Guia eleitoral em rádio e TV ainda é muito importante, se bem utilizado
Propagando eleitoral em Rádio e TV começa na próxima sexta-feira (30), mas ainda tem candidato sem saber como aproveitar sua oportunidade.

Na próxima sexta-feira (30) terá início o guia eleitoral em Rádio e TV. Tempos atrás havia grande expectativa para este momento porque ele era o início efetivo das campanhas. Muito mudou ao longo dos últimos anos e isso perturbou políticos mais tradicionais, com dificuldade para entender essas mudanças. O exemplo mais robusto do momento em que o tempo de guia teve sua importância reduzida se deu em 2018. E a maior vítima foi Geraldo Alckmin.
Todos juntos
Na época pelo PSDB, Alckmin trabalhou muito, e teve sucesso como poucas vezes em sua vida de articulação partidária. O então tucano batalhou por mais de um ano formando seu palanque. O resultado foi uma coligação tão robusta que fazia inveja e assustava os adversários. Alckmin colocou dentro de seus domínios siglas como PSDB, PP, PTB (hoje PRD), PSD, SD, PRB (hoje Republicanos), DEM (hoje União Brasil), PPS (hoje Cidadania) e PR (hoje PL). Toda a centro-direita e o chamado “centro democrático” estavam ali representados.
Palanque imenso
Somados, esses partidos que o ex-governador de São Paulo reuniu tinham cerca de 200 deputados eleitos, uma bancada imensa e influente de senadores, representantes em todos os estados e, principalmente, garantiram mais de cinco minutos e meio de guia eleitoral em TV e Rádio. Isso é quase metade do horário inteiro, que tinha 12 minutos no total. Naquele ano de 2018, estrategistas políticos, crentes de que estavam no topo da revolução midiática da época, defendiam que a grande vantagem não era ter muito tempo de TV e Rádio, mas que isso vinha também com um grande número de inserções. Alckmin estava praticamente eleito, porque teria 434 programetes de 30 segundos durante a campanha. Um fenômeno.
Quem tem a força
Agora, você sabe quanto tempo Jair Bolsonaro tinha de guia eleitoral em TV e Rádio? Eram incríveis 8 segundos contra os 5 min e 30 seg do adversário tucano. E para todo o período eleitoral o candidato de um partido só, o então nanico PSL, tinha somente 11 inserções, contra 434 do PSDB. Todo mundo sabe que Bolsonaro se tornou presidente. Mas alguém lembra a posição de Geraldo Alckmin? Ficou em quarto lugar, com pouco mais de 4% da votação. Uma tragédia tão avassaladora que ele chegou a se aposentar da política, até ser resgatado pelo antigo adversário petista e virar vice de Lula.
Importam?
Se nós já tivemos eleições em que um candidato com 434 inserções partidárias perdeu feio para um que tinha 11, o início do guia eleitoral é importante e pode impactar na eleição? Pode e muito, se os candidatos e seus marqueteiros entenderem que a força do Rádio e da TV está mais na sua credibilidade do que no seu volume. Embora ainda haja um volume absurdo.
Milhões
Se Rádio e TV não fossem tão importantes, emissoras como a Globo não conseguiriam comemorar uma audiência de 123 milhões de pessoas em uma única cobertura, como aconteceu durante as homenagens a Silvio Santos recentemente. As pessoas não assistem mais TV e ouvem Rádio porque eles são o único meio de informação, mas porque são os que têm maior credibilidade. Quer conhecer uma pessoa que entendeu isso? Você ouviu falar dele nos últimos dias, chama-se Pablo Marçal (PRTB).
Cortes
Marçal sobrevive da internet, ele faz dinheiro com a internet e depende dela para sua campanha eleitoral em São Paulo. De guia eleitoral terá cerca de 30 segundos que para ele serão muito mais valiosos do que para Ricardo Nunes (MDB), com seus mais de seis minutos de guia. Marçal usa a credibilidade da TV para fazer cortes e distribuir na internet. O conteúdo de suas redes, quando chega como um corte, em trechos, dos programas de TV e de Rádio dos quais participa, ganha muito mais credibilidade e se espalha com muito mais força.
Relevância
Marçal pega emprestada a credibilidade das emissoras para legitimar o conteúdo que distribui posteriormente com milhões de seguidores. Porque ele entendeu muito bem que ao invés daqueles que gritam que as TVs e as rádios não tem mais relevância, essa relevância é o que elas têm de mais importante. O sujeito ganha milhões de reais com internet, sabe quantos debates em TV e Rádio ele ignorou até agora por achar que não tinham importância? Nenhum. Enquanto os adversários dele escolhem os que acham que valem a pena.