COLUNA ENEM E EDUCAÇÃO

Nas universidades, cientistas entram na luta contra o coronavírus

Professores, pesquisadores, cientistas e alunos de universidades brasileiras desenvolvem estudos para ajudar no combate e controle da pandemia. UFPE, UFRPE, UPE, Univasf, IFPE e IF do Sertão-PE mobilizam esforços

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 26/04/2020 às 9:56 | Atualizado em 13/05/2020 às 15:04
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Pernambuco totaliza 8.505 mortes pela covid-19 desde a chegada da doença - FOTO: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Enquanto médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde estão na linha de frente para atender os pacientes infectados pelo novo coronavírus, outro time atua nas universidades e institutos públicos de ensino superior. Cientistas, professores e estudantes estão unidos para desenvolverem pesquisas, produzirem equipamentos e informações úteis para auxiliar no controle e combate à pandemia que já afetou mais de 2,9 milhões de pessoas no mundo, com pelo menos 202 mil mortes.

No Brasil, segundo o Ministério da Educação (MEC), até sexta-feira (24), 110 estabelecimentos de ensino tinham produzido 1.333 ações relacionadas à covid-19, beneficiando 31,2 milhões de pessoas. Em Pernambuco, não faltam exemplos de projetos coordenados pelas três universidades federais (UFPE, UFRPE e Univaf), pela estadual UPE e pelos dois institutos federais (IFPE e IF do Sertão).

"Estamos com investimentos na ordem de R$ 13,3 milhões. São recursos do governo federal e de parcerias e convênios. Somente do MEC recebemos R$ 12 milhões, resultado de uma chamada pública para iniciativas relacionadas à covid-19. Somamos mais R$ 500 mil de convênios com prefeituras e outros R$ 800 mil com o Ministério Público do Trabalho", destaca o reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Gomes.

"Faremos, por exemplo 28 mil exames. Também colocamos toda a estrutura da universidade à disposição do governo, caso queiram montar um hospital de campanha ou usar nossos prédios e salas", observa o reitor.

GENOMA 

Um dos projetos da UFPE é o sequenciamento genômico do novo coronavírus. A pesquisa fará a "leitura" das sequências genômicas de cepas virais que circulam em Pernambuco. Na prática, o estudo contribuirá para o desenvolvimento futuro de vacinas e medicamentos contra a doença, além de colaborar para a validação de novos métodos diagnósticos.

"Quanto mais se conhece sobre a genética do vírus, mais são as possibilidades de produção de fármacos e vacinas. A partir da análise genômica, confirmamos a identidade genética dele, que tem uma capacidade de mutação muito elevada",  explica o professor Valdir Balbino, do Departamento de Genética e coordenador do estudo.

"Nossa pesquisa permitirá que se faça o rastreamento de como o novo coronavírus se espalhou no Estado, gerando dados epidemiológicos essenciais para a compreensão da doença", ressalta o professor. Para execução do trabalho, a UFPE adquiriu um sequenciador de nova geração, que integrará a Plataforma Multiusuários de Sequenciamento de Nucleotídeos do Centro de Biociências da instituição.

Todo o mundo tem realizado pesquisas para desenvolver vacina para o novo coronavírus. Mais de 100 projetos já foram iniciados.

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MONITORAMENTO

Informações em tempo real, com relatórios, tabelas, gráficos e projeções, são repassadas para órgãos públicos, sobretudo a Secretaria Estadual de Saúde, principal parceira de um projeto do Instituto para Redução de Riscos e Desastres de Pernambuco (IRRD).

Uma equipe que envolve 46 profissionais, entre estatísticos, matemáticos, biólogos moleculares, cientistas e médicos monitora e interpreta os dados, disponibilizados para a sociedade numa plataforma online.

"São informações que ajudam os gestores a direcionarem as ações. Usamos drones, satélites e robôs para fazer o rastreamento", explica o vice-coordenador do IRRD, Jones Albuquerque. Ele é professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). O trabalho é em parceria com empresas e colaboradores da UFPE, Fiocruz, UNICEF-ESARO e Universidade de College of London.

EQUIPAMENTOS

Um equipamento que pode auxiliar médicos durante o atendimento de infectados pela covid-19 está sendo testado no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), ligado à Universidade de Pernambuco (UPE). O dispositivo mede a temperatura, as frequências cardíaca e respiratória e a saturação de oxigênio dos pacientes internados nas enfermarias. Normalmente, esse monitoramento só acontece com pacientes de UTIs ou semi-UTIs.

Batizado de MonitorAR, o equipamento foi desenvolvido por pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Computação da Escola Politécnica de Pernambuco (Poli), da UPE, juntamente com profissionais de outras instituições. A etapa de validação clínica, feita no momento por sete médicos, acaba na próxima semana.

"São colocadores sensores no paciente. Através de um hardware, há o monitoramento dos sinais, que pode ser acessado de um celular. Devido ao baixo custo, R$ 140, será viável produzí-lo, por exemplo, para equipar os hospitais de campanha", diz o coordenador do projeto e professor da UPE, Fernando Buarque.

No Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), alunos e docentes do curso de engenharia mecânica do câmpus Recife produziram máscaras de proteção facial para médicos e enfermeiros.

RESPIRADOR

Na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, no Sertão do Estado, foi criado um protótipo de respirador mecânico usando peças como o motor de vidro de carro.

"Foi um grande esforço que envolveu uma equipe de profissionais da engenharia, computação, medicina e fisioterapia. Adaptamos projetos já desenvolvidos em outras universidades do Brasil e de fora", explica o presidente do Comissão de ações do Coronavírus da Univasf, médico Anderson Armstrong.

A idéia é testar o respirador no hospital universitário. Se der certo, haverá produção para atender pacientes da própria unidade de saúde.

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