Aulas retornam remotamente em Cuba, à espera da vacinação em massa
Em Cuba, as escolas não abrirão até que todas as crianças estejam vacinadas contra o coronavírus, em meio a uma campanha de imunização em massa, a primeira deste tipo no mundo
Sentada em frente à televisão, Lía, de 7 anos, começa nesta segunda-feira (6) um novo ano letivo, mas longe das salas de aula. Em Cuba, as escolas não abrirão até que todas as crianças estejam vacinadas contra o coronavírus, em meio a uma campanha de imunização em massa, a primeira deste tipo no mundo.
A maioria das escolas do país está fechada desde 20 de março de 2020 e reabriram apenas por algumas semanas no fim do ano passado, antes de fecharem novamente em janeiro.
Com seus livros e cadernos abertos sobre a mesa de jantar em casa, Lía não tem escolha: assim como os outros estudantes da ilha, precisa participar das "teleclasses" - o curso ministrado na televisão, porque a maioria das famílias cubanas não tem acesso à internet.
O governo anunciou que as escolas abrirão gradualmente, em outubro e novembro, só depois que todos os estudantes do país estiverem vacinados.
Depois de realizar ensaios clínicos em menores de idade, a campanha de imunização infantil, com as vacinas cubanas Abdala e Soberana, começou na sexta-feira com os maiores de 12 anos, e continua com crianças de 2 a 11 anos, que nesta segunda-feira começaram a se vacinar na província de Cienfuegos (centro).
No resto do mundo, muitos países estão vacinando a partir dos 12 anos e realizam vários ensaios clínicos em crianças mais novas.
Embora outras nações como China, Emirados Árabes Unidos e Venezuela também tenham anunciado sua intenção de vacinar sua população infantil, Cuba é a primeira a colocar em prática.
As vacinas cubanas, ainda não reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e sem verificação internacional, são baseadas em uma proteína recombinante, a mesma técnica usada pela americana Novavax e a francesa Sanofi, também à espera da aprovação, prevista para o fim do ano.
Condicionar a reabertura das escolas à vacinação infantil é uma estratégia que a Unicef criticou no final de julho, quando defendeu a retomada das aulas presenciais sem demora, em um momento em que 600 milhões de crianças em idade escolar sofrem as restrições anticovid no mundo.
"As escolas devem ser os últimos lugares a fechar e os primeiros a reabrir", considerou James Elder, porta-voz dessa agência da ONU encarregada da infância.
Cuba, no entanto, enfrenta há dois meses uma explosão de casos de covid-19, que colocou seus serviços de saúde em xeque. A ilha, de 11,2 milhões de habitantes, acumula 689.674 casos e 5.703 mortes. Em quase 18 meses de pandemia, mais de 115.000 crianças cubanas contraíram o coronavírus; nove morreram.