COVID-19

Sem aulas por causa do coronavírus, alunos e professores aproveitam a tecnologia para garantir aprendizado

Mais de um milhão de estudantes de Pernambuco está sem aulas desde o último dia 18. Videoaulas e atividades enviadas por aplicativos são algumas das opções para não perder tempo

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 24/03/2020 às 20:00 | Atualizado em 25/03/2020 às 16:01
YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM
Como os alunos estão de adaptando a rotina de tarefas escolares em casa - FOTO: YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM

Completa uma semana nesta quarta-feira (25) que escolas e universidades públicas e privadas de Pernambuco tiveram as aulas suspensas para diminuir a propagação do coronavírus. Somente na rede estadual de ensino são aproximadamente 580 mil alunos sem atividades regulares. Nas escolas particulares do Estado, mais 400 mil. No mundo, conforme estimativa da Unesco, a pandemia deixa sem aulas cerca de 890 milhões de estudantes de 114 países. A tecnologia, aliada ao apoio dos pais, no caso das crianças menores, tem sido a saída para que garotos, adolescentes e jovens ocupem o tempo ocioso e aprendam, em casa, o que deveriam estudar nas salas de aula.

Aluna do Colégio Cognitivo, Estela Granville, 16 anos, do 3 ano do ensino médio, tem mantido a rotina de aulas. A diferença é que não sai de casa. Todos os dias, o colégio, que tem cerca de 1.100 alunos nas unidades de Casa Forte, Zona Norte do Recife, e Boa Viagem, na Zona Sul, envia para o corpo discente, por meio de uma plataforma própria, aulas gravadas pelos professores. Eles também ficam disponíveis para tirar dúvidas online, passam e corrigem exercícios, dão sugestões de filmes e livros.

"Procuro estudar de manhã, no mesmo horário que eu estivesse no colégio. Dá saudade do contato físico com os colegas e os professores. Mas o aprendizado é o mesmo, como se estivéssemos presencialmente juntos", diz Estela. Vestibulanda de economia, ela está preocupada com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), previsto para 11 e 18 de outubro. "Como é um problema que está afetando todos os alunos e não só daqui de Pernambuco, espero que revejam as datas das provas", diz Estela.

Segundo um dos diretores do Cognitivo, João Correia, a escola adquiriu a plataforma online justamente para atender a necessidade de manter as aulas diante do covid-19. "Já estava nos nossos planos ter a plataforma, mas é claro que o problema do coronavírus acelerou", conta João. Como ele também mantem um cursinho pré-vestibular, montou um estúdio em casa para gravar as vídeoaulas de geografia. "Sinto muita falta dos alunos. É estranho dar aula para uma sala vazia", comenta o professor.

A fonoaudióloga Artemísia Veras, 43 anos, também está tentando manter a rotina escolar com os filhos Luísa, 9, e Lucas, 6. "O colégio tem mandado as atividades para fazermos com eles. No caso de Lucas foram 18 tarefas, de uma vez só. Sugeriram que fosse realizada uma por dia. Com Luísa as atividades chegam semanalmente e de todas as matérias, inclusive de educação física. Para não acumular, peço que façam durante as manhãs. A diferença é que deixo acordarem um pouco mais tarde", afirma Artemísia. Os dois estudam no Colégio Marista São Luís, nas Graças. Luísa está no 5º ano e Lucas, no 1º.

A Secretaria de Educação de Pernambuco disponibilizou, no seu site (www.educacao.pe.gov.br) orientações de materiais complementares para estudantes e professores desenvolverem atividades e estudarem durante este período de isolamento social. Há sugestões de livros, filmes, materiais pedagógicos e atividades para todas as etapas da educação básica.

"A escola tem uma base presencial muito importante. É através das trocas, dos diálogos, que acontece a aprendizagem. Não podemos perder essa essência. É claro que na situação excepcional que estamos vivendo as atividades online contribuem muito", destaca o presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Pernambuco, José Ricardo Diniz.

FACULDADES

Na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), as aulas presenciais da graduação estão sendo adaptadas para o ambiente digital por meio de ferramentas online, como o Google Classroom. "Cada professor abriu uma sala de aula virtual com a turma que leciona. Muitos já usavam, outros começaram a usar a ferramenta agora. Está havendo uma ótima aceitação. E assim garantimos que não haverá prejuízo pois as atividades acadêmicas continuam, apenas de uma maneira diferente", observa o pró-reitor de graduação e extensão da Unicap, Degislando Nóbrega.

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