ENSINO

Famílias iniciam o ano com dúvidas sobre aulas presenciais ou online

Até na compra de material escolar a opção por ensino presencial ou remoto tem influência. O Procon-PE dá algumas orientações

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Edilson Vieira

Publicado em 15/01/2021 às 20:12
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Indefinição e dúvida estão marcando a vida dos pais e mães com filhos em escolas particulares. Muitos, apesar de terem feito a matrícula, ainda não sabem se as crianças irão estudar remotamente, em casa, como foi na maior parte do tempo no ano passado, ou vão permitir que seus filhos voltem a frequentar as aulas presenciais. A permanência da pandemia tem adiado a decisão. A dúvida aumenta na hora de comprar o material escolar. É preciso comprar o material todo de uma vez? Quem optar pelo ensino à distância pode abrir mão da lista exigida pela escola?

A comerciante Adriana Tabosa cumpriu esta semana o ritual de todo o início de ano. Percorrer as papelarias com a lista de material escolar, mesmo sem saber se a filha, Cícera Letícia, de 14 anos, vai estudar em casa ou de forma presencial. Adriana contou que a escola da filha, localizada em Camaragibe, Região Metropolitana do Recife, deve fazer uma reunião com as famílias para decidir como será o ano letivo. “Se a maioria decidir ficar em casa, acho que escola não vai abrir as salas de aulas”, acredita. De qualquer forma, a comerciante achou melhor comprar todo o material, mesmo porque, disse ela, a lista está menor este ano. “Não devolveram o material da minha filha que eu deixei na escola no ano passado. Talvez por isso a lista desse ano tenha ficado menor”, acredita a comerciante.

RECLAMAÇÃO

Esta é uma situação recorrente. A dos estabelecimentos de ensino que não devolveram o material escolar não utilizado pelos alunos em 2020. Aconteceu com a comerciante Márcia dos Anjos. A filha dela, Analice, de 8 anos de idade, cursou o 2º ano do Ensino Fundamental em uma escola particular do bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife. A comerciante conta que Analice estudou por nove meses em casa, não retornando às aulas presenciais mesmo depois da autorização da escola. “No final do ano passado, fui ao colégio tentar recuperar o material escolar que não foi utilizado. Lá me disseram que, mesmo sem aulas presenciais, os professores tinham aproveitado as tintas, papéis, cola e lápis de cor em atividades nos dias comemorativos do calendário escolar. Não concordei mas, não tive como contestar”, contou Márcia.

A gerente de fiscalização do Procon-PE, Danyelle Sena, explica que não existe mais o material escolar de uso coletivo. Todos os itens da lista devem ser de uso individual do aluno. “Muita gente tem o costume de comprar todo o material de uma vez no início do ano e deixar tudo na escola. É quase cultural. Mas, independente da pandemia, o Código Estadual de Defesa do Consumidor diz que o material tem que ser entregue na escola conforme o uso. As atividades ao longo do ano devem seguir inclusive um cronograma. Tal material vai ser utilizado em tal bimestre, e assim por diante”. Danyelle disse ainda que a lei se aplica inclusive aos livros paradidáticos. “Comprar e entregar tudo de uma vez no início do ano é uma opção da família, mas não é obrigatório”, diz a gerente do Procon.

CRÉDITO

Quanto à devolução do material não utilizado, a gerente de fiscalização disse que a medida foi adotada no ano passado, quando começaram a publicação das portarias que já mencionavam o não uso do material por conta das aulas remotas. “Inclusive as escolas que substituem a lista de produtos por uma taxa de material escolar, devem fazer uma prestação de contas junto à família. Se houve sobra de valores, a escola deve gerar um crédito para o aluno”, afirmou Danyelle Sena.

A psicóloga Walkyria Cabral optou por, de início, deixar as filhas Beatriz, de 10 anos, e Bianca de 6, estudando em casa. “Pelo menos neste primeiro trimestre, enquanto a vacina não chega”. Ela diz que a escola onde as meninas estudam preparou duas listas diferentes de material escolar. Uma para o ensino remoto e outro para o presencial. “Facilitou muito e reduziu as despesas. Acho que a lista ficou 50% mais barata para quem vai assistir às aulas online”, comemorou Walkyria.

PLANEJAMENTO

O diretor do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de Pernambuco (Sinepe), que congrega as escolas particulares, professor Arnaldo Mendonça, disse que não há uma norma geral definida pelo sindicato de como as escolas devem planejar o retorno das aulas. “Cada escola conhece sua comunidade e sua realidade”, argumentou.

Arnaldo Mendonça, também é diretor do Colégio Dom, localizado em Olinda. O professor disse que no estabelecimento de ensino que ele dirige foi realizada uma pesquisa para saber se os pais iriam renovar a matrícula para 2021, e que tipo de ensino iriam preferir para os seus filhos, se on line ou presencial. “O resultado foi 2/3 para o on line e 1/3 para o presencial”, revelou Mendonça. O colégio vai então adotar turmas exclusivas para ensino remoto e presencial. “Dessa forma, quem estuda em casa vai ficar em casa a semana toda, enquanto a outra turma vai frequentar as aulas presenciais todos os dias”. Em relação ao material escolar do Ensino Infantil, o colégio determinou que os pais que optarem pelo ensino remoto comprem o material para ser utilizado em casa.

Arnaldo Mendonça acredita que a chegada da vacina contra a covid-19 pode modificar tudo. “Mesmo que a vacina não seja, inicialmente, para todo mundo, o efeito psicológico será muito grande. Dará uma sensação de que as coisas estão voltando ao normal. Aí a procura pelo ensino presencial deve crescer”, afirmou o diretor do Sinepe.

 

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