Lula e Bolsonaro: dois presidentes e a dificuldade de saírem da quinta série

Um indica a própria esposa para atestar sua própria virilidade e o outro distribui medalhas declarando para chefes de estado que é alguém "incomível".

Publicado em 09/07/2024 às 20:00 | Atualizado em 10/07/2024 às 6:27

Trata-se de uma quinta série do ensino fundamental. Eleição do grêmio estudantil. De um lado, um dos garotos manda que perguntem à namorada dele se ele tem ou não disposição. Do outro lado, o outro garoto concorrente distribui medalhas com a expressão “incomível” entre as características que o definem.

As duas crianças disputando o cargo de presidente do grêmio estudantil têm entre 10 e 11 anos, aparentemente. Mas um é barbudo, ex-líder sindical e já ocupou a presidência da República por três vezes. O outro é meio barrigudo, capitão reformado do Exército, e foi presidente da República também.

Puberdade

É nessa idade, entre 10 e 11 anos, no encontro da infância com a puberdade, que surge essa rotina boba de autoafirmação nos meninos. É quando surgem as declarações sobre serem “viris”, “homens de verdade” e coisas do tipo. É algo natural nessa fase.

O que não é normal é quando essas crianças, ainda vislumbrando a adolescência, bradando os hormônios que ainda nem tem, estão na casa dos 70 até os 80 anos. Se são os dois maiores líderes políticos do país, aí é caso para grande preocupação.

Atestado

A primeira-dama Rosângela Lula da Silva revoltou-se em 2023 com declarações contra ela que considerava machistas e misóginas. Em alguns casos ela tinha razão e as críticas que fez tinham fundamento.

Mas quando o próprio marido faz declarações machistas, todo mundo no palanque resume a própria reação a algumas boas risadas, inclusive ela. “Quem achar que o Lulinha está cansado, pergunte para a Janja. Ela é testemunha ocular. Quando eu falo que eu tenho 70 anos de idade, energia de 30 e tesão de 20, eu estou falando com conhecimento de causa”, disse o presidente, deixando claro que uma das funções da esposa é “atestar sua virilidade”.

Medalha

Jair Bolsonaro (PL) também foi notícia por sua pré-adolescência tardia. No caso do ex-presidente, o atestado de virilidade vem numa medalha. O artefato é de um tal “Clube Bolsonaro” e tem as inscrições “Imbrochável, Imorrível e Incomível”.

O líder da direita brasileira presenteou o presidente da Argentina, Javier Milei, durante evento no Sul do país no fim de semana, com a medalha. O hermano aceitou. Nada de estranho para quem, segundo dizem, costumava se aconselhar politicamente com um cachorro que já morreu.

Essa medalha bizarra é um souvenir disputado entre os seguidores de Bolsonaro. A quinta série, como se sabe, é bem popular.

Gaston

Em “A Bela e a Fera”, há um personagem que espera casar com a protagonista e acaba sendo preterido no fim da história.

Gaston, um caçador vaidoso e arrogante, fala sobre a própria virilidade o tempo todo. Há até uma música para ele que diz: “Não há igual a Gaston nem melhor que Gaston, nem pescoço mais grosso que o teu, oh Gaston. Nesta aldeia ninguém é tão homem…”, repete um dos personagens ao elogiá-lo.

O vilão da Disney acabou sendo utilizado em estudos de psicologia para denominar o que se entende como “masculinidade frágil”, chamada de “Complexo de Gaston”.

Rápido

Nossos presidentes estão precisando vencer a quinta série do Ensino Fundamental. E talvez precisem de muita terapia. Mas é urgente que amadureçam. O Brasil tem problemas adultos demais para ter que aguentar isso por tanto tempo.

Tributária

O Passando a Limpo recebe no estúdio da Rádio Jornal, nesta quinta-feira (10), a advogada Mary Elbe Queiroz, pós-doutora em Direito Tributário e uma das maiores especialistas do país na área.

O assunto é a Reforma Tributária que está passando por discussões e regulamentação no Congresso. É às 9h, na Rádio Jornal.

Os irmãos de volta

A informação de que os representantes de uma empresa dos irmãos Wesley e Joesley Batista, aqueles que ficaram famosos após admitirem corrupção e por terem feito delação que envolveu Lula (PT) na Operação Lava Jato, estiveram 17 vezes no Ministério de Minas e Energia no espaço de menos de um ano, até que uma Medida Provisória foi aprovada beneficiando o grupo.

Os envolvidos dizem que os assuntos das reuniões não têm ligação com a MP. Acredita quem quer.

Brasília tem umas coincidências estranhas que às vezes terminam em prisão e às vezes terminam em coincidência. Com a palavra, o futuro.

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