Por Margarida Azevedo, da coluna Enem e Educação
A falta de professores para ministrar 276 disciplinas na Universidade de Pernambuco é mais um capítulo do sucateamento da única instituição de ensino superior estadual. Com uma comunidade acadêmica de cerca de 25 mil pessoas, entre alunos, docentes e técnicos, há anos a UPE vem sofrendo com escassez de recursos. Em 2019, o governo estadual não repassou nenhum centavo para despesas de capital, assim chamados os investimentos em aquisição de equipamentos, livros e obras.
Em outros anos, as verbas com essa destinação foram escassas. Em contrapartida, a UPE vem crescendo - existe hoje em 10 cidades pernambucanas - o que demanda mais recursos. Mas falta dinheiro para questões básicas, como comprar material de laboratórios, investir nas bibliotecas, consertar aparelhos de ar condicionado. A saída, muitas vezes, tem sido buscar apoio de parlamentares do Congresso Nacional, por meio de emendas. Ou através de agências de financiamento. Só que não é suficiente.
Na educação, a publicidade do governo Paulo Câmara gira em torno das escolas integrais, do ensino técnico, do intercâmbio por meio do Programa Ganhe o Mundo e da melhoria dos indicadores de aprendizagem. Ótimo, tem mesmo que investir na educação básica. Porém é preciso olhar com atenção, também, para a universidade estadual.
Com mais jovens concluindo o ensino médio e interessados no ensino superior, é estratégico fortalecer a UPE. Seja para formar mão de obra qualificada, seja para realizar pesquisas que contribuam para o desenvolvimento do Estado.
Iniciar o ano letivo com tantas lacunas de docentes compromete o nome da instituição e põe em xeque a formação de tantos estudantes. Frustra sonhos e expectativas de quem lutou tanto para ingressar na UPE. E pega mal para um governo que tem chamado a atenção, no País, justamente na área educacional.
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