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Semana do Brasil promete descontos no comércio mas não empolga comerciantes

Intenção de consumo das famílias pernambucanas vem crescendo, segundo a Fecomércio, mas a data criada no ano passado para incrementar movimento nesta época do ano ainda não "pegou".

Edilson Vieira
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Edilson Vieira
Publicado em 31/08/2020 às 22:35 | Atualizado em 31/08/2020 às 22:35
WELINGTON LIMA/JC IMAGEM
Comerciantes apostam no aumento do fluxo de clientes como sempre acontece no final do ano - FOTO: WELINGTON LIMA/JC IMAGEM

Apesar da intenção de consumo entre os pernambucanos vir aumentando, a Semana do Brasil, período de promoções no comércio criado no ano passado pelo Governo Federal para ser uma espécie de Black Friday à brasileira, não está empolgando os comerciantes. A semana de promoções a nível nacional começa na próxima quinta-feira, dia 3, e vai até o dia 13 de setembro.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife, Cid Lôbo, diz que a data ainda “não pegou” localmente e está mais ligada ao comércio de grandes redes varejistas. “A Semana do Brasil tem sido divulgada, mas não é uma coisa muito forte, não. Ela funciona mais a nível nacional”, afirmou o presidente. A CDL Recife não vai fazer nenhuma campanha específica e deixou a critério de cada comerciante aderir ou não a Semana do Brasil. “Por conta da pandemia está mais complicado articular as coisas”, explicou Cid Lôbo.

De acordo com o material de campanha da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência da República), responsável pela divulgação da semana de descontos, o evento "vai unir comércio e varejo para celebrar a retomada da economia". A intenção é marcar a primeira data comemorativa do varejo após a reabertura do comércio. O conceito da campanha publicitária que começa a ser veiculada esta semana por emissoras de TV, rádios, internet e redes sociais é "vamos em frente, com cuidado e confiança".

Para o economista da Fecomércio-PE, Rafael Ramos, a Semana do Brasil não deve colaborar para aumentar consideravelmente o movimento no comércio em Pernambuco. “É uma data que o governo está tentando criar para tentar enfraquecer a Black Friday, que é perto do natal, mas a gente não vê investimentos em propaganda. No ano passado ainda houve algumas adesões, mas este ano ainda tem um complicador que é o cenário de baixo faturamento do comércio”.

Rafael Ramos diz que o movimento do comércio, apesar de crescente, ainda está muito baixo, o que desencoraja comerciantes, principalmente os menores, a fazerem promoções nesta época do ano. “Promoção para o empresário significa redução no faturamento em troca de maior volume de vendas. Algo que só os grandes varejistas têm margem para fazer com frequência”, afirmou o economista.
O Palácio do Planalto divulgou que, no ano passado, segundo a Ebit/Nielsen, as vendas online durante a Semana do Brasil cresceram 41% em relação ao mesmo período de 2018. Já as vendas no varejo registraram crescimento nominal de 11,3%, segundo levantamento da Cielo. De acordo com o governo, em 2019, mais de 14 mil empresas participaram da Semana Brasil.

SHOPPINGS

Alguns shoppings do Grande Recife estão anunciando adesão a Semana do Brasil. O Shopping Guararapes participará da segunda edição da campanha com praticamente 90% das lojas ofertando descontos nos segmentos de vestuário, calçados, infantil, tecnologia, alimentação e eletroeletrônicos. Já no Plaza Shopping as promoções abrangem produtos como vestuário adulto e infantil, calçados, acessórios, perfumaria, cosméticos e serviços de estética e beleza. As lojas estarão com descontos de até 50%. O Shopping Costa Dourada, localizado no Cabo de Santo Agostinho, estará participando com diversas operações dando descontos de até 70% em suas lojas

CONSUMO 

O índice de Intenção de Consumo das Famílias Pernambucanas, estudo feito pelo Instituto Fecomércio-PE, apresentou crescimento em agosto, após quatro quedas consecutivas. O indicador serve como um antecedente do consumo, e se baseia na segurança financeira em realizar compras a partir do ponto de vista dos consumidores. O economista da Fecomércio-PE, Rafael Ramos declarou que o resultado já era esperado para o mês de agosto. “Já no mês passado, em julho, percebemos uma intenção em comemorar o Dia dos Pais bem maior do que demonstrado em relação as datas anteriores e que foram comemoradas dentro do período de isolamento, como o Dia das Mães, Dia dos Namorados e os Festejos Juninos, datas importantes para o faturamento do comércio”, apontou Ramos.

O indicador atingiu os 57,8 pontos em agosto, acima dos 54,7 registrados em julho deste ano, mais ainda muito abaixo dos 78,7 de agosto de 2019. “A intenção de consumo continua na zona de avaliação negativa, abaixo dos 100 pontos, e esta condição vem desde agosto de 2015. Para recuperar essa intenção de consumo perdida, o fundamental é a geração de empregos”, diz o economista.

Mesmo assim, Ramos acredita que o consumo deva permanecer em crescimento até o final deste ano, por conta dos recursos extras gerados pelo auxílio emergencial e pagamento de parcelas do FGTS. “Só o auxílio emergencial injetou em Pernambuco, entre abril e julho, cerca de R$ 6,7 bilhões. Foi muito dinheiro, e que colaborou para que setores como móveis e eletrodomésticos ainda mantenham alto volume de vendas”. Outra contribuição da ajuda emergencial foi colaborar para reduzir a dívida das famílias, o que se traduz em compras e acesso à crédito mais adiante, explicou Ramos. Pernambuco foi o quarto estado que mais recebeu recursos do programa, ficando atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais e Bahia.

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