Alunos de mestrado e doutorado que recebem bolsas da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe) e que tiveram o andamento de suas pesquisas impactado pela pandemia de covid-19 reivindicam a ampliação do pagamento dessas bolsas. Um grupo de 470 estudantes deve concluir a pós-graduação em fevereiro de 2021. Mas eles querem mais tempo e por isso pedem que as bolsas sejam prorrogadas por pelo menos 90 dias, ou seja, até maio de 2021. Atualmente, as bolsas são de R$ 1.525 no mestrado e R$ 2.440 no doutorado (por mês).
"Com a implementação das medidas de isolamento social, as universidades e institutos de pesquisas tiveram que mudar suas rotinas, suspendendo as atividades presenciais de ensino e de pesquisa. Assim, esse cenário que já se alastra por quase 10 meses, impossibilita os pós-graduandos, que perfazem 90% da produção cientifica brasileira, de se deslocarem para o local de trabalho ou realizarem procedimentos importantes, como coletas bibliográficas, atividades de campo e procedimentos laboratoriais", destacam os pesquisadores, numa carta aberta direcionada ao governo de Pernambuco, Secretária de Ciência e Tecnologia, Facepe e Assembleia Legislativa.
Diretor da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Vinícius Soares diz que houve uma reunião, na última quinta-feira (10), com o presidente da Facepe, Fernando Jucá, e o secretário executivo de Ciência e Tecnologia de Pernambuco, Leonildo Sales. "Eles nos ouviram e prometeram avaliar a situação. Para fazer as pesquisas, os alunos têm dedicação exclusiva. A bolsa é importante para custear transporte e alimentação, por exemplo", ressalta Vinícius. "Como não tivemos a garantia de que haverá a prorrogação das bolsas, vamos tentar que deputados se sensibilizem e nos ajudem", informa Vinícius.
Segundo a entidade, a ampliação da bolsa para esse grupo, por três meses, vai custar cerca de R$ 2,5 milhões ao governo estadual. Os pós-graduandos fizeram um abaixo-assinado virtual pedindo a prorrogação das bolsas. Em cinco dias, até a manhã desta sexta-feira (11), 1.119 pessoas já tinham assinado o pedido.
Maxwelinne Goncalves faz mestrado em morfotecnologia, no Departamento de Citologia e Embriologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A pesquisa é voltada para HPV e câncer de pulmão. "A pandemia atrapalhou bastante nossas análises. Vários estudantes estão pedindo adiamento das suas defesas. A prorrogação das bolsas é essencial para que a gente consiga se manter", diz a mestranda.
"Trabalho com amostras de tumores vindos de hospitais. É um extenso trabalho de pesquisa em HPV e câncer de pulmão. É importante dar um retorno à sociedade sobre nossas pesquisas", destaca a pós-graduanda.
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