COMBUSTÍVEIS

Carro que explodiu quando abastecia com GNV no Rio de Janeiro usava cilindro adulterado

Informação da Federação Nacional da Inspeção Veicular (FENIVE) se baseou nas primeiras análises sobre o acidente ocorrido na terça-feira (26) e que deixou uma vítima fatal

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Edilson Vieira

Publicado em 27/07/2022 às 17:33 | Atualizado em 27/07/2022 às 17:48
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A Federação Nacional da Inspeção Veicular divulgou nota sobre o acidente, ocorrido nesta terça-feira (26) que provocou a morte de Mário Magalhães da Penha, 67 anos. O motorista foi atingido em cheio pela explosão do cilindro de GNV quando abastecia o veículo. 

Magalhães chegou a ser encaminhado ao hospital, mas veio a falecer na madrugada desta quarta-feira (27), menos de 24 horas depois do episódio.

Segundo a federação que representa as empresas de inspeção veicular, o sistema GNV é seguro. Mas há procedimentos a serem adotados na instalação e manutenção do sistema.

Segundo as informações fornecidas pela federação, o levantamento preliminar realizado por especialistas em inspeção veicular que foram até o local do acidente mostrou que o cilindro presente no carro envolvido no acidente não era o mesmo que havia sido inspecionado no veículo em 2021.

A inspeção veicular periódica é uma das exigências legais para que o carro que passou pela conversão possa circular regularmente.

Cilindro de GNV que explodiu era adulterado

Conforme apontaram as análises preliminares, o cilindro que estourou teria sido retirado de um veículo que havia sido roubado em 2016.

"É provável que o cilindro tenha passado por incêndio e, depois de ter sido repintado e adulterado, foi instalado no veículo. Não é possível afirmar se o proprietário do veículo tinha ciência disto. Outras afirmações só serão possíveis depois do resultado final da perícia", informou a federação.

O órgão explicou ainda que a cidade do Rio de Janeiro conta com uma lei municipal que prevê verificação do selo GNV para que o veículo seja abastecido (Lei 7.024/2021).

"Tudo indica que esta legislação não foi cumprida pelo estabelecimento, apesar de estar em vigor". Dados de junho de 2022 da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) mostram que existem mais de 2,6 milhões de veículos com GNV (Gás Natural Veicular) instalados no Brasil.

O sistema de GNV é seguro. Os componentes são certificados pelo Inmetro e passam por rigorosos testes de confiabilidade. Cilindros de GNV, por exemplo, podem ser alvejados por projéteis de fuzil, sem estourar, e suportam pressões muito maiores que aquelas do abastecimento, informou a Fenive.

Instalação de GNV em veículos usados

Em geral, o GNV é instalado nos veículos usados, através de um processo de modificação veicular. O proprietário do veículo solicita autorização prévia ao Detran, realiza a instalação do kit em oficina homologada pelo Inmetro, para então realizar a inspeção veicular em empresas acreditadas pelo Inmetro e licenciadas pela Senatran (ITL – Instituição Técnica Licenciada).

Após a inspeção, o veículo é regularizado no Detran, que inclui o combustível no documento. Todos os anos os veículos com GNV devem passar por inspeção periódica para verificação do sistema GNV e demais sistemas de segurança do veículo.

Quando aprovado, o proprietário do veículo recebe o selo GNV, de porte obrigatório. A cada cinco anos o cilindro deve passar por um processo de requalificação para garantir suas características mecânicas.

IRREGULARIDADE 

A Fenive informou que tem feito pesquisas de campo de veículos abastecendo com GNV em diversas cidades, com foco no Rio de Janeiro. Ficou constatado que mais de 40% dos veículos que foram abastecidos tinham alguma irregularidade.

Cerca de 39% dos veículos pesquisados estavam com a inspeção veicular periódica vencida. Além disso, outros 15% não tinham nenhuma inspeção registrada. 95% dos veículos pesquisados foram no Estado do RJ.  

Há Estados que possuem leis para tentar coibir abastecimento de veículos irregulares, exigindo a apresentação do selo GNV, mas a Fenive entende que somente com sistemas informatizados será possível controlar estes abastecimentos.

Em Santa Catarina há uma lei estadual que prevê a leitura de selo GNV com chip para desbloquear o abastecimento na bomba. Mas a lei ainda está sendo implementada.

Não há estatísticas oficiais de sinistros envolvendo veículos com GNV instalado, mas só no Rio de Janeiro ocorreram pelo menos oito acidentes entre 2016 e 2019. Houve outro acidente em Maceió, em 2020 e outros três esse ano, sendo dois no Rio de Janeiro e um em Fortaleza.

Os acidentes, já investigados, ocorreram com veículos irregulares, com cilindros sem condições de uso.

 


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