Recife: candidatos adaptam discurso para aproveitar Rádio e TV

O tom da campanha da oposição já não é inteiro sobre 2024 e isso está caracterizado nos programas eleitorais de Rádio e TV. Existe um olhar sobre 2026

Publicado em 27/09/2024 às 20:00

A eleição do Recife, por estar se encaminhando a um desfecho de primeiro turno com grande folga do primeiro colocado, gerou um ambiente de apatia nas campanhas adversárias impressionantes. Ninguém admite que desistiu, claro.

Mas o tom da campanha da oposição já não é inteiro sobre 2024 e isso está caracterizado nos programas eleitorais de Rádio e TV. Já é possível notar elementos de construção para as campanhas de 2026 de deputado federal e estadual, por exemplo.

Daniel

Daniel Coelho (PSD), por exemplo, segue fazendo críticas à maneira como o Recife vem sendo governado, mas começou a pontuar sua atuação reconhecida quando deputado em Brasília e levantar bandeiras pelas quais ficou conhecido em sua carreira política, como a questão ambiental e a proteção aos animais.

Gilson

Em paralelo, Gilson Machado (PL), com toda a dificuldade financeira que seu grupo passou a enfrentar pelo não repasse de dinheiro da Executiva Nacional do partido e os muitos reveses sofridos na Justiça, tem se limitado a exibir movimentações da investigação que ocorre sobre o caso das creches e reforçar seu vínculo com a direita no Recife e com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A vinculação a Bolsonaro, já está comprovado, não tem surtido efeito na eleição municipal. Os padrinhos políticos nacionais em nada ou quase nada conseguem alterar resultados. Gilson já está também olhando para 2026, quando o suporte de um candidato a presidente apoiado por Bolsonaro (ainda inelegível) pode impulsionar uma candidatura à Câmara.

Dani

Já Dani Portela (PSOL) poderá dizer ao fim desta campanha que cumpriu um de seus objetivos principais. A deputada estadual tinha dois focos para a eleição de 2024. O primeiro era garantir sua consolidação como o nome do PSOL em Pernambuco.

Essa solidez representativa é algo difícil no partido porque, em nome da “democracia interna” (ao menos é o nome que eles usam), sempre que alguém começa a ter alguma notoriedade, surgem atritos e apelos para que a pessoa mergulhe e promova outras lideranças.

Dani conseguiu se consolidar com boas votações e agora solidifica essa referência. Quando alguém pensa no PSOL em Pernambuco lembra dela.

PT

O segundo objetivo de Dani era mais difícil, embora fosse apontado como natural, que era a migração dos votos do PT insatisfeitos com João Campos (PSB). Ao que parece, isso não aconteceu e nem vai acontecer com facilidade.

Por ter conseguido descolar o julgamento do eleitor da administração da cidade em si, o atual prefeito conseguiu também descolar vinculações ideológicas e partidárias. Para o eleitor petista que votaria no ex-prefeito João Paulo (PT), cerca de 15% em pesquisas antes do início da campanha, pouco importa se o prefeito esnobou o partido deles.

João

No cenário inicial, pela vantagem que possuía, o que se imaginava era que Campos seria o único que não iria querer falar do Recife, focando sua campanha em construções para 2026, quando dizem que ele será candidato a governador. Pois é exatamente o contrário.

O programa eleitoral de Campos tem focado muito na cidade, com os argumentos dele, com a visão dele da realidade, claro. Mas ninguém pode dizer que ele fugiu do assunto. A campanha do PSB fez questão de usar o Rádio e a TV para desconstruir a ideia de que o prefeito não fez nada enquanto se exibia nas redes sociais. E parece ter funcionado. Ao menos pelo que as pesquisas apontam.

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