Rádio e TV ainda são mais importantes para a eleição do que as redes

A ilusão de que as redes sociais suplantaram as mídias tradicionais enfraquece ainda mais com os resultados que as pesquisas têm mostrado.

Publicado em 14/09/2024 às 20:00

Os guias em Rádio e TV estão chamando a atenção como catalisadores importantes dessa eleição municipal. A ilusão de que as redes sociais suplantaram as mídias tradicionais no debate político enfraquece ainda mais com os resultados que as pesquisas têm mostrado este ano.

A consolidação dos nomes que têm mais tempo de áudio e vídeo em Rádio e TV, o aumento da rejeição daqueles que não têm tempo ou inserções e as desconstruções de grandes patrimônios eleitorais com o início da propaganda tradicional são alguns dos fatores curiosos de um ambiente político no qual muita gente, ainda, achava que somente as redes sociais já resolvem uma eleição.

São Paulo

O exemplo mais impressionante dos últimos dias é a eleição de São Paulo. Enquanto a propaganda nas mídias tradicionais não havia começado, Pablo Marçal (PRTB) era o grande destaque, escalando posições, atropelando os favoritos e chegando a liderar alguns levantamentos dos institutos de pesquisa.

Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito apoiado por Bolsonaro, era o líder e foi desidratando. Nunes chegou a cair de 23% para 19%, foi ultrapassado pelo ex-coach que também se apresenta como bolsonarista e chegou a 22%. O prefeito parecia aniquilado.

Foi quando começou a propaganda dele (Nunes), com o maior tempo entre todos os candidatos.

Mudança

Com o início do guia, em 15 dias o atual prefeito chegou a 22%. E com mais uma semana alcançou 27%. Marçal, que tem apenas alguns segundos de Rádio e TV e poucas inserções, interrompeu a subida e caiu de 22% para 19%. Em uma semana, os dois candidatos que estavam empatados agora se distanciam por 8 p.p.

O efeito da influência do Rádio e da TV também está configurado na rejeição. Nunes viu o percentual de pessoas que dizem não votar nele de jeito nenhum diminuir, de 21% para 19%. Já Marçal, que tinha 38% de rejeição, escalou para 44%.

Recife

Três fatos interessantes estão acontecendo no Recife também. Apesar de a eleição estar apresentando uma vantagem muito grande para João Campos (PSB), algumas lições podem ser tiradas do comportamento do eleitor e das campanhas depois que o guia começou.

Quando começou o período eleitoral, Campos ainda subiu numa pesquisa Datafolha, indo de 75% para 76%. No mesmo período, uma pesquisa Quaest apontava 80% para o atual prefeito e candidato à reeleição.

Logo após o início da propaganda em Rádio e TV, com todos os adversários batendo nele todo dia, houve uma redução e aquele percentual mostrou-se menos consolidado do que se imaginava. No Datafolha ele caiu para 74% e na Quaest saiu de 80% para 76%.

Segue favoritíssimo, claro, mas Rádio e TV impactaram seus números que muitos acreditavam que podiam ser mantidos apenas com as redes sociais. A empolgação desses encontrou-se com a realidade.

Rejeição

Outro fato interessante é exatamente a rejeição. A de Campos era pequena e se manteve em 12%. Já a de Daniel Coelho (PSD) aumentou e chegou a 47% com o guia eleitoral, principalmente porque ele usa o guia para tentar desconstruir o líder nas pesquisas, que tem grande aprovação, atraindo antipatia.

Já com Gilson Machado (PL) a rejeição cresceu por outro motivo: Jair Bolsonaro (PL). O candidato bolsonarista reclamava que 65% dos eleitores ainda não sabiam que ele era candidato. Quando o guia começou e ele foi identificado como aliado de Bolsonaro, cresceu um pouco em intenções de voto, mas disparou em rejeição.

Gilson, assim como Daniel, tem bom tempo de TV e Rádio e um considerável número de inserções.

Vigilância

Por último, a preocupação do jurídico da campanha de João Campos em acionar na Justiça os adversários por tudo o que é dito no guia de Rádio e TV é outro sintoma de que as redes sociais são importantes, mas não conseguem suplantar os meios tradicionais de veiculação da propaganda política. E os pedidos não têm sido concedidos apenas com direito de resposta, o PSB tem pedido suspensão dos programas dos adversários, o que mostra que a propaganda incomoda, mesmo não estando no Instagram.

As mídias sociais são importantes sim, enquanto a TV e o Rádio não entram no jogo. É como observar uma partida de futebol em que o time começa com as jovens promessas e dá uma velocidade incrível ao jogo, mas não consegue fazer gol até entrarem os jogadores mais experientes que já sabem como ganhar campeonato.

Eleição Americana

O cientista político Antônio Lavareda tem uma frase para enquadrar a importância da eleição dos EUA no mundo: “Todo cidadão de qualquer país deveria votar nas eleições americanas”.

Resume bem a influência do país que possui um PIB de US$ 14 trilhões, a terceira maior população do planeta, perdendo apenas para Índia e China, além de possuir a maior força militar do planeta. Para se ter uma ideia, só a força aérea americana tem mais de 13 mil aeronaves. A segunda colocada nesse ranking é a Rússia, com cerca de 4 mil.

Foi com esses fatores em mente que Lavareda e mais o economista Maurício Romão com o cientista político Ricardo Rodrigues, uniram-se para participar de um quadro especial do programa Passando a Limpo, na Rádio Jornal. “Eleição Americana” é um bate-papo entre os três professores, com mediação deste colunista.

Impacto mundial

O quadro estreou na última sexta-feira (13) e será exibido até o fim do período eleitoral nos EUA em novembro.

Na estreia, os especialistas comentaram as estratégias adotadas pelos candidatos à Casa Branca, ações geopolíticas e impacto mundial. Foi explicado também como funciona o sistema de votação e por que alguns estados são mais importantes do que outros na hora de conquistar os votos.

Esta semana tem mais, sexta-feira (20), às 8h, no Passando a Limpo.

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