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Universidades adaptam vestibular para reduzir impactos causados pela pandemia

Entre as estratégias, estão aumentar a duração das provas, reduzir o tamanho dos testes, trocar o método de seleção e até mudar o formato das questões

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Estadão Conteúdo

Publicado em 18/11/2021 às 15:18
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No segundo ano da pandemia, universidades têm adaptado seus vestibulares para reduzir o peso dos prejuízos causados pela crise da covid-19 na preparação dos candidatos. Entre as estratégias, estão aumentar a duração das provas, reduzir o tamanho dos testes, trocar o método de seleção e até mudar o formato das questões.
A necessidade de frear a transmissão do novo coronavírus levou a um fechamento de escolas por mais de um ano em todo o País. Com ensino remoto precário ou inexistente, especialistas apontam que haverá lacunas de aprendizagem.
A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) já havia reduzido, no ano passado, o número de questões - de 90 para 72. Nesta edição, a duração da 1ª fase do vestibular foi ampliada - de quatro para cinco horas, para que os candidatos tivessem mais tempo para ler e interpretar as perguntas.
"Outra mudança é que a prova vai cobrar mais leitura e interpretação dos estudantes", afirma o professor José Alves de Freitas Neto, diretor da Comvest, responsável pelo processo seletivo, cuja 1ª etapa foi realizada no domingo, 7. A quantidade de livros obrigatórios caiu de doze para dez.
A Universidade Estadual Paulista (Unesp) também fez adaptações. Em nota, a Vunesp, responsável pelo processo seletivo, destaca que as questões foram elaboradas levando em conta "a situação diferenciada que os alunos estavam vivenciando em relação aos estudos em função das restrições impostas pela pandemia." Conforme a instituição, a estratégia tem se mostrado eficiente.
Daniel Perry, diretor do Anglo Vestibulares, afirma que os dois concursos refletem a preocupação com as perdas pedagógicas durante a pandemia. A prova, segundo ele, foi "simples" e sem surpresas. "Não houve assunto muito específico, nenhuma nota de rodapé ou questão muito complexa. Era uma prova perfeitamente exequível", diz.
Já o vestibular da Universidade de São Paulo (USP) optou por não mudar a cara da prova. Belmira Bueno, diretora executiva da Fuvest, diz que as questões continuam com uma exigência interdisciplinar. "Se fizermos perguntas mais fáceis, a nota de corte sobe. Se a prova for mais difícil, a nota de corte desce", afirma.
"A Fuvest deve manter suas características, sendo uma prova tradicional e conteudista. Porém, se a gente considerar a prova da edição anterior, será uma prova acessível, não será extremamente difícil. A Fuvest é um vestibular conservador e previsível. Se o aluno se prepara com base em edições anteriores não irá se surpreender", afirma Perry.
Sobre a Unicamp, Giba Alvarez, diretor do Cursinho da Poli, diz que mesmo com a redução de livros obrigatórios na Unicamp, a prova segue uma prova "elitizada, que cobra bastante repertório".
"As alternativas dependiam bastante da leitura dos textos fornecidos. Isso não tem a ver com nível de dificuldade da prova", conta Beatriz Bandeira, que fez a prova da Unicamp. "É mais sobre a necessidade de uma boa leitura para uma boa interpretação", acrescenta ela, de 20 anos.
Isadora de Sousa fez as provas da Unicamp e Unesp. "Ainda que existam questões que não possam ser resolvidas apenas a partir da compreensão do texto apresentado na prova. Comparado ao Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), elas são, com toda certeza, muito menores", afirma ela, de 17 anos.
Já nas Faculdades de Tecnologia (Fatecs), o processo seletivo para entrar foi completamente alterado. A seleção é por meio da avaliação das notas de Português e Matemática, referentes ao 1º ou 2º ano do Ensino Médio, concluídos até 2019 ou 2020. O valor da taxa de inscrição (R$ 39) também reduziu por causa da crise econômica.
O Estadão buscou o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para perguntar sobre possíveis adaptações do Enem por causa dos prejuízos de aprendizagem, mas não obteve resposta.
 
 

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