Gilson Machado e a nacionalização dos símbolos na campanha regional

Gilson é o quarto sabatinado na série da Rádio Jornal. O desafio, segundo o próprio admitiu, é fazer com que os recifenses saibam que ele é candidato.

Publicado em 05/09/2024 às 20:00

O maior desafio de Gilson Machado (PL), maior do que enfrentar João Campos (PSB) e tentar levar a eleição para o segundo turno, talvez seja organizar as próprias ideias. Mas não é por maldade ou incapacidade. A impressão é que deságua um oceano represado quando se abrem os microfones. Talvez por ter, normalmente, pouco espaço para apresentar ideias, acaba despejando três respostas para cada pergunta e é preciso conduzir com atenção e ouvir com mais atenção ainda a entrevista.

Gilson foi o quarto postulante à prefeitura do Recife a ser sabatinado na Rádio Jornal. O desafio, segundo o próprio admitiu, é fazer com que os recifenses saibam que ele é candidato. Talvez seja por isso a pressa em falar de tudo ao mesmo tempo.

Ainda não sabem

Gilson reclamou do número pequeno de debates nas emissoras do Recife (até agora só a TV Jornal e a TV Globo confirmaram programas nesse modelo). Reclamou que finalmente estava tendo tempo de falar sem que “cortassem seu microfone”. E disse que uma grande parte dos eleitores de Jair Bolsonaro (PL), aqueles que votaram no ex-presidente em 2022, ainda não sabiam que ele (Gilson) é candidato a prefeito nesta eleição.

Diferença

"A pesquisa deu um número interessante que 70% do povo do Recife não sabe que eu sou candidato a prefeito. Não tenho 100 milhões por ano para gastar com propaganda", declarou.

A referência é ao levantamento da Quaest que mostrou ele com 6% das intenções de voto, enquanto o candidato à reeleição, seu adversário, está com 80%.

Lá e cá

É nesse sentido que o candidato do PL procura buscar referências, sempre que possível, em uma simbologia nacional antagonizada pelo bolsonarismo. Para ser bolsonarista é necessário ter Alexandre de Moraes como inimigo.

Então não é por acaso que, em determinado momento da sabatina Gilson tratou de chamar João Campos de Alexandre de Moraes. “É o modus operandi dessa turma, que tá se achando impune. Sei que ele está confessando aí para os amigos que é o poderoso, o Alexandre de Moraes aqui do Recife, que ele pode tudo, que a Justiça está 100% com ele", disse, referindo-se à denúncia sobre uso político eleitoral das creches municipais.

Religião

Essa busca por elementos ligados ao público que votou em Bolsonaro nas últimas eleições também ficou clara no apelo à religião. Em determinado momento, no meio da sabatina, quando ia responder uma pergunta sobre transporte em motos por aplicativo, Gilson interrompeu tudo, baixou o olhar e pediu “perdão a Deus" por não ter falado Nele no início da entrevista, já que “sempre faz essa referência a Deus e ao Espírito Santo”.

O momento foi inusitado, aconteceu de forma rápida, pareceu sincero dentro da personalidade que o candidato demonstra, mas deu uma boa ideia sobre onde a mensagem dele precisa chegar se quiser ter chance de crescer nas pesquisas.

Vereadores

Chamou a atenção também que Gilson tenha feito questão de apresentar candidatos seus a vereador que o acompanhavam e fez isso nos bastidores da sabatina em mais de uma ocasião. Para o PL, além da prefeitura, é importante se firmar com uma bancada melhor posicionada na Câmara de Vereadores do Recife, pensando em disputas futuras.

Mas comenta-se que há um tipo de disputa interna dentro do partido para ver quem faz mais vereadores entre Gilson e o grupo dos Ferreira. É uma competição particular.

Próximo

Nesta sexta-feira (6) será a vez de Tecio Teles (Novo) comparecer à Rádio Jornal e ser entrevistado na série de sabatinas que o Sistema Jornal do Commercio promove com os candidatos à prefeitura do Recife, às 11h.

Tags

Autor