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Aluno surdo é o primeiro a defender tese de doutorado na UFPE

Marcelo Amorim vai defender seu trabalho na próxima segunda-feira (09), no Centro de Informática. Ele pesquisou a acessibilidade de ambientes virtuais para surdos

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 06/03/2020 às 17:47 | Atualizado em 06/03/2020 às 18:48
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Marcelo Amorim é o primeiro aluno surdo a defender tese de doutorado na UFPE - FOTO: DIVULGAÇÃO

Com informações da UFPE

Pela primeira vez na história da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) um aluno surdo defenderá uma tese de doutorado. Marcelo Amorim, 38 anos, vai apresentar seu trabalho na próxima segunda-feira (09), no Centro de Informática (CIn). Ele abordou a acessibilidade de ambientes virtuais para surdos. A partir de suas próprias experiências como pessoa surda e o acesso ao conteúdo de aprendizado na sala de aula, Marcelo percebeu que não apenas ele, mas outros alunos com a mesma vivência também encontravam dificuldades no desenvolvimento das atividades acadêmicas durante sua formação.

Atualmente, Marcelo é professor do curso de Letras Libras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Tendo a EaD para surdos como foco em sua linha de pesquisa, o aluno desenvolveu em seu trabalho de doutorado a intersecção de três campos: a Design Science Research, a Educação a Distância e a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Na tese, ele investigou a usabilidade, acessibilidade e comunicabilidade voltadas para as pessoas surdas usuárias de Libras em uma plataforma de ensino/aprendizagem, buscando reduzir limitações na inclusão de pessoas surdas em contexto de EaD.

Por ter sido o primeiro aluno surdo da UFPE a ter acesso aos ambientes acadêmicos pós-graduação, o aluno conta que em sua trajetória teve que transpor diversos obstáculos para que pudesse aprender em sala de aula e desenvolver sua linha de pesquisa. “Eu fui o primeiro aluno surdo a ingressar no programa de pós-graduação do Centro de Informática e não foi tão fácil. No começo, faltou acessibilidade e também foi um processo que precisou envolver outras instâncias para que eu pudesse conseguir um intérprete na UFPE, foi um momento que envolveu vários passos, até que eu pudesse de fato ser um aluno da pós-graduação”, revela.

O Núcleo de Acessibilidade (NACE) da UFPE ainda não havia sido criado durante seu período de ingresso na universidade. Ele conta que, por isso foi criando estratégias para solucionar tanto a parte burocrática do processo de apoio e acessibilidade quanto à parte social de convívio com alunos e professores. Marcelo fez mestrado também no CIn entre 2010 e 2012.

"Posso afirmar que fiz parte do processo de aprimoramento do sistema de acolhimento e apoio aos surdos da UFPE sim, pois provoquei a universidade a pensar na acessibilidade e inclusão do sujeito surdo. Durante reuniões com a pró-reitoria, eu lembro de discussões por eu ser o primeiro aluno a enfrentar certas situações e que, portanto, esse seria o primeiro processo para solucionar tais problemas em um espaço público”, argumenta Marcelo.

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