OPINIÃO

Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico inviabiliza promessa de Bolsonaro de reduzir em 37% as emissões de carbono até 2025

Em vez de investir em energia limpa e barata, como solar e eólica, reduzindo emissões, o governo favorece as térmicas de alto custo e de elevada emissão carbono. As usinas termelétricas sujas, a diesel, gás ou carvão custam mais de R$20 bilhões por ano aos cofres públicos. Leia a opinião de Cláudio Humberto

Cláudio Humberto
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Cláudio Humberto
Publicado em 07/05/2021 às 7:53
Foto: Tiago Queiroz / Estadão
As distribuidoras de energia tentam inviabilizar a energia solar, por exemplo, porque rapidamente tornaria as térmicas dispensáveis. - FOTO: Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Promessa a Joe Biden

Ao confirmar outra vez o uso de termelétricas sujas e caras para "garantir energia", o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, do Ministério de Minas e Energia, inviabilizou a promessa do presidente Jair Bolsonaro na recente Cúpula do Clima, diante do americano Joe Biden, de reduzir em 37% as emissões de carbono até 2025. Em vez de investir em energia limpa e barata, como solar e eólica, reduzindo emissões, o governo favorece as térmicas de alto custo e de elevada emissão carbono. As usinas termelétricas sujas, a diesel, gás ou carvão custam mais de R$20 bilhões por ano aos cofres públicos. O ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) já adotou o discurso pró-térmicas: "falta de chuva" e "o baixo nível dos reservatórios". A "bandeira vermelha", que em 2021 vai vigorar até o fim do ano, é uma invenção da Aneel para garantir R$20 bilhões anuais para as térmicas. As distribuidoras de energia tentam inviabilizar a energia solar, por exemplo, porque rapidamente tornaria as térmicas dispensáveis.

Não há mocinhos na disputa

A carta pública da representante de Comércio dos Estados Unidos, Katherine Tai, declarando apoio à suspensão de patentes de vacinas anti-covid, foi interpretada como "decisão" do governo americano, mas foi apenas uma declaração. Nada mudou. Tai, que representa os EUA na Organização Mundial do Comércio, animou os ansiosos por bajular o governo americano, mas ela deixou claro que seu governo "participará de negociações baseadas em texto" na OMC, e diz que "vão demorar". Índia e a África do Sul propuseram suspender partes do acordo Trips sobre todas as patentes, e não apenas vacinas contra covid. Suspender o Trips permitiria a apropriação de tecnologia de terceiros sem o consentimento do criador, que é o pré-requisito atual na OMC. A Índia cita só duas indústrias cujos direitos permanecem intocáveis: a fonográfica (música) e de radiodifusão (TV e cinema).

Pagamos?

Momentos antes do depoimento dr Marcelo Queiroga (Saúde) na CPI, o senador Randolfe Rodrigues provocou vergonha alheia ao pedir a "garantia" de testes semanais de covid. Leia-se, pagos pelo Senado. Curioso. Nada impede que o bem pago senador pague o próprio teste.

Velhos truques

Como não dava para culpar o recém-empossado Marcelo Queiroga pelos erros no combate à pandemia, a maioria oposicionista na CPI optou pela estratégia de não permitir que ele falasse, interrompendo-o a cada frase.

Preto e branco

A minuta do edital da tecnologia 5G no Brasil, divulgada pela Anatel, prevê que instalação de fato em julho de 2022. Ou seja, o 5G ainda não existe no País, ao contrário do que dizem propagandas das operadoras.

Escória

Maus brasileiros mostraram sua natureza na pandemia. O laboratório de cibersegurança da PSafe encontrou 49 aplicativos falsos para enganar a turma do Auxílio Emergencial. Foram mais de 5 milhões de downloads.

Retomada

Depois de ressurgir na CPI, com direito a divulgação do próprio livro, o ex-ministro e ortopedista Mandetta vai falar sobre vacinação em encontro na Associação Comercial de São Paulo.

Falta pouco

Apesar das restrições ao comércio vigorarem em muitas cidades do país, a associação de lojistas de shoppings (Alshop) prevê vendas cerca de 20% menores que em 2019, antes da pandemia. Já foi bem pior.

Frase

"Acolher todos para que cheguemos a um consenso" - Marcelo Queiroga (Saúde), na CPI, sobre estudos do Ministério sobre tratamento precoce.

 

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