PARALISAÇÃO

Professores do Recife mantém greve mesmo depois de prefeito impôr o fim da paralisação

Na quarta-feira (12), houve uma roda de diálogo de representantes da categoria com Geraldo Júlio, mas nenhum acordo foi fechado

Thalis Araújo
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Thalis Araújo
Publicado em 13/03/2020 às 20:19 | Atualizado em 13/03/2020 às 20:47
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Os professores pedem aumento salarial e melhoria nas condições de trabalho - FOTO: REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Os professores da Rede Municipal do Recife decidiram, por unanimidade, manter a greve que pede melhorias no salário e nas condições de trabalho. A categoria se reuniu nesta sexta-feira (13), no pátio da PCR.

O Sindicato Municipal dos Profissionais de Ensino da Rede Oficial do Recife (SIMPERE) considera esta uma greve que vai entrar para a "história da educação pública municipal". A associação acusa a gestão PSB/PCdoB de executar práticas autoritárias e evitar a negociação com os grevistas.

Nota da Prefeitura do Recife

"A Prefeitura do Recife informa que as negociações com a categoria de professores será restabelecida assim que o movimento de paralisação - considerado ilegal pela Justiça - for suspenso. Nesta sexta (13) a adesão ao movimento paredista continua baixa, já que 88% das unidades de ensino funcionaram total ou parcialmente. A Prefeitura ratifica que mesmo diante da grave crise econômica que afeta as contas públicas em todo o país, propôs o reajuste de 12,84% para toda a categoria, além de reajustar o abono educador, que é pago sempre no mês de outubro, em 9,54%, bem como, caso não haja um acordo até o dia 19 de março, ficará impossibilitada, por força da legislação eleitoral, de conceder quaisquer reajustes."

 
 
 
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Assembleia vota por unanimidade: a greve continua! Negocie, Geraldo Julio! Em assembleia realizada na manhã desta sexta-feira (13) professores e professoras votaram por unanimidade na continuidade da greve. A diretoria do SIMPERE não titubeou e defendeu na assembleia pela continuidade da greve, aumentando os piquetes nas escolas a partir da segunda-feira. O movimento de professores e professoras teve início nesta quarta-feira (11) e conta com uma adesão muito forte da categoria. O comando de greve reunido avaliou um índice de 90% de paralisação nas escolas e creches. A necessidade de demonstrar força frente a uma Prefeitura arbitrária falou mais alto e a categoria está construindo uma greve que já entrou para a história da educação pública municipal. A gestão PSB/PCdoB reproduz práticas autoritárias e alega não negociar com grevistas, apesar de já ter o feito em outras situações. Se nega a ir para a mesa conosco, e nos pressiona a encerrar a nossa greve. Ontem estivemos durante todo o dia no Pátio da PCR, e uma comissão de mobilização procurou vereadores para interceder neste impasse. Nossa movimentação na câmara foi vitoriosa, e uma comissão diversa de vereadores se formou, dialogando com Geraldo Julio, que impôs o fim da greve para reabrir o diálogo. A Prefeitura quer desmontar a nossa greve: utilizou do arsenal jurídico para colocar na ilegalidade do movimento, assinada pelo desembargador José Américo, que imputou uma multa abusiva de 250 mil reais por dia parado. Geraldo Julio se diz oposição ao governo Bolsonaro, mas nas práticas autoritárias eles andam lado a lado. A assembleia rejeitou esta proposta, e saiu em uma forte passeata pela Conde da Boa Vista, contando com apoio e solidariedade da população. Nos dirigimos até a câmara de vereadores, que infelizmente, estava fechada. Diferente de toda a classe trabalhadora, vereadores só tem expediente até a quinta- feira. Geraldo Julio achou que nos colocaria entre a cruz e espada, mas o que ele não sabe é que nós temos ampla confiança na força de nossa categoria em greve. Somos mulheres e homens que construímos com nosso suor a educação nesta cidade. Foto: Raíssa Bezerra [CONTINUA NOS COMENTÁRIOS]

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Roda de diálogo

De acordo com o sindicato da categoria, na quarta-feira (12), houve uma roda de diálogo dos vereadores que intercederam pelos profissionais com o prefeito Geraldo Júlio (PSB), que teria ordenado o fim da paralisação para que houvesse a reabertura das conversas com a categoria.

Os professores dizem que há um certo impasse da Prefeitura em resolver as questões que estão sendo reivindicadas. "Há muita pressa ao julgar nossa luta por educação pública de qualidade e salário digno com o piso na carreira e pela data-base, enquanto ele mesmo goza de um salário de R$ 34.600", diz o Simpere.

"Geraldo Júlio achou que nos colocaria entre a cruz e a espada, mas o que ele não sabe é que nós temos ampla confiança na força de nossa categoria em greve. Somos mulheres e homens que construímos com nosso suor a educação nesta cidade. Estamos cientes de nossa força e capacidade de mobilização. Nenhum passo atrás! Vamos até à vitória!", conclui a associação.

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