A eleição dos EUA e o ambiente político mundial que pode sair das urnas
Quando os americanos forem às urnas, Ucrânia, Rússia, Israel, Irã, Europa, Venezuela, China e Brasil estarão de olho no próprio futuro também.
Esta semana acontece a eleição dos EUA. Os próximos anos de países que foram protagonistas de guerras e outras crises nos últimos tempos podem mudar de rumo, dependendo do resultado. O cientista político Antonio Lavareda costuma dizer que a eleição americana é tão importante que todos os habitantes do mundo deveriam ter algum direito a voto. Está cheio de razão.
Resto do mundo 1
Quando os americanos forem às cabines de votação com aquela cédula esquisita e antiquada que eles ainda utilizam, Volodymyr Zelensky estará apreensivo para saber se continuará recebendo ajuda na guerra que trava contra a Rússia depois de ter tido a Ucrânia invadida.
Benjamin Netanyahu em Israel estará roendo as unhas de ansiedade para descobrir se poderá ir ainda mais longe ou não contra o Irã.
Vladimir Vladimirovitch Putin aguarda porque também sabe que seu destino e o da Rússia podem ter o roteiro alterado, dependendo de quem vença entre Kamala Harris e Donald Trump.
Resto do mundo 2
O Oriente Médio deve temer um Trump mais raivoso no caso de um segundo mandato?
A Europa será parceira dos EUA ou um peso volumoso, antiquado e malquisto embora ainda necessário, como era quando o republicano esteve no poder antes?
A China, que não enfrenta boa onda econômica, será afetada?
Como ficará a Venezuela, que grita para todos os lados estar sofrendo um cerco do imperialismo norteamericano, como se estivesse nos anos 1960. Vão contar mais os poços de petróleo venezuelanos explorados por empresas norte-americanas ou vai contar o apreço pela democracia?
Brasil
E o Brasil? Quando Trump não conseguiu se reeleger em 2020, Bolsonaro (PL) que estava na presidência e o tinha como um aliado importante sofreu um baque. O brasileiro, ignorado por líderes de várias partes do mundo, tinha nos EUA um porto seguro internacional para basear os rumos de sua política externa mambembe.
Mais que isso, a derrota de Trump lá fez o Brasil respirar novos ares aqui e ver uma mudança no ambiente político que ajudou na volta de Lula (PT) ao poder. Parte do argumento de que a esquerda no poder substituindo a direita iria destruir a ordem estabelecida enfraqueceu. E isso, com os brasileiros cansados do bolsonarismo, facilitou a vida da esquerda.
Militares
Já sob comando dos democratas, houve ainda um episódio pouco comentado atualmente, quando representantes militares de alta patente dos EUA conversaram com militares brasileiros e deixaram claro que não aceitariam qualquer tipo de golpe de estado ou outro movimento que desrespeitasse o resultado limpo das eleições. Isso desencorajou alguns integrantes das Forças Armadas brasileiras que chegaram a pensar em não permitir a posse de Lula.
Errático
Mas o governo de Joe Biden, após vencer Trump, foi uma homenagem tão eloquente à erraticidade que possibilitou o retorno do ex-adversário com força suficiente para vencer. As pesquisas mais recentes mostram um empate bastante consistente, com Trump tendo vantagem em estados considerados decisivos.
Se a eleição acontecesse hoje, a chance dele ser eleito seria maior que a da candidata do atual governo. Harris não é a favorita e, se vencer, será por fatores surpreendentes como o comparecimento dos eleitores às urnas além do esperado. Vale lembrar que o voto não é obrigatório por lá.
Afeta
Se Trump vencer a eleição que acontece depois de amanhã, nesta terça-feira (5), a relação entre Brasil e EUA pode ficar prejudicada por um tempo. Para além disso, o ambiente político no Brasil terá a direita ainda mais fortalecida, o bolsonarismo vai se empoderar dentro de seu próprio ambiente, com o ex-presidente brasileiro e seus aliados mais próximos posando com o presidente americano em momentos de estética provinciana e deprimente, mas útil para um determinado eleitorado que anda com o humor capenga.
Pensando com cuidado, é verdade: nós deveríamos ter o direito de votar nas eleições americanas. Não é o caso, então resta esperar o resultado.