Atualizada às 13h16
Com cartazes, carro de som e vestidos de branco, pais de alunos e representantes de escolas particulares realizaram uma manifestação, na manhã desta quinta-feira (29), em frente ao Palácio do Campo das Princesas, no bairro de Santo Antônio, no Centro do Recife. O ato, apoiado pelo Sindicato das Escolas Particulares de Pernambuco (Sinepe), cobrou uma resposta ao Governo do Estado sobre o retorno de estudantes da educação infantil e fundamental às escolas. Após integrantes do movimento serem recebidos pelo governo, de acordo com o grupo, ficou estabelecido que as aulas presenciais para o ensino fundamental devem ser retomadas ainda em novembro. Já o ensino infantil segue sem previsão. Em nota, governo não confirmou, nem negou, a versão.
O decreto que proíbe a volta às aulas para essas séries vence no próximo sábado (31). Até agora, só o ensino médio teve a retomada das atividades presenciais autorizada. Durante o protesto, os pais dos alunos e representantes das escolas seguraram diversos cartazes, com dizeres como “Aulas presenciais Já”, “A escola precisa de resposta” e “A escola merece respeito”. O grupo chegou a cantar o hino de Pernambuco e direcionar os cartazes para o Palácio do Campo das Princesas, enquanto uma comissão formada por cinco pessoas estava sendo recebida pelo Governo. Os integrantes do ato não chegaram a bloquear o trânsito ao redor da Praça da República.
A diretora do Colégio Santa Maria, Rosa Amélia Muniz, presente na manifestação, afirma que os alunos estão sendo afetados pela falta de rotina escolar, e critica as ações estaduais. "A ausência da escola está levando, às crianças e adolescentes, um prejuízo imenso: intelectual, emocional, físico. Já temos seis meses da falta da rotina presencial nas escolas. A gente percebe as crianças com síndrome de pânico, irritabilidade, ansiedade. Por que isolar mais?”, diz.
Para ela, desde que continuem sendo seguidos os protocolos e as normas de biossegurança, é seguro o retorno das crianças e adolescentes às unidades de ensino. “Foi dado o direito de a família escolher. Um dia o estudante vai com metade da turma, no dia seguinte não vai. Respeitando o distanciamento, todos usando máscara e álcool em gel. Contratamos, inclusive, o Hospital Português, que está dentro do Santa Maria. 80% dos pais já informaram que querem a volta”, declara.
O coordenador de disciplina do Colégio Equipe, Nino Freitas, compartilha da mesma opinião de Rosa Amélia. "O prejuízo, no caso da educação, é muito grande. Vai desde o financeiro, ao emocional e cognitivo das crianças. Se segue o protocolo, é muito difícil que dê errado", relata. A pedagoga Caroline Sampaio, 38 anos, mãe de dois filhos, um do jardim três e outro do 5º ano, conta que a falta de aulas tem afetado suas crianças. "Eles já pedem para voltar à escola por causa do convívio social, das atividades extras. Eu já percebo, no meu mais velho, um sentimento de tristeza. Tem dias que ele fica muito desestimulado para a aula online porque algumas disciplinas precisam do presencial, para correr, gastar as energias, e isso é impossível na aula online, por melhor que ela seja", comenta.
A advogada Roselena Amorim, de 59 anos, também esteve no ato nesta quinta-feira. Para ela, nada justifica que as escolas ainda não tenham retornado às atividades. Mãe de filha única, de 14 anos, aluna do 8º ano, ela vê uma mudança comportamental na adolescente. "Minha filha está totalmente estressada. O convívio tem sido só com o computador, o desempenho dela nas aulas online caiu. Ela sempre me pergunta até quando isso vai continuar. A socialização é muito importante", relata.
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O presidente do Sinepe, José Ricardo Diniz, demonstrou o apoio ao movimento formado por pais de alunos, e cobra respostas sobre um novo cronograma para as unidades de ensino. "Estamos apoiando um movimento dos pais das nossas escolas, em prol da abertura do espaço escolar físico. Pelo direito das famílias optarem pelo remoto ou presencial. Não é possível o silêncio a que estamos sendo condenados há quase um mês. Esse silêncio atordoa, porque não há respostas. Antes, argumentavam, colocavam argumentos técnicos e científicos; agora, nem isso estão fazendo", disse.
Em Pernambuco, dos 2,3 milhões de alunos da educação básica, 400 mil estão matriculados em 2.400 colégios privados. De acordo com José Ricardo, deste quantitativo, cerca de 370 mil estudantes ainda não retornaram às atividades presenciais. Durante o protesto, uma comissão formada por cinco pessoas, entre pais e representantes da escola, foi recebida pelos secretários-executivos de Articulação e Acompanhamento da Casa Civil, Eduardo Figueiredo, e de Gestão da Rede de Educação e Esportes, João Charamba.
Segundo o defensor público Manuel Correia, que participou do encontro, ficou marcada para esta sexta-feira (30) pela manhã uma reunião, no Palácio do Campo das Princesas, entre os pais e donos das escolas e funcionários da Secretaria de Saúde de Pernambuco. “Inclusive trazendo infectologistas, para que eles dialoguem. Houve uma sinalização de que deve haver um descolamento entre as escolas particulares e públicas e de que é provável que, ainda em novembro, haja um retorno do ensino fundamental, começando pelo 9º ano”, disse. Sobre a educação infantil, ainda não há previsão. Em nota, o governo de Pernambuco não confirmou, nem negou, o que foi dito pelos pais e responsáveis, afirmando apenas que “em breve irá se pronunciar sobre o assunto”.
Confira a íntegra da nota enviada pelo governo de Pernambuco:
A Secretaria da Casa Civil de Pernambuco informa que uma comissão formada por representantes de pais e diretores de escolas privadas foi recebida nesta quinta-feira (29) pelos secretários-executivos de Articulação e Acompanhamento da Casa Civil, Eduardo Figueiredo, e de Gestão da Rede de Educação e Esportes, João Charamba, no Palácio do Campo das Princesas.
Durante o encontro, o grupo pleiteou o retorno das aulas presenciais para os estudantes da educação infantil e do ensino fundamental. Os secretários, por sua vez, explicaram que as aulas estão suspensas até o próximo dia 31, conforme prevê o Decreto nº 49.590, e que em breve o Governo do Estado irá se pronunciar sobre o assunto.
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