expectativa do bolsonarismo com a candidatura de Gilson, porque será o momento de medir, com mais exatidão, o tamanho do grupo no Recife. Em 2020, para quem não lembra, a direita votou em João Campos (PSB) no segundo turno da eleição, depois que o socialista direcionou ataques ao PT na campanha, contra sua adversária na época, Marília Arraes, que estava no partido de Lula (PT).
Desde que Bolsonaro (PL) passou a ter força eleitoral no país, será a primeira vez que esse eleitorado poderá votar em algum representante direto do ex-presidente. Gilson teve bom resultado no Recife, na eleição de 2022 para o Senado. Foram mais de 320 mil votos.
Moinho
Essa eleição, por sinal, carrega “transformações” impressionantes para serem digeridas em apenas quatro anos. João Campos é o candidato favorito, um de seus principais adversários é um representante da direita.
Em 2020, sem a direita, Campos não teria sido eleito prefeito. Na época ele brigava e acusava o PT de ser corrupto para vencer a prima que era um crítico desafeto familiar. No segundo turno, apelou para o voto à antipetista e venceu.
Hoje, Marília voltou a ser aliada dele e da família, esta semana fizeram até foto juntos, todos felizes.
O PT municipal tem cargos na gestão socialista, como se nunca tivesse sido atacado, e os membros do partido praticamente imploram para indicar um vice, são defenestrados e seguem esperançosos.
O mundo é um moinho. E gira rápido.
O Quinto
O presidente da OAB-PE, Fernando Ribeiro Lins, reuniu-se com o reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Gomes, esta semana. Os dois selaram uma parceria entre as entidades para a criação de uma banca de heteroidentificação que vai garantir a paridade de gênero e a cota racial na lista sêxtupla para o Quinto Constitucional da Advocacia.
Burburinho
A formação dessa lista está causando um burburinho nos bastidores. Há uma preocupação com membros da advocacia que nunca se identificaram assim mas agora estariam querendo entrar na cota de 30% para advogados negros, por exemplo.
Mas este nem é o maior ponto de controvérsia. Há questionamentos por causa da cota de gênero de 50% também. A reclamação é que a concorrência está sendo limitada e dificultando a entrada na lista.
Como funciona
Para concorrer a uma vaga na lista sêxtupla, de onde sairá um novo desembargador ou desembargadora do Tribunal de Justiça de Pernambuco, será preciso exercer a advocacia há pelo menos 10 anos e ser inscrito na Ordem há cinco anos. Até aí, tudo bem.
O que muitos estão apontando é que a exigência de que 50% das vagas sejam destinadas a mulheres e 30% de cada gênero seja para negros, restringe a ampla concorrência. Ao invés de concorrer dentro de seis vagas, o argumento dos críticos dentro da própria Ordem é que cada candidata mulher e negra, por exemplo, só poderá concorrer a uma única vaga na lista.
“É matemática: 50% de seis é três e 30% de três é um”, reclamou uma advogada que conversou com a coluna.
Palácio
No fim, quem escolhe o próximo desembargador ou desembargadora dentro da lista é a governadora Raquel Lyra (PSDB).
A formação dessa lista sêxtupla está sendo republicanamente observada pelo Palácio do Campo das Princesas, mas com fiel interesse. Acredita-se que a tendência é a escolha de uma mulher pela governadora, mas vai depender dos nomes que chegarão até ela.