A primeira formatura virtual da Universidade de Pernambuco (UPE), na manhã desta quarta-feira (22) - acompanhada inicialmente por quase mil pessoas pelo Youtube da instituição - foi marcada por problemas técnicos. Em quase uma hora de transmissão aberta da cerimônia, interrompida uma vez, quase não se ouviu o som. Mas a turma que se formou conseguiu acompanhar a colação de grau sem dificuldade porque usou a plataforma Hangouts, do Google, e foi bastante festejada, a distância, pelos parentes e amigos.
A solenidade deveria acontecer no início do segundo semestre, mas foi antecipada para reforçar as equipes médicas no combate à covid-19. Portaria do Ministério da Educação (MEC) autorizou, em todo o País, a formatura antecipada de médicos desde que os estudantes tenham completado pelo menos 75% do internato (estágio obrigatório nos dois últimos anos do curso médico).
No caso da UPE, as turmas de Recife cumpriram 80% do internato, assim como as turmas de Garanhuns e Serra Talhada, que se formaram, respectivamente, segunda e sexta-feira passadas. Nesta quarta-feira (22), Pernambuco registrou 3.298 pessoas infectadas pelo novo coronavírus e 282 mortes.
COMPROMISSO
No Youtube, somente a fala do governador Paulo Câmara e os hinos do Brasil e de Pernambuco foram ouvidos com precisão. Em seu discurso, ele classificou a pandemia do novo coronavírus como "o maior desafio da saúde pública", elencou algumas ações que sua gestão está tomando e ressaltou a importância dos novos médicos para ajudarem as equipes de saúde. O governador estava no Palácio do Campo das Princesas.
"É um desafio que está apenas no começo e que vai exigir de nós um esforço muito grande. A gente conta com vocês. A maneira como estão finalizando o curso não é a forma como vocês sonharam, mas é uma forma desafiadora e importante. Vocês estão comprometidos, a partir de agora, a nos ajudar a salvar mais vidas. Não vai faltar, por parte do governo de Pernambuco, empenho para abertura de mais leitos e contratação de pessoal", destacou Paulo Câmara.
O governador aproveitou para agradecer o trabalho que vem sendo realizado no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), ligado à UPE, que desde o início da pandemia tem recebido pacientes com covid-19 e mobilizado equipes para dar suporte ao governo nas decisões técnicas em relação ao combate à doença.
SILÊNCIO
Já nos discursos do reitor, Pedro Falcão, e a da diretora da Faculdade de Ciências Médicas, Dione Maciel, não havia som durante a transmissão online. Eles estavam na reitoria da UPE, em Santo Amaro, área central do Recife, juntamente com a estudante Rayane Matos, que representou a turma de formandos. No momento do juramento da jovem, o som saiu, mas quase inaudível. De suas casas, os novos médicos repetiram, em coro, o termo "juro" que representa o compromisso com a profissão que vão seguir a partir de hoje.
"Foi uma experiência inédita. Tivemos todo o apoio dos servidores da área de tecnologia da UPE. Esperávamos que houvesse alguns erros, mas não houve problema na transmissão para a nossa turma. Estamos muito felizes", contou Rayane. A graduação acabaria, para essa turma, na primeira semana de junho.
"Sentimentos o peso da responsabilidade pela formatura precoce. Vamos entrar no mercado de trabalho numa situação extrema, por causa da pandemia. Mas estamos capacitados. Vários colegas já estão recebendo propostas de emprego, para atuar tanto com baixa quanto com alta complexidade", afirmou a nova médica.
QUEIXAS
Familiares e amigos dos 75 formandos de medicina reclamaram, nos comentários, da ausência do áudio. "Uma solenidade tão importante e sem condições de assistir, sem som", comentou Evandro Melo no Youtube. "To feliz (SIC) mas queria ta escutando", afirmou Rebeca Ximenes.
"Paulo Câmara, deixa pelo menos o som sair!!!", escreveu Ana Paula Larocerie da Rocha Pereira. "Cansei de ver cinema mudo", brincou Maria Barros de Lima. O bom humor também esteve no comentário de Carlos Gatis: "O som está em isolamento social".
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