Coluna do Estadão

Políticos armam para tomar Itamaraty de assalto

Chamou a atenção, durante recepção na residência da embaixada do Brasil em Portugal, senadores e deputados observando sua decoração, obras de arte, carros com motoristas. Todos babando de ambição

Cláudio Humberto
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Cláudio Humberto
Publicado em 08/06/2022 às 7:11
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Itamaraty é a casa dos diplomatas brasileiros - FOTO: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Já se percebia em Lisboa, novembro passado, durante mais um evento de turismo judiciário e parlamentar, a trama do Congresso para aparelhar politicamente a diplomacia. Chamou a atenção, durante recepção na residência da embaixada do Brasil em Portugal, senadores e deputados observando sua decoração, obras de arte, carros com motoristas. Todos babando de ambição. O tema das conversas era "capturar" os cargos da diplomacia, uma das poucas áreas protegidas de políticos oportunistas. Paulo Azi (União-BA), presidente do conselho de ética da Câmara, que coisa, foi visto fazendo um tour pela residência oficial, com ar de dono. Nesse clima de cobiça, citavam a PEC 34, de Alcolumbre et caterva, que os permite assumir embaixadas sem renunciar ao mandato. "Claro, tem que ser sem perda de mandato", salivava Aécio Neves, do PSDB, ex-presidente da comissão de Relações Exteriores da Câmara. Convidados à recepção observaram o deputado Domingos Neto (PSD-CE) fazendo pose de embaixador, fazendo piada. Já se via no cargo.

Na última hora

O presidente do Paraná Pesquisa, Murilo Hidalgo, estima que há uma boa parcela da população que vai
definir o voto apenas a poucos dias da eleição. Seja por desconhecimento, descontentamento ou desinteresse.

MP investiga fraude de cooperativas

Inquérito aberto no Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) investiga a cobrança indevida de valores e a venda de "vagas" no projeto habitacional Alto Mangueiral, de 7 mil unidades, em São Sebastião, perto de Brasília. Cooperativas são alvos da investigação, sobretudo duas, Asspen-DF e Coopermusa. O projeto é do governo do DF, mas quem o coordena na prática é uma advogada de direito fundiário, Fabiana Torquato, ligada a um senador de oposição, Izalci Lucas (PSDB-DF). O projeto é comandado pela cooperativa Assmpc, que entregaria as unidades a 311 outras cooperativas, e cada uma delas a 20 associados. Cooperativas são acusadas de vender ilegalmente "vagas" aos contemplados por até a R$30 mil, que iriam para o bolso de diretores. A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social deve apurar denúncias de enriquecimento ilícito dos personagens envolvidos.

Responsabilidade

O presidente da Câmara, Arthur Lira, quer ouvir o Cade sobre medidas a serem adotadas diante do abuso da Petrobras para lucrar mais. "Não pode a Petrobras ter margem de lucro de 31% e a Shell, 6%", disparou.

Tribunal

Com post repleto de insinuações estranhas, o TSE foi às redes dar uma de psicólogo para explicar a "dissonância cognitiva", conceito acadêmico da psicologia sobre ideias contraditórias. Tudo a ver com
justiça eleitoral.

Torcida

O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB), que vai disputar mandato de deputado federal por São Paulo, diz torcer pela eleição do ex-juiz Sérgio Moro, que o condenou à prisão, "para ter como enfrentá-lo".

À capela

O som não funcionou na hora do Hino Nacional, durante a cerimônia "Brasil Pela Vida e Pela Família", no
Planalto. Sem se fazerem de rogados, presidente Jair Bolsonaro e convidados cantaram à capela.

Inacreditável

Algumas ONGs, algumas de má reputação, pediram a Joe Biden para "pressionar" o presidente Jair Bolsonaro a "respeitar a democracia". Algo como devolver o acesso dessa turma ao dinheiro público, hoje vedado.

Frase

A gente não pode fazer tudo. Mas fazer nada não é uma opção" Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, sobre a alta de preços dos combustíveis

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