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Milhares de alunos voltam às aulas em Miami, em meio à polêmica sobre o uso de máscaras

Com o recente aumento de casos no Estado, alguns distritos escolares decidiram obrigar os alunos a usarem máscaras na volta às aulas. Governador da Flórida, Ron DeSantis, não gostou da decisão

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AFP

Publicado em 24/08/2021 às 14:54 | Atualizado em 24/08/2021 às 14:54
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É o primeiro dia de aula em Miami. A banda toca sem parar e as líderes de torcida fazem uma coreografia para receber os alunos. Todos eles usam máscara, motivo de discórdia entre as autoridades da Flórida e as escolas após o recrudescimento da pandemia nos Estados Unidos.

São sete da manhã. Na entrada do Colégio Barbara Goleman, alguns alunos tiram selfies, sorrindo. Outros, menos entusiasmados ou talvez com sono, caminham arrastando os pés.

"Estou um pouco nervoso, mas muito animado", diz Angel Rosanilla, um estudante de 17 anos. "Eu não vou à escola há um ano e meio, então estou feliz por estar de volta."

A escola reabriu nesta segunda-feira (23) como todos os estabelecimentos do distrito de Miami-Dade - o quarto com mais alunos nos Estados Unidos - após um ano de aulas virtuais devido à covid-19.

Com o recente aumento de casos no estado, alguns distritos escolares decidiram obrigar os alunos e seus funcionários a usarem máscaras na volta às aulas, seguindo as recomendações dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).

O governador da Flórida, Ron DeSantis, não gostou da decisão. O republicano se nega, desde o início da pandemia, a impor o uso de máscaras no estado, por considerar que a medida ameaça a liberdade individual.

Em 30 de julho, ele assinou uma ordem executiva para impedir que as escolas imponham as máscaras. No entanto, sete distritos escolares, incluindo o de Miami-Dade, ignoraram a lei e seguiram em frente com seus planos. O governo estadual reagiu.

Na sexta-feira, ele deu a dois dos distritos desobedientes 48 horas para cumprir a ordem de DeSantis. Se não o fizerem, fundos equivalentes aos salários dos membros das diretorias serão retirados.

Alberto Carvalho, superintendente distrital de Miami-Dade, defende sua decisão sobre as máscaras. "Este não é um símbolo político, é uma medida de precaução, uma medida preventiva", disse ele na manhã desta segunda-feira, durante sua visita à escola Barbara Goleman.

Os alunos do colégio parecem resignados a cumprir a norma. Agora eles se preocupam acima de tudo em voltar para a sala de aula, mesmo que isso signifique se precaver.

Rosanilla, que está no último ano do ensino médio, não se importa em usar máscara. "Os casos aumentaram novamente, por isso é bom se proteger", diz ela.

Outro aluno, Ryan Alu, concorda com ela. "O ano passado foi muito difícil e espero que, quando eu voltar para cá, as coisas mudem", afirma. "Será desconfortável usar máscara, mas entendo a decisão."

Em sua disputa com as escolas, DeSantis afirma defender a liberdade dos pais de decidir o que é melhor para seus filhos.

Mayuli Flancebo, mãe de um estudante do centro Barbara Goleman, sabe o que quer para o adolescente.

"Você se sente mais seguro se todos usarem máscaras", diz a mulher de 38 anos. "Estamos nervosos, preocupados com a alta do coronavírus. Vamos torcer para que as quarentenas não recomecem".

Nos condados da Flórida, onde as aulas começaram mais cedo do que em Miami, milhares de alunos tiveram que permanecer em quarentena após serem infectados ou terem contato com pacientes com covid-19.

Os distritos escolares rebeldes foram apoiados nos últimos dias.

Um juiz da comarca de León, onde fica a capital do estado, Tallahasee, analisa desde segunda-feira a ação movida por um grupo de pais contra a ordem do governador.

Segundo eles, o texto viola um artigo da Constituição da Flórida que garante "um sistema uniforme, eficiente, seguro e de alta qualidade" para as escolas públicas.

Na semana passada, o presidente Joe Biden também entrou na briga.

"Faremos tudo o que pudermos para apoiar os distritos escolares locais na reabertura das escolas com segurança", tuitou.

O presidente também prometeu usar um fundo federal "para cobrir os salários dos bravos membros do conselho escolar da Flórida, superintendentes e outros educadores que mantêm" as crianças seguras.


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