A certeza absoluta: ferramenta mais precária que o ser humano possui
Biden tinha certeza de que um debate era boa ideia. Emmanuel Macron tinha absoluta certeza da vitória. Lula também é cheio de certezas.
A ferramenta mais precária que um ser humano pode utilizar contra si mesmo é a certeza absoluta.
Joe Biden tinha certeza de que se sairia bem contra Donald Trump num debate presidencial. Emmanuel Macron tinha absoluta certeza de que convocando novas eleições na França teria condições de vencer no parlamento e conter o avanço da direita. Ambas as iniciativas terminaram em fiasco parcial ou completo.
Lula tem certeza que pode pressionar o mercado a aceitar o que ele quiser usando a opinião pública e forçando a economia do país. Se insistir, vai ser um fiasco também.
Concreto
O presidente brasileiro, querendo postergar a inexorável decisão de cortar gastos, para não prejudicar o desempenho dos aliados na eleição municipal, vai apontando para o Banco Central e para os “especuladores” como responsáveis pelas dificuldades fiscais do Brasil.
Mas alimenta especulações quando dá entrevistas afirmando que vai tomar “medidas concretas”, sem dizer que medidas serão, com o objetivo de conter a deterioração do Real.
Com sua estratégia esquisita de reclamar da especulação enquanto alimenta os especuladores, o dólar se aproximou de R$ 5,70, enquanto o euro ultrapassou R$ 6,08.
Se o presidente quisesse acalmar a situação, pararia de falar. Quando mantém o falatório, mostra que pretende dobrar a aposta. Não é bom para o Brasil.
Lula e o tempo
Lula quer mostrar que pode esticar a corda ainda mais, deixar a inflação aumentar por causa das vinculações de preço com o dólar, enquanto faz discursos demagógicos de que é preciso “tirar o imposto da carne do pobre e tributar as carnes chiques”.
Com isso, acredita que terá o povo ao seu lado e poderá gastar mais com o governo, além de jogar a população contra o tal “mercado” e contra o Banco Central, como já fez antes quando criticava os bancos e as elites.
Os tempos mudaram, Lula não mudou.
Picanha
O curioso na declaração do presidente sobre as tais “carnes chiques” é que ele foi eleito em 2022 com um discurso eivado de demagogia eleitoral no qual dizia que “o povo ia voltar a comer picanha”.
A versão 2.0 das analogias lulistas sobre carnes, churrascos e afins desceu uns degraus. O petista agora diz que “o povo come frango e ovo”.
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Numa entrevista, esta semana, ainda citou “músculo, acém e coxão mole”. Disse que as “carnes que os pobres comem” precisam ser isentas de imposto.
Não tocou na picanha. A picanha nem existe mais nessa conversa. Picanha deve ser coisa de eleição.
Plantando
Raquel Lyra (PSDB) e João Campos (PSB) tiveram momentos de uma proximidade que não se viu desde que ela assumiu o cargo de governadora.
A única foto dos dois juntos desde o início de 2023 era protocolar, numa reunião ocorrida no Palácio do Campo das Princesas.
Agora, a imagem dos dois adversários compartilhando uma pá enquanto plantavam uma árvore na área de um conjunto habitacional, durante a visita de Lula, chamou atenção. Os dois estavam bem tranquilos e sorridentes. Coisa rara nos últimos meses.
Diálogo é bom
Mas Lula não foi sozinho o artífice desse “milagre”. Durante a inauguração de um hotel no centro do Recife, há alguns dias, a governadora de Pernambuco e o prefeito do Recife chegaram a conversar e já tinham mostrado um clima mais tranquilo. O momento foi mostrado em foto na coluna de João Alberto, aqui neste JC.
O diálogo é sempre o melhor caminho para a população de Pernambuco e do Recife. Se for para o bem do povo, que esse diálogo possa se consolidar, que cresça e floresça.