Especialistas defendem vacinação dos profissionais de educação
Em Pernambuco não há ainda previsão de quando começará a imunização dos professores. São Paulo começará a vacinar a categoria no dia 12 de abril
Em meio ao agravamento da pandemia de covid-19 e por isso a suspensão de aulas presenciais em escolas, faculdades e universidades, especialistas reforçam a necessidade de imunizar os profissionais de educação. A presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Maria Helena Guimarães de Castro, e a pneumologista e pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo destacaram a importância de vacinar esse público. Elas participaram, nesta terça-feira (24), de um seminário virtual realizado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes).
Em Pernambuco, as aulas presenciais foram suspensas no último dia 18 e devem permanecer apenas online até o próximo dia 28. No Estado não há previsão ainda de quando os docentes e demais trabalhadores da área serão vacinados contra a covid-19. Nesta terça-feira (24), o governador de São Paulo, João Dória, anunciou que os professores lá começarão a ser imunizados dia 12 de abril.
Maria Helena de Castro defendeu que todos os profissionais que trabalham na área da educação, do ensino infantil à universidade, sejam vacinados o quanto antes possível. “Sem isso será muito difícil retomarmos [as atividades presenciais] com segurança”, observou a presidente do CNE. O conselho é o órgão responsável por formular e avaliar a política nacional setorial e assessorar o Ministério da Educação.
Ela disse disse que o aumento do número de casos da covid-19 e o consequente agravamento da crise sanitária em todo o País frustraram a expectativa inicial dos especialistas em relação à retomada das aulas presenciais.
“As orientações e normas que o CNE aprovou durante 2020 sinalizavam para uma situação muito diferente da atual. Nossa expectativa era iniciar 2021 com uma situação mais tranquila, com as escolas se preparando para retomar as atividades presenciais, mas não é isto o que está acontecendo”, disse Maria Helena.
Ela lembrou que colégios que anunciaram uma retomada gradual das atividades presenciais tiveram que voltar atrás, enquanto instituições de ensino superior mantêm a perspectiva de, na melhor das hipóteses, só voltar a ocupar os campi universitários no segundo semestre. “Estamos lidando com uma agenda de planejamento imprevisível. Não sabemos quando as escolas poderão retornar ao seu efetivo funcionamento”, reconheceu Maria Helena.
SEGUNDA ONDA
A pneumologista Margareth Dalcolmo reforçou a importância de se priorizar a imunização dos trabalhadores do setor. “Estou segura de que, após vacinar os idosos e os profissionais de saúde, temos que imunizar todo o pessoal da educação. Só assim poderemos reativar o sistema com alguma segurança”, disse a pesquisadora após declarar que o Brasil vive, hoje, o momento mais grave da pandemia, com o sistema de saúde exaurido e taxas de transmissão da covid-19 muito altas.
Segundo a especialista, para controlar a doença, além de restringir atividades em várias regiões por, no mínimo, duas semanas, o Brasil deveria vacinar ao menos 1 milhão de pessoas por dia. Embora reconhecendo que, em outras condições, a meta seria factível, dada a experiência e a capilaridade do Sistema Único de Saúde (SUS), Margareth disse que o ritmo atual é condicionado pela oferta de vacinas no mercado global
“O ritmo de vacinação, no momento, está correto no sentido do planejamento, porque obedece a uma oferta, e não à demanda. Ele está ocorrendo de acordo com o que há de existente. Por isso temos que ter todas as negociações possíveis, para termos mais vacinas”, disse a pesquisadora da Fiocruz, frisando que, no ritmo atual, o país demoraria cerca de um ano para imunizar cerca de 70% da população e, assim, começar a conter a disseminação do vírus – e, isso, contando com que não surjam novas variantes do Sars-CoV-2. “E se não cobrirmos ao menos 70% da população ainda neste semestre, teremos um 2021 ainda muito difícil”.
APRENDIZAGEM
O presidente da Abmes, Celso Niskier, fez coro aos palestrantes, enfatizando a importância da imunização dos trabalhadores da educação. “O setor tem defendido que as escolas sejam as últimas a fechar e as primeiras a reabrir. Devido ao impacto enorme para o futuro das próximas gerações, efeitos que serão sentidos por gerações, será necessário não só recuperarmos a aprendizagem, mas também reprogramarmos todo o calendário”, disse Niskier.