Reforma ministerial de Lula pode mexer com ao menos três pernambucanos
O presidente comentou que precisa fazer uma reunião com os ministros até o Natal. Isso aumentou a possibilidade de a reforma ocorrer ainda este ano.
A reforma ministerial de Lula (PT), que ainda não aconteceu, já tem especulação correndo a toda velocidade. E ela envolve dois nomes de Pernambuco que podem crescer em importância dentro do governo. Um é André de Paula (PSD) e o outro é Silvio Costa Filho (Republicanos).
Luciana Santos (PCdoB), ministra de Ciência e Tecnologia, também é citada, mas em direção contrária.
De certo, até agora, só a saída do gaúchp Paulo Pimenta (PT) na comunicação, mas ninguém sabe quando.
Numa entrevista esta semana, o presidente comentou que precisa fazer uma reunião com os ministros até o Natal. Isso aumentou a possibilidade de a reforma ocorrer ainda este ano.
André
André de Paula atualmente ocupa a pasta de Pesca. É um ministério com a importância e a estrutura mais próximas de um roteiro teatral do que de uma máquina administrativa.
O titular é competente para missões bem mais complexas do que as que foi designado, mas não tem muitas possibilidades de atuação e acaba invisibilizado. O partido dele, o PSD, foi o maior vitorioso das eleições municipais.
Isso aumentou a pressão de Kassab (PSD), presidente nacional, por “cargos melhores”. O partido nem quer um maior número de pastas, mas não está mais disposto a aceitar a periferia das cadeiras e busca cargos de maior importância. O pernambucano pode ganhar um maior protagonismo.
Luciana
No caso de Luciana Santos, o nome dela voltou a circular com a possibilidade de sair do ministério que ocupa. É curioso porque Ciência e Tecnologia não é uma pasta que provoca desejos do centrão, mas acaba servindo como moeda de troca e acomodação para aqueles que seriam prejudicados pelos que buscam maiores espaços.
Um petista que vá ser trocado pelo centrão, por exemplo, pode acabar vendo o espaço do PCdoB como um ótimo prêmio de consolação. O problema é que o PCdoB só tem essa pasta no governo e nada mais, apesar de ser um aliado fiel. A fidelidade será colocada à prova.
Silvio Filho
Silvio Costa Filho, entre os pernambucanos, é o que está melhor cotado. Hoje ele ocupa uma pasta que inicialmente era considerada coadjuvante, de Portos e Aeroportos. O ministério foi criado para abrigar Márcio França (PSB) e passou meses sem nenhuma relevância, representando aquilo que ela foi criada para representar: cabide partidário.
Quando Lula precisou entregar algo ao Republicanos, Silvio Filho foi indicado pelo partido, assumiu o posto de França e, rapidamente, transformou o espaço de uma maneira impressionante. Hoje, a pasta de Portos e Aeroportos é considerada intermediária e Silvio Filho chama atenção pela capacidade de se articular e de se comunicar.
Articulação
Essa articulação rendeu frutos fora do ministério também. Quando o centrão entrou em crise sobre a indicação para ser presidente da Câmara dos Deputados no lugar de Arthur Lira (PP), Elmar Nascimento (União Brasil) ficou inviabilizado após passar um bom tempo como favorito ao cargo e o ministro pernambucano surgiu com a solução: Hugo Mota (Republicanos).
Mota já está ungido por lulistas, aprovado por bolsonaristas, batizado pelo centrão, e será candidato único ao cargo mais cobiçado de Brasília após a presidência da República.
Ponte
Isso chamou a atenção do Palácio do Planalto pela necessidade de um articulador que consiga ser mais hábil do que o atual ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT).
Lula precisa de alguém que tenha condições de ser ponte entre ele e o Congresso, da forma que o atual responsável nunca conseguiu. Um exemplo crucial é que o presidente da Câmara, Arthur Lira, não fala com Padilha há meses. Os dois não se suportam.
Como Silvio é um dos responsáveis pela ascensão do próximo presidente da Câmara e os dois são do mesmo partido, o ministro dos Portos está entre os cotados para cuidar da articulação e trabalhar dentro do Palácio ao lado de Lula nos próximos meses.
Silvio também tem um ótimo relacionamento com Lira e se dá bem com a esquerda e com a direita. A missão dele seria organizar a base nas votações e atender os deputados.
Dificuldade
O único problema que o ministro pernambucano pode ter no governo é o PT. Um desavisado lendo notícias da política pode achar que se trata de um partido de oposição, mas é a sigla do presidente. Até quem é do PT e trabalha próximo de Lula vira alvo dos petistas. Imagine sendo do Republicanos, um partido que não apoio o presidente na eleição.