Pesquisa de hoje pode dizer se João Campos atingiu seu teto
Antecipar eleições pode trazer prejuízos e atrair crises. Por isso é algo que os políticos evitam fazer. A maioria deles, pelo menos.

Faltam menos de quatro semanas para a votação em primeiro turno da eleição municipal. Somente fazendo a contagem em semanas para dar uma dimensão do quanto é curto o período de campanha. E com o tempo curto fica muito mais difícil ver grandes mudanças no cenário do Recife.
A última pesquisa Datafolha mostrou um pequeno recuo nas intenções de voto de João Campos (PSB), de 76% para 74%. Dentro da margem de erro, mas pela primeira vez trazendo o que pode ser o início de uma tendência de queda. Será preciso aguardar os números do próximo levantamento para descobrir se essa tendência será mantida e, principalmente, se a velocidade da queda aumentará.
Gordura para queimar
É conta de padaria, mas caso ele continue caindo 2 pontos percentuais por semana, o socialista ainda chegaria ao dia da eleição com algo em torno de 66%. A esperança da oposição é que essa queda seja acentuada a partir de agora, caso contrário o improvável deverá se tornar impossível para 2024.
Esta semana não há no registro do TSE nenhuma pesquisa do instituto Datafolha no Recife programada. Mas tem do Quaest.
Quaest
Há uma pesquisa do instituto Quaest para ser publicada nesta quarta-feira (11). Em seu último levantamento, os apontaram um cenário de liderança ainda mais ampla do candidato à reeleição, com 80%.
O número de hoje já vai servir para apontar se a tendência de queda vista no Datafolha é captada também nos dados de outro instituto e se é consistente.
Desafio
Campos ter largado com números tão altos acaba sendo ruim para a imagem do candidato no longo prazo se ele não conseguir sustentar os índices.
A impressão que passa, caso fique em tendência de queda pela maior parte da campanha, é que bastou ter alguma oposição apontando problemas na gestão para que a popularidade fosse reduzida. O desafio dele é manter seus índices na casa dos 70% para os 80%. E é um grande desafio, porque é mais fácil administrar a razão do que a empolgação.
Uma campanha no caminho
Se aparecer em queda novamente, é importante observar que o simples efeito da campanha, mesmo curta, já terá sido suficiente para desgastar a imagem pública do prefeito, hoje um pouco desconectada da prefeitura e dos problemas do Recife.
Vai ficar o recado implícito de que havendo algum contraditório, como não houve nos últimos anos, a popularidade de Campos no longo prazo pode não ser tão imbatível assim.
Risco
O detalhe é que a antecipação da eleição de 2026, por parte de Campos, tem o ônus de transformar os próximos anos em campanha. Se teve vida tranquila, sem oposição até às vésperas desta eleição, e há pouca chance de derrota porque a campanha de 2024 não chega a dois meses, a tendência agora é que ele nunca mais tenha sossego, até 2026.
Antecipar eleições traz prejuízos e atrai crises. Por isso é algo que os políticos evitam fazer. A maioria deles, pelo menos.
Liberdade irrestrita
Penúltimo entrevistado na série de sabatinas com os candidatos à Prefeitura do Recife, Victor Assis (PCO) apresentou uma pauta nacional para a eleição municipal.
É que o Partido da Causa Operária produz um mesmo programa de governo para todos os municípios nos quais há candidatos. Por isso, a sabatina fica prejudicada em relação à cidade, que é o que deveria importar para o eleitor. De qualquer forma, algumas pautas apresentadas são de assustar.
Bolsonaro copiou
O candidato defende, por exemplo, armar a população e criar milícias que substituam as polícias e guardas municipais. Além disso, é contra a obrigatoriedade do uso de cinto de segurança nos carros. O PCO, segundo o candidato, defende “liberdade irrestrita”.
Se você achou que é algo muito próximo do bolsonarismo, acertou. Quando questionado sobre isso, Assis disse que "os bolsonaristas é que copiaram as pautas do PCO".
Última
Nesta quarta-feira (11) será a vez de Ludmilla Outtes (UP) ser entrevistada na série de sabatinas da Rádio Jornal com os candidatos à Prefeitura do Recife. A entrevista acontece às 11h, dentro do Debate, com apresentação de Natália Ribeiro e participação deste colunista.