O que Raquel Lyra pode comemorar e o alerta da economia para o governo
O PIB, apesar de toda a comemoração do governo, ainda não é o fim do trabalho como se espera. O resultado do PIB é indício. É meio e não fim.
A governadora Raquel Lyra (PSDB) começou, com o anúncio do resultado do PIB (maior que o do Brasil), a dar indícios, mesmo ainda pequenos, dos resultados que podem ser alcançados pelo estado nos próximos anos e do impacto político que isso terá.
Nos últimos meses, difíceis em termos de política e de gestão, a coluna alertou sobre isso em várias ocasiões. O governo estava apenas começando e ainda havia muita coisa para acontecer.
A atual gestão assumiu o governo tendo que reorientar o rumo que, nos últimos anos com o PSB no Palácio do Campo das Princesas, oscilou entre a completa falta de dinheiro e a dificuldade angustiante para descobrir o que fazer com o dinheiro quando ele apareceu.
O governo Paulo Câmara teve dificuldades financeiras, depois teve que lidar com uma pandemia e, em sua reta final, quando o dinheiro já existia, não havia projeto, não tinha plano sobre como investi-lo. Gastou-se, é verdade, principalmente no fim de 2022 bem perto da eleição. Mas gastar é diferente de investir.
Poder e sensibilidade
Qualquer grupo que assumisse o Palácio nas condições que existiam, não sendo um novo governador do PSB obrigado a fingir que estava tudo bem, teria imensa dificuldade para ajustar o plano de voo.
É verdade que a condução política não foi das melhores. Os atritos com a Assembleia Legislativa poderiam ter sido melhor resolvidos se a equipe responsável pela articulação do Executivo tivesse entendido mais cedo uma regra básica da vida: “Não é o poder que outorga a mudança, mas a sensibilidade”.
Abutres
Respeitados princípios éticos e republicanos como limite, é preciso entender a cultura política que havia nas gestões anteriores e modificá-la pelo entendimento paciente, não pela intransigência como aconteceu em alguns vários momentos.
Os meios de pressão e persuasão para apressar esse aprendizado de uma nova cultura são construídos aos poucos, como aconteceu na aproximação inicial com os prefeitos e depois com os próprios deputados sendo chamados para conversar.
O problema é que as dificuldades criaram um abismo entre o Executivo e o Legislativo. O melhor espaço aéreo para oportunistas de toda sorte abrirem suas asas como abutres é o abismo entre os poderes republicanos. Foi o que ocorreu.
Dinheiro
E como isso foi sendo construído? Para quem não estava observando com atenção, é bom lembrar: a governadora deve estar perto de completar cinquenta viagens a Brasília desde que assumiu o mandato. Desde o início ela criou um vínculo com o Planalto e aproximou-se do presidente Lula (PT).
Citamos aqui algumas vezes os relatos de alguns ministros que diziam ter recebido orientação expressa para sempre receber a governadora. Alguns brincavam que bastava falar em dinheiro que a governadora brotava no gabinete pedindo algo para Pernambuco.
Os empréstimos liberados, todos com o aval da Alepe que apesar da crise de relacionamento entendeu suas prioridades, também reforçaram o caixa da gestão. A falta de dinheiro deixou de ser problema. Faltam os resultados.
PIB é partida
O ano de 2023 e o início de 2024 serviram para limpar e arar a terra maltratada, buscar as sementes e plantar. O agricultor, quando ainda está mexendo no solo e olha para o céu, dependendo da época do ano, já sabe como será a colheita. Alguns indícios orientam ele.
O PIB, apesar de toda a comemoração do governo, ainda não é o fim do trabalho como se espera. O resultado do PIB é indício. É meio e não fim.
A partir desse resultado é possível entender que a engrenagem econômica do estado voltou a funcionar e esperar melhorias em índices de emprego e segurança pública, por exemplo. Ao mesmo tempo, serve de alerta que não pode ser ignorado.
Alerta e ação
O crescimento no Agro, na Indústria e nos Serviços obriga o governo a não cessar investimentos em infraestrutura. Estradas, fornecimento de água e de energia mais barata precisam ser prioridades ou ficaremos dando voos de galinha.
Uma vez acionada a engrenagem, os pernambucanos podem mantê-la funcionando, desde que o governo garanta sua manutenção básica. Educação técnica para suprir os setores econômicos em expansão também é essencial. Garantir que todos os pernambucanos possam usufruir dos frutos desse crescimento é o arremate final e isso se faz através de programas sociais.
Seguindo essa linha, dificilmente se deixará de ter uma boa colheita ao final desse período. E a colheita também é política, ninguém esqueça.