TECNOLOGIA

Cresce procura por seguro de vida e já tem empresa oferecendo até seguro emocional. Entenda

Mudanças recentes na regulamentação do setor de seguros no Brasil permitiram que empresas de tecnologia ofereçam serviços com menos burocracia e mais flexibilidade

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Edilson Vieira

Publicado em 23/03/2022 às 19:28 | Atualizado em 23/03/2022 às 20:09
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Os brasileiros estão contratando mais seguros de vida. Segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep), que controla e fiscaliza o setor no País, os vários segmentos de seguros apresentaram crescimento de 6,8% em janeiro deste ano em relação a janeiro de 2021. Foram arrecadados no primeiro mês do ano R$ 23,06 bilhões. O grande destaque foi o seguro de vida, que atingiu o montante de R$ 1,92 bilhão nos primeiros 30 dias deste ano, o que corresponde a um crescimento de 17,8% em relação a janeiro de 2021.

Aliado a necessidade de maior segurança em tempos de pandemia, outro fator que colaborou para que o seguro de vida esteja se tornando mais popular tem a ver com o "sandbox". A tradução literal do termo (caixa de areia), não ajuda muito a entender um novo modelo regulatório que, desde 2021, permite que startups participem do setor como alternativa aos produtos e serviços tradicionais oferecidos pelas seguradoras. As primeiras empresas autorizadas a participar desse ambiente têm em comum o fato de serem "insurtechs", termo que vem da junção de insurance (seguro) e technology (tecnologia), ou seja, empresas 100% digitais, e que buscam inovação para conquistar uma vaga no bilionário mercado de seguros.

Na definição da Susep, o sandbox regulatório "é um ambiente experimental constituído com condições especiais, limitadas e exclusivas que não representem barreiras à inovação. O ambiente tem como objetivo reduzir os custos e facilitar os processos para os consumidores, com foco na melhoria da experiência do usuário". Foi o sandbox regulatório que permitiu a criação de empresas como a Emotion, que se denomina como o primeiro seguro de vida emocional do País.

"Não estamos focados em oferecer apenas um serviço de reserva financeira, queremos promover o conforto emocional e afetivo dos beneficiários", diz o fundador e CEO da Emotion, Wladimir Chinchio, tentado resumir os objetivos da empresa.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Na prática, o segurado tem à sua disposição a possibilidade de montar dentro da plataforma da Emotion um acervo digital, muito semelhante a um "stories" do Instagram, com fotos, vídeos, textos, gravações e memórias que serão armazenados e entregues aos familiares e beneficiários indicados pelo segurado, depois de sua morte. 

"O segurado acessa o aplicativo e é orientado pelo Guido, um assistente virtual, que utiliza inteligência artificial para dar as boas-vindas e guiá-lo na construção da sua jornada e no registro de suas memórias na plataforma", diz Wladimir. Como toda empresa digital, a praticidade é a tônica do negócio. Através de um aplicativo, o usuário contrata o seguro, que terá validade instantânea, e vai organizando suas histórias com o decorrer do tempo. No final, terá um acervo para inspirar e confortar quem ele desejar após a sua partida. Se em algum momento ele desistir de manter o seguro, vai receber todo o material arquivado em formato zipado. Enquanto estiver sob a guarda da empresa o material é criptografado, e nenhum funcionário tem acesso ao seu conteúdo.

O seguro de vida emocional cobre apenas morte acidental. Tem um custo baixo, a partir de R$ 13,75 por mês, para uma indenização de R$ 15 mil. O segurado pode, a qualquer momento, aumentar o valor da cobertura (e consequentemente a mensalidade), até o valor máximo de indenização de R$ 100 mil. Segundo informações da Susep, as empresas autorizadas a funcionar como "seguradoras digitais" podem atuar por até três anos dentro do modelo Sandbox, com menor custo regulatório e mais flexibilidade para inovar. Depois disso, podem se estabelecer como seguradoras, serem incorporadas por outras empresas ou venderem suas operações.  Wladimir Chinchio projeta para um futuro próximo a associação a grandes seguradoras, aproveitando inclusive a estrutura de corretagem para que a versatilidade da Emotion seja mais uma opção dentro do vasto mercado de seguros que está vivendo, talvez, sua maior revolução.

 

 

 

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