Coluna Cláudio Humberto

Doria exigiu provas do fim da conspiração contra sua candidatura

Para provar isso, presidente do PSDB, Bruno Araújo, submeteu ao agora ex-governador de São Paulo uma carta aberta a todo o partido garantindo-lhe a legenda e apoio à candidatura

Cláudio Humberto
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Publicado em 01/04/2022 às 10:08 | Atualizado em 01/04/2022 às 10:09
ISAC NÓBREGA/PR
Pré-candidato à presidência pelo PSDB, João Doria - FOTO: ISAC NÓBREGA/PR

A ameaça de desistência de João Doria foi uma cartada política certeira com o significado de "pedala" no presidente do PSDB, Bruno Araújo, que em entrevistas praticamente descartava o ex-governador na disputa pela Presidência da República. Chegou a dizer que Doria não era candidato do PSDB e sim o indicado por um "pacto de partidos". Assustado com a ameaça, que implodiria a sigla, ele suplicou a Doria para reconsiderar. Doria exigiu provas do fim da conspiração contra sua candidatura. Para provar isso, Araújo submeteu a Doria uma carta aberta a todo o PSDB garantindo-lhe a legenda e apoio à candidatura. O presidente do PSDB afirmou, no documento, o que vinha negando em sucessivas entrevistas: "as prévias serão respeitadas pelo partido". Araújo disse na carta que "não há e nem haverá qualquer contestação do partido à legitimidade da sua candidatura". Era o que ele vinha fazendo. Doria tinha outra condição: Eduardo Leite deveria reconhecer o resultado das prévias publicamente. No meio da tarde, o político gaúcho fez isso.

Bruno ignorou o próprio tamanho

O presidente nacional do PSDB, ex-deputado Bruno Araújo, cometeu o erro primário de se achar mais
relevante que o candidato eleito pelos filiados, nas prévias, para disputar a campanha presidencial. Como
um novato, passou a ignorar a figura de João Doria e a negociar com União Brasil e MDB um "pacto" que, em sua cabeça, começava pelo descarte do tucano ungido, que o derrotou e a Eduardo Leite nas prévias. Bruno Araújo se deixou incensar pela velha guarda tucana, também derrotada nas prévias, em atitude que Doria chamou de "golpista". O grupo hostil a Doria, que se achava dono do PSDB, tem figurões como Tasso Jereissati (CE), José Aníbal (SP) e Aécio Neves (MG). A permanência de Leite no PSDB, após renúncia ao governo, foi a senha que assanhou Araújo e a turma que tentava dar uma rasteira em Doria.

Esporte

A trairagem no PSDB, do qual participou o gaúcho Eduardo Leite contra a candidatura presidencial de
João Doria, confirma a sábia sentença de Graciliano Ramos: "O esporte nacional não é o futebol, é a
rasteira".

Compromisso

João Doria esteve decidido a desistir. Mas foi o amigo Orlando Morando, prefeito de São Bernardo, exímio
articulador, quem o fez ver que, na política, é preciso honrar a palavra. E Doria havia prometido entregar o governo de São Paulo ao vice, Rodrigo Garcia, e disputar a Presidência.

Meta é Planalto

Filiando-se ao União Brasil, o ex-juiz Sérgio Moro chegou pedindo licença para entrar. Divulgou nota afirmando que chegava ao partido para ser soldado. Lorota. Chegou para ser candidato a presidente mesmo.

Além dos limites

O jurista Ives Gandra Martins deu breve aula de Direito Constitucional, durante entrevista ao canal BrandNews TV, para sustentar que o ministro Alexandre de Moraes tenta reescrever a Constituição e o Código Penal, criando o "flagrante perpétuo" para cercear direitos cidadãos.

1º de abril

A filiação ao PSDB do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia foi marcada para esta sexta-feira (1º). Só por coincidência, foi expulso do Democratas para se tornar tucano no Dia da Mentira.

PL à frente

O PL do presidente Bolsonaro já registrava 69 deputados na bancada federal, até ontem, véspera do
fim da janela. É a maior bancada da Câmara dos Deputados, com 16 parlamentares a mais que o PT.

Frase

Quem tem que cuidar disso é o governo federal, não ONGs" - Senador Luiz do Carmo lembra que ONGs já exploram riquezas naturais e minerais

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