Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de Pernambuco (Idepe), divulgados nesta quarta-feira (23) pelo governo estadual, revelam que os prefeitos que assumirem os mandatos ou o aqueles que continuarem as gestões, a partir de 1º de janeiro, terão muito trabalho para melhorar o ensino público municipal. O indicador de qualidade, aferido anualmente, com nota de 1 a 10, revela que 83 (45%) das 184 cidades pernambucanas tiraram média menor que 5 nas séries iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano). A situação é bem mais crítica na segunda etapa do fundamental (6º ao 9º ano): 161 (89%) dos municípios tiveram resultados abaixo de 5. Os dados são de 2019.
O Idepe usa a metodologia semelhante ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do governo federal. A diferença é que o índice nacional é calculado a cada dois anos, enquanto o estadual é anual. Para compor a média, observa-se o desempenho dos alunos em provas de português e matemática do Sistema de Avaliação da Educação de Pernambuco (Saepe), aplicado para turmas dos 2º, 5º e 9º anos do fundamental e 3º ano do ensino médio. A esse resultado soma-se o fluxo escolar, uma combinação das taxas de aprovação, reprovação e abandono.
Entre as 184 cidades do Estado, na primeira fase do fundamental, 43% ficaram com notas entre 5 e 5,99. No intervalo de 6 a 6,99 foram apenas 8% das prefeituras. Com Idepe 7 ou mais só houve 4% dos municípios. As redes municipais de Machados (Agreste), Carnaíba (Sertão) e Bonito (Agreste) tiveram as três maiores médias: 7,75; 7,47 e 7,35, respectivamente. Segundo o Ministério da Educação (MEC), em Pernambuco há 727 mil alunos nos anos iniciais do fundamental, dos quais 70% estudam em escolas municipais, 29% em unidades privadas e 1% na rede estadual.
Quando se observam as séries finais, o Idepe 2019 aponta que 9,5% das prefeituras tiraram entre 5 e 5,99 e 1,6% chegaram ao índice 6 ou mais. Nenhuma cidade ultrapassou 7. Machados ocupa o primeiro lugar, com índice 6,73. Na segunda colocação vem Panelas (Agreste) com 6,41 e em terceiro Bonito, com 6,14. Conforme o MEC, o Estado tem cerca de 557 mil estudantes matriculados do 6º ao 9º ano, sendo 55,2% na rede municipal, 25,6% nas escolas estaduais e 19% em colégios particulares.
Na Região Metropolitana, Recife ficou com Idepe 5,22 nos anos iniciais do ensino fundamental e 4,15 nas séries finais. Jaboatão dos Guararapes obteve 5,24 e 4,13, respectivamente. Olinda registrou Idepe 4,94 para anos iniciais e 3,98 para os finais.
“Preocupante o que o Idepe aponta. É muito expressivo o número de cidades com notas baixas. Termina sendo contraditório termos bons resultados no ensino médio quando o ensino fundamental se revela tão fraco. Esse avanço precisa acontecer em toda a educação básica. É urgente fortalecer o regime de colaboração com o governo estadual pois muitos municípios não conseguem avançar sozinhos”, ressalta o presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e secretário de Educação de Belém de Maria, Natanael Silva.
Ele cita o Programa Criança Alfabetizada, lançado ano passado pelo governo estadual, como uma iniciativa importante para ajudar as prefeituras. “É uma luz no fim do túnel. O Estado se une aos municípios para melhorar a alfabetização de nossas crianças. Se um aluno não aprende a ler e escrever plenamente ele terá dificuldades de aprendizagem em toda sua vida escolar. Acredito que o fortalecimento da política de alfabetização é um passo fundamental para que possamos ter melhores resultados mais na frente”, complementa Natanael.
Para a secretária de Educação de Machados, Maria Rodrigues, as notas da cidade no Idepe refletem um trabalho coletivo, feito com o olhar atento para a gestão, formação dos professores, o monitoramento dos indicadores e condições adequadas para aprendizagem, entre outros aspectos. A rede municipal tem 11 escolas (cinco na zona urbana e seis na área rural), com um total de 1.850 estudantes e 120 docentes.
“Estamos atentos da gestão ao chão da escola. Desenvolvemos muitos projetos, buscamos sempre motivar e valorizar nossos professores. As escolas têm salas amplas e climatizadas. A merenda é de qualidade. Queremos que nossos alunos aprendam e por isso oferecemos o que podemos de melhor para eles”, afirma Maria.
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Anos Iniciais
Anos Finais
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