Lula fica longe de Pernambuco no primeiro turno da eleição

Em Olinda e Jaboatão, senadores petistas começaram a entrar na campanha de seus candidatos, mostrando que cansaram de esperar pelo presidente

Publicado em 20/09/2024 às 20:00

Ao que parece, o presidente Lula deve continuar evitando Pernambuco no primeiro turno das eleições municipais. Se vier, será na segunda fase da campanha, caso seus candidatos do PT passem. Mesmo assim, é algo pouco provável.

Essas chances existem em Jaboatão e Olinda. Vindo para essas campanhas no segundo turno, Lula (PT) também poderá dar um pulo em Caruaru, caso o candidato do PDT por lá, apoiado pelo PT, José Queiroz, queira. A questão é saber se eles todos querem.

O apoio do PT, e do PL de Bolsonaro, nessa eleição foi bom para os candidatos conseguirem tempo de Rádio e TV, nada mais. Fora isso, atrapalha porque intimidade demais com Lula limita a votação. E intimidade demais com Bolsonaro aumenta a rejeição.

Não vem mais

A ideia de que Lula não virá a Pernambuco foi tema de discussão esta semana no Passando a Limpo, da Rádio Jornal, com a jornalista Terezinha Nunes. Ela já tinha a informação de que os senadores Humberto Costa (PT) e Teresa Leitão (PT) iriam entrar nas campanhas do PT da Região Metropolitana. Isso significa que desistiram de esperar pelo presidente.

Em Olinda, Vinícius Castelo (PT) já teve uma agenda com a senadora pela periferia da cidade. Ele teve vídeo gravado com Lula, mas nada de agenda física. Em Olinda tudo pode acontecer. A eleição está embolada e ninguém sabe quem vai para o segundo turno. Castelo não é favorito, mas tem chance de passar.

Jaboatão

Em Jaboatão, Elias Gomes (PT) aparece em segundo lugar nas pesquisas e disputa espaço com o líder das intenções de voto, o prefeito Mano Medeiros (PL), além da deputada federal Clarissa Tércio (PP).

A situação de Elias é um pouco mais delicada, porque seus dois adversários são bolsonaristas e ele se beneficia da divisão de votos da direita. Caso vá ao segundo turno, os eleitores dos dois adversários vão se unir contra ele. E aí, pode ser que nem Lula resolva.

Caruaru

Em Caruaru, José Queiroz (PDT) está numa situação parecida com a de Elias. Uma visita de Lula pode dar uma pequena força, em qualquer momento da campanha, mas o prejuízo pode ser significativo. O pedetista está empatado tecnicamente com Rodrigo Pinheiro (PSDB), o atual prefeito.

Somados eles têm mais de 80% dos votos. O restante da votação está distribuída entre dois candidatos à esquerda e um à direita. O problema é que os votos à esquerda representam três de cada dez a serem conquistados. Se quiser ser prefeito pela quinta vez, Queiroz terá que buscar os votos que hoje estão com o bolsonarista Fernando Rodolfo (PL). Lula, nessa missão, pode atrapalhar bastante.

Alheios

A verdade é que a eleição de 2024 não está servindo de palco para Lula e nem para Bolsonaro. O eleitor pensa mais na cidade e no potencial do candidato para resolver problemas objetivos dos municípios do que se preocupa com o fato de ele ser lulista ou bolsonarista.

Para esses candidatos da esquerda, é a esperança que resta nos três municípios citados, já que a matemática ideológica não os beneficia. Quanto menos ideologia na eleição, melhor.

Todos, se quiserem ser prefeitos, terão que ir buscar votos à direita, fora de seu próprio campo. Nenhum deles poderá abraçar Bolsonaro, mas todos precisarão defender pautas que atraiam os eleitores dele.

João Campos (PSB) precisou fazer isso em 2020 para vencer Marília Arraes (na época pelo PT), saiu vitorioso e hoje manteve uma parte do eleitorado à direita em sua sombra.

Será curioso ver como Elias, Vinícius e Queiroz sustentarão suas campanhas caso passem ao segundo turno.

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